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sábado, 10 de janeiro de 2015

Maldito Futebol Clube - Crítica

Nota: 9

Título: Maldito Futebol Clube (The Damned United)
Gênero: Biografia, Drama
Nacionalidade: Reino Unido
Ano de produção: 2009
Estreia no Brasil: 29 de janeiro de 2010
Duração: 98 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Direção: Tom Hooper
Roteiro: Peter Morgan (Obra original de David Peace)
Elenco: Michael Sheen, Timothy Spall, Colm Meaney, Jim Broadbent, Stephen Graham, Martin Compston, Joseph Dempsie, John Savage


     Após a vergonhosa derrota por 7x1 que a Seleção Brasileira sofreu para a Alemanha na semifinal da Copa do Mundo do ano passado, todos olharam com fúria para o técnico Felipão. Ah, técnico de futebol, que profissão ingrata. Embora o treinador do Brasil realmente tivesse grande culpa na tragédia que ocorreu no Mineirão, a situação serve muito bem para mostrar como a responsabilidade pelos fracassos sempre fica para o "professor". Infelizmente, em momentos de vitórias, o técnico, muitas vezes, é um dos últimos a receber elogios. É preciso gostar do que se faz, é preciso ter muita força de vontade e qualidade para seguir carreira nessa profissão, é preciso ficar marcado. Alguns treinadores são lembrados pelos grandes títulos, outros pela técnica de seus times, outros pela sua personalidade marcante. Brian Clough é lembrado por todas essas características.

     Provavelmente, o melhor técnico inglês da história e, para muitos, o melhor da profissão em todos os tempos, Clough começou no Heartpool United em 1965, um ano após se aposentar da carreira de jogador. Em 1967, foi para o Derby County, um time pequeno da segunda divisão, e fez história ao levar a equipe ao título do campeonato e, posteriormente, ganhar o troféu da primeira divisão. O treinador estava no topo, assim sendo contratado pelo Leeds United, o maior da Inglaterra na época. Apesar do elenco vitorioso, Brian Clough ficou ali apenas 44 dias e passou pela pior fase de sua carreira. Essa época sombria e marcante do técnico foi escolhida para ser representada em Maldito Futebol Clube.

     O roteiro é inspirado no livro homônimo de David Peace e tem algumas licenças poéticas, o que trouxe críticas para a produção, mas isso não retira o espírito da história que ela desejava retratar. O filme busca mostrar o quanto Brian Clough, interpretado por Michael Sheen, era teimoso e obstinado, desmistificando a imagem do tão idolatrado técnico. Sua personalidade marcante podia ser uma arma poderosa, mas também tinha força para acabar com sua imagem. Outro ponto fundamental que a produção trata é a rivalidade com Don Revie, ex-técnico do Leeds, uma das grandes razões para o fracasso de Clough no comando do time. Além disso, há também a questão da amizade com o auxiliar-técnico Peter Taylor, interpretado pelo ótimo Timothy Spall.

   A grande diferença de Maldito Futebol Clube esta na forma como os acontecimentos são mostrados. Enquanto os dramas esportivos sempre relatam uma história de superação, o longa faz o contrário, nos levando através de flashbacks para as maiores glórias de Brian Clough até então, assim chegando na difícil situação do técnico no Leeds.

     A direção de Tom Hooper, futuramente premiado por O Discurso do Rei, é destaque, utilizando sempre ótimos ângulos de filmagem. O modo como o cineasta representa a tensão dos jogos é fantástica, como quando se acompanha os momentos de uma partida apenas pela sensação dentro do vestiário. Outro exemplo impactante esta ao mostrar o time extremamente animado ao entrar em uma jogo decisivo e apenas o resultado negativo aparecer na tela. Além disso, imagens reais de Brian Clough se misturam com a produção, o que funciona muito bem.

     Michael Sheen foi muito elogiado por sua atuação, tendo conseguido se adaptar bem aos trejeitos do personagem e conseguindo convencer na questão da personalidade. Os coadjuvantes vão sempre muito bem, menos Colm Meaney, que não parece muito a vontade no papel de Don Revie.

     Em meio a tantos bons filmes sobre esportes, Maldito Futebol Clube é um dos poucos que se destaca quando se trata de produções sobre a modalidade mais praticada do mundo. Uma obra digna para uma figura tão importante, indispensável para qualquer grande fã de futebol, mas com qualidade para agradar até quem não gosta tanto assim do esporte.

Por: Vitor Pontes

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