Páginas

sábado, 3 de janeiro de 2015

A Entrevista - Crítica

Nota: 3

Título: A Entrevista (The Interview)
Gênero: Comédia
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2014
Estreia no Brasil: Sem previsão de lançamento
Duração: 112 minutos
Classificação indicativa: 16 anos
Direção: Seth Rogen, Evan Goldberg
Roteiro: Seth Rogen, Evan Goldberg
Elenco: Seth Rogen, James Franco, Randall Park, Lizzy Caplan, Diana Bang, Reese Alexander, Timothy Simons, Anders Holm


     Quem não ouviu falar de A Entrevista? Provavelmente, nem a pessoa mais alucinada do mundo poderia imaginar que um dia Seth Rogen e James Franco seriam responsáveis por causar uma tensão política entre dois países, levando até a ameaças de bombardeios. Resumidamente, no último mês, a Sony Pictures foi alvo de um ataque de hackers, que levou a exposição de e-mails privados da produtora e até a disponibilização de filmes ainda não lançados na internet (como o drama Corações de Ferro, de Brad Pitt). Entre os dados, estava a, até então, pouco falada comédia dos responsáveis por Vizinhos, É o Fim, Superbad - É Hoje, entre outros. Assim começou a polêmica.


      A trama sobre dois jornalistas em uma missão secreta para matar o ditador norte-coreano Kim Jong-un levou o país asiático a fazer graves ameaças contra os EUA, compararando seus planos ao 11 de Setembro. Obama chegou a ser chamado de "macaco em uma floresta tropical", sendo acusado de autorizar a produção do filme. Com o governo dos EUA ainda calado e o medo de verdadeiros ataques da Coréia do Norte, a Sony resolveu cancelar o lançamento de A Entrevista na Ásia e, depois, no mundo inteiro.

     Após tanto problemas, o presidente resolveu ir a público e dizer que a produtora errou, pois os EUA nunca devem se render a censura. Além disso, foi descoberto que os hackers responsáveis pelos ataques são da própria Coréia do Norte. O discurso fez o estúdio mudar sua decisão, lançando o filme através de exibições pagas pela web em 24 de dezembro e, no dia seguinte, em cinemas independentes dos EUA, mas ainda não tendo uma data para disponibilização no resto do mundo (porém, é claro que a pirataria já resolveu isso). Toda a polêmica, que ainda continua, levou a um hype absurdo em cima da produção, com salas sendo lotadas facilmente, mas, afinal, ela em si, é boa? É... as expectativas altas tornaram ainda piores as cenas de um filme que, caso não tivesse sido responsável por todos esses problemas, seria facilmente colocado em listas de piores do ano.

     Dave Skylark (James Franco) é o apresentador de um programa de entrevistas que tem como tema celebridades e seus "podres" pessoais. Por trás das câmeras, esta o produtor Aaron Rapoport (Seth Rogen), responsável por toda a organização do show há quase dez anos. Embora seja sucesso de público, o Skylark Tonight não possui respeito do resto da mídia devido a seu conteúdo considerado fútil. Porém, tudo muda quando Kim Jong-un (Randall Park), ditador da socialista Coréia do Norte, declara que o programa é uma de suas favoritas opções de entretenimento. Com isso, Aaron decide tentar conseguir uma entrevista com o governante asiático, o que leva a CIA a aproveitar a oportunidade única e fazer um plano para os dois jornalistas assassinarem Kim Jong-un, acabando com um dos maiores inimigos dos EUA.

     A trupe de Seth Rogen já é conhecida por suas histórias loucas e seu estilo de humor recheado de piadas com celebridades, drogas e sexo, além dos bromances que o grupo tanto popularizou. Tendo isso em mente, já era fácil prever uma representação exagerada de todas as críticas que são feitas a Coréia do Norte. O país é retratado como um lugar onde a população passa fome, é mantida em campos de concentração e tem como governante uma espécie de Deus que "não tem ânus porque não precisa". Mesmo assim, o que se esperava era uma boa sátira política, em razão de Rogen, apesar de ter qualidade limitada, conseguir criar diálogos interessantes na maioria de seus filmes. Bom, esqueça isso, pois não há piadas políticas nem um pouco inteligentes, a exemplo de um "hino anti-americano" que uma garotinha canta no início do filme que chega a dar vergonha. O humor se resume a genitálias, referências mal feitas a celebridades (com direito a participações especiais) e a Senhor dos Anéis, além de situações nonsense que não conseguem se encaixar bem ao enredo.

     Ao menos, a preocupação da Coréia do Norte com a representação de seu líder supremo é justificável, considerando a imagem que a população do país tem de Kim Jong-un. Na história, o ditador é um garoto mimado com sérios problemas devido a falta de aprovação do pai, além de ter medo de demonstrar sua personalidade por achar que irão chamá-lo de gay. O governante gosta de margaritas, é apaixonado pela música Firework, da Katy Perry, fuma maconha, entre outros.

     Talvez o único ponto que ajude a diminuir, mesmo que bem pouco, a péssima qualidade de A Entrevista é a química entre Seth Rogen e James Franco. Amigos na vida real e já tendo feito vários filmes juntos, a relação sincera entre seus personagens garante que a produção não afunde ainda mais.

     Resumidamente, o que se pode concluir assistindo A Entrevista é que os norte-coreanos erraram ao atacar a Sony. Já que o objetivo deles era evitar a divulgação do filme, eles deveriam ter deixado este ser lançado normalmente, pois sua péssima qualidade o faria ser esquecido com facilidade. As polêmicas continuam, mas não mudam o fato da produção ser uma das piores já feitas por Seth Rogen e um desperdício do potencial para uma sátira inteligente.

Por: Vitor Pontes

Nenhum comentário:

Postar um comentário