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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Corações de Ferro - Crítica

Nota: 7

Título: Corações de Ferro (Fury)
Gênero: Guerra, Drama, Ação
Nacionalidade: EUA, Reino Unido
Ano de produção: 2014
Estreia no Brasil: 05 de fevereiro de 2015
Duração: 135 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Direção: David Ayer
Roteiro: David Ayer
Elenco: Brad Pitt, Logan Lerman, Shia LaBeouf, Michael Peña, Jon Bernthal, Jim Parrack, Jason Isaacs, Brad William Henke, Scott Eastwood, Xavier Samuel


     A Segunda Guerra Mundial já rendeu e, certamente, continuará rendendo inúmeras adaptações para os cinemas. Entre obras marcantes e fracassos, um dos períodos mais violentos da história da humanidade consegue ser base para histórias com emoção, suspense, ação e aventura, podendo gerar uma obra extremamente completa. David Ayer, conhecido pelos roteiros de filmes como Velozes e Furiosos e Dia de Treinamento, decide fugir um pouco de suas típicas produções sobre policiais e criminosos para investir na primeira obra de época, apenas o quarto longa de sua curta carreira como diretor. Assim, temos Corações de Ferro, um violento retrato da Segunda Guerra Mundial.

     A história se passa no ano de 1945, já no final do conflito, e mostra um grupo de americanos em plena Alemanha na missão de matar o maior número possível de soldados nazistas. A equipe é liderada pelo capitão Wardaddy (Brad Pitt) e ainda conta com o novato Norman (Logan Lerman), o religioso Bible (Shia LaBeouf), o inteligente Gordo (Michael Penã) e o explosivo Grady (Jon Bernthal). Mesmo estando em menor número, eles contam com muita força e coragem para enfrentar qualquer inimigo que apareça.

     Logo de início, já somos introduzidos a cenários destruídos e sujos, que representam muito bem o clima da guerra. A violência do filme demonstra um grande realismo e o longa tem destaque ao apresentar fatos que raramente são explorados pelo cinema relacionado a época, mostrando, por exemplo, os suicídios cometidos pelos desesperados e o enforcamento de alemães que se recusavam a lutar pelos nazistas. Além disso, todo o resto da equipe técnica merece elogios, principalmente na parte sonora, com uma trilha que consegue expressar bem a emoção de cada cena.

     O ponto alto de Corações de Ferro esta em seu elenco formado por excelentes atores. É notável a dedicação de cada um para seu papel, o que faz com que os constantes diálogos entre eles se tornem muito interessantes. Os destaques maiores ficam para Brad Pitt, que acaba por fazer o que parece uma versão mais sombria de seu protagonista em Bastardos Inglórios, e Logan Lerman, o jovem inexperiente com o qual o espectador pode se identificar mais facilmente, já que o garoto ainda sofre com dilemas morais por não conhecer os horrores da guerra. Jon Bernthal também merece elogios, interpretando um personagem insano e detestável, que, aos poucos, demonstra um pouco mais de profundidade.

     A experiência, até então muito boa, acaba tendo uma grande queda na qualidade em sua parte final, quando o roteiro decide transformar os protagonistas em grandes hérois, a pior escolha possível para a história. O grupo isolado enfrentando um número imenso de soldados nazistas acabou ficando extremamente forçado para uma obra que se destacava pelo realismo e pela escolha em dar maior ênfase a preparação para as batalhas do que aos combates em si.

     Os personagens nunca são apresentados como grandes defensores da honra e de sua pátria, o que acaba deixando difícil compreender a decisão do grupo em ir contra centenas de inimigos. Além disso, o clímax é longo e cansativo, tendo quase meia hora de duração.

    Corações de Ferro não é a produção marcante que prometia ser, mas consegue oferecer bons momentos através de personagens carismáticos e uma boa ambientação. É triste que o filme acabe caminhando para um lado heróico e exagerado a partir de certo momento. Caso continuasse seguindo a proposta inicial, teria chances de ser uma obra mais memorável.

Por: Vitor Pontes

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Leviatã - Crítica

Nota: 8

Título: Leviatã (Leviathan)
Gênero: Drama
Nacionalidade: Rússia
Ano de produção: 2014
Estreia no Brasil: 15 de janeiro de 2015
Duração: 141 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Direção: Andrey Zviaguintsev
Roteiro: Andrey Zviaguintsev, Oleg Negin
Elenco: Alexeï Serebriakov, Elena Lyadova, Vladimir Vdovitchenkov, Roman Madianov, Anna Ukolova, Sergey Pokhoadaev, Kristina Pakarina


     Antes de falar sobre o filme em si, é necessário conhecer os aspectos históricos, filosóficos e religiosos que envolvem Leviatã, produção russa vencedora do Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro e grande favorita ao Oscar nessa categoria. O título se refere ao monstro marinho mitológico, muito temido pelos navegantes durante a Idade Média. A criatura foi citada pela primeira vez no Antigo Testamento da Bíblia, no livro de Jó, capítulo 41. Durante muito tempo, foi considerado pela Igreja Católica como um demônio que seria a representação física da inveja, um dos sete pecados capitais.

     Leviatã é, também, o título de um livro do filósofo Thomas Hobbes, publicado em 1651, com o nome fazendo referência ao monstro bíblico. A obra é um estudo da sociedade e de suas formas de governo, sendo um dos mais antigos textos a explicar o conceito de contrato social. Essa teoria defende, resumidamente falando, a necessidade das pessoas abrirem mão de certos direitos para buscar a ordem social, assim, entregando o poder para uma autoridade ou regime político. O Leviatã que dá nome ao livro seria o soberano responsável por manter a paz e a ordem.

     A partir desses conhecimentos, já podemos começar a entender melhor o roteiro do filme. Na história, ambientada em uma península às margens do Mar de Barents, no noroeste da Rússia, o pai de família Kolia (Alexeï Serebriakov) luta na justiça contra o corrupto prefeito da cidade, Vadim (Roman Madianov), que deseja tomar suas terras, mentindo sobre os benefícios que o local teria para cidade com a intenção de obter vantagem no processo. Kolia conta com a ajuda do velho amigo e advogado Dmitri (Vladimir Vdovitchenkov), mas terá que lidar com outros problemas que envolvem sua família, principalmente a esposa Lilya (Elena Lyadova).

      O filme sofreu várias críticas na Rússia devido as fortes críticas ao governo presentes na obra, como já se pode perceber apenas pela sinopse. Porém, é interessante ver como a situação apresentada no longa poderia se encaixar em diversos países por todo mundo, inclusive no Brasil, onde presenciamos os nossos políticos tendo grandes vantagens enquanto a população paga o preço por tudo que os governantes utilizam. Além disso, as críticas de Leviatã não são infundadas, pois todos sabem da enorme corrupção existente no país europeu.

     Nesse ponto, o que acaba por marcar muito é a cena em que Kolia, junto com amigos, decide praticar tiro ao alvo utilizando quadros de ex-governantes como alvos. Ainda há um momento no escritório do prefeito corrupto em que ele fala seus planos enquanto possui na parede uma moldura com o rosto de Vladimir Putin, atual presidente da Rússia.

      O filme funciona como uma espécie de recriação da parábola de Jó, fato que fica explícito durante um diálogo presente na parte final da produção. Assim, já é possível saber o grande sofrimento pelo qual o protagonista passará. Por essa razão, o clima é sempre triste, mas realista. Isso leva a uma grande análise sobre política, relações familiares e religião, alguns dos assuntos abordados na obra. Porém, cada tema é desenvolvido em uma espécie de bloco separado do longa, o que permite um maior aprofundamento, mas quebra um pouco do ritmo da história.

     A parte visual é um dos grandes méritos do filme e merece todos os elogios que esta recebendo. A relação entre homem e natureza é explícita, o que acaba trazendo belas cenas do ambiente. Os locais escuros e os destroços da região revelam mais sobre os problemas que surgem devido a presença dos seres humanos.

     A produção é cheia de simbolismos e acaba sendo representada pelo maior deles (literalmente): os ossos de baleia, que estão, inclusive, no cartaz do filme. Nada representa tão bem o poder de destruição que o homem possui, tanto sobre a natureza, quanto sobre seus semelhantes. Assim, embora demore um pouco para encaixar de vez o roteiro de longos 141 minutos, Leviatã apresenta uma forte crítica política e uma ótima mensagem sobre a decadência do ser humano. Certamente, é o grande favorito para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro desse ano.

Por: Vitor Pontes

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Grandes Olhos - Crítica

Nota: 6

Título: Grandes Olhos (Big Eyes)
Gênero: Drama, Biografia
Nacionalidade: EUA, Canadá
Ano de produção: 2014
Estreia no Brasil: 29 de janeiro de 2015
Duração: 106 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Direção: Tim Burton
Roteiro: Scott Alexander, Larry Karaszewski
Elenco: Amy Adams, Christoph Waltz, Krysten Ritter, Danny Huston, Jason Schwartzman, Terence Stamp, Madeleine Arthur, Delaney Raye, James Saito, Elisabetta Fantone


     Tim Burton sabe criar histórias fantásticas como poucos em toda a história da sétima arte. O autor de obras como Edward Mãos de Tesoura, Alice no País das Maravilhas, Batman e Os Fantasmas se Divertem consegue apresentar roteiros elaborados e interessantes, porém o visual de suas produções é sempre a primeira coisa que vem a mente quando se fala sobre sua carreira. Embora seja um grande mestre do cinema, seus últimos filmes não convenceram muito o público e a crítica. Assim, o diretor, produtor e, às vezes, roteirista, resolve investir em um longa bem diferente do estilo que esta acostumado, trazendo Grandes Olhos, adaptação de uma forte história real que foi marcante para o feminismo.

    Ambientado na década de 50, o roteiro tem como protagonista a pintora Margaret Keane (Amy Adams), que antes de se casar tinha o sobrenome Ulbrich. Após um relacionamento desastroso, ela foge com a filha para morar sozinha. Depois de um tempo, Margaret conhece o também pintor Walter Keane (Christoph Waltz), se casando com ele rapidamente para, assim, manter a guarda de sua filha. A pintora tem o costume de fazer obras retratando crianças com olhos grandes e tristes. Não acreditando que os quadros fariam sucesso por terem autoria de uma mulher, Walter decide apresentar as pinturas como suas, com a aprovação da esposa. Após anos vivendo com esse acordo, Margaret decide processar o marido para recuperar os direitos de suas obras.

     Uma história tão boa e importante como essa gera muita curiosidade em relação a personalidade dos protagonistas, trazendo vontade de descobrir o porquê da pintora ter aceitado essa situação durante tanto tempo. Porém, o desenvolvimento dos personagens é muito fraco e decepcionante. Parece que Margaret é definida apenas pela sua fragilidade e falta de confiança inexplicáveis, não tendo nenhuma outra grande característica de sua personalidade apresentada e sem nenhuma mínima explicação sobre seu passado. Com isso, a personagem só consegue ganhar um pouco de carisma através da relação que possui com a filha, que até tem seus momentos interessantes.

     O relacionamento de Margaret e Walter parece surgir do nada. Os dois se conhecem, ambos são pintores, começam a gostar um do outro e logo se casam. Depois de pouco tempo, toda a situação envolvendo o marido levar crédito pelas pinturas da esposa já esta acontecendo e, mesmo assim, ainda não conseguimos entender porque esse casamento realmente aconteceu. Um investimento maior no período em que eles se conheceram faria toda a diferença para o resultado final.

      O que realmente prende o espectador a história é a curiosidade em saber como ocorreu a mudança de pensamento que levou Margaret a buscar seus direitos. Isso também não é bem desenvolvido, sendo uma situação definida em poucos minutos, mas a cena do tribunal não deixa de empolgar e ser o melhor momento do filme. Além disso, a questão sobre a relevância dos quadros é outro ponto bom, apesar de pouco aproveitado.

     É interessante ver Tim Burton se afastando do estilo fantástico que esta acostumado a produzir. A reconstituição da época e a fotografia são belas, mas o longa não demonstra a ousadia e a criatividade esperada do diretor. O único momento que apresenta qualidade acima da média nessa questão é quando Margaret começa a ver pessoas com olhos grandes em um supermercado, devido a pressão que esta sofrendo do marido. Pouco para alguém da qualidade de Burton.

    A escolha do elenco demonstra ser um dos maiores acertos do longa. Amy Adams interpreta com facilidade uma personagem frágil, sabendo convencer em relação a delicadeza apresentada pela protagonista. Enquanto isso, Christoph Waltz faz o seu típico vilão sarcástico, embora acabe exagerando no humor em alguns momentos. O carisma dos ótimos atores auxilia muito a produção.

     No fim das contas, Grandes Olhos consegue ser um dos trabalhos mais diferentes da carreira de Tim Burton, mas falta inovação. Com um pouco de coragem do diretor, um roteiro e personagens mais desenvolvidos, poderia ser um filme marcante. Apesar de conseguir divertir em alguns momentos, é um desperdício do grande potencial de uma história tão interessante.

Por: Vitor Pontes

domingo, 25 de janeiro de 2015

Uma Aventura Lego - Crítica

Nota: 8

Título: Uma Aventura Lego (The Lego Movie)
Gênero: Animação, Aventura
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2014
Estreia no Brasil: 07 de fevereiro de 2014
Duração: 100 minutos
Classificação indicativa: Livre
Direção: Phil Lord, Christopher Miller
Roteiro: Phil Lord, Christopher Miller
Elenco: Chris Pratt, Will Ferrell, Elizabeth Banks, Morgan Freeman, Will Arnett, Liam Neeson, Charlie Day, Alison Brie, Nick Offerman, Channing Tatum, Jonah Hill, Cobie Smulders, Dave Franco, Shaquille O'Neal


      Obviamente, a ideia de levar os brinquedos Lego para o cinema surgiu com o objetivo de alavancar as vendas do produto. As famosas peças de montar fizeram parte da infância de muitos adultos e ainda são um sucesso, estando presentes no armário de muitas crianças. Mesmo com as inúmeras possibilidades que algumas peças conseguem oferecer, fazer um filme sobre o brinquedo era uma difícil missão para Phil Lord e Christopher Miller, responsáveis pela animação Tá Chovendo Hambúrguer e pelas ótimas comédias adultas da franquia Anjos da Lei. Porém, mais uma vez, os diretores e roteiristas mostraram porque são nomes do momento em Hollywood, apresentando Uma Aventura Lego, um filme muito divertido tanto para crianças, quanto para adultos.

     Na história, completamente surtada, Emmet (Chris Pratt, na dublagem original) é um Lego comum, aparentemente sem nada de especial. Um dia, ele acaba encontrando a Peça da Resistência, desaparecida há muitos anos, sendo que, de acordo com a lenda, ela só poderia ser encontrada pelo grande criador do mundo. Assim, Emmet precisa se juntar a um grupo de brinquedos para impedir o presidente Sr. Negócios (Will Ferrell) de executar seu maligno plano, que consiste em colar todas as peças do universo.

    Logo de início, o roteiro surpreende ao apresentar uma forte crítica ao capitalismo, algo extremamente inesperado para uma animação. Emmet vive de acordo com um manual sobre "como ser feliz", assiste o único programa da televisão e só escuta a grudenta e popular música Tudo é Incrível (Everything is Awesome, no original). É claro que esse tom não permanece no filme inteiro, mas não deixa de ser marcante na produção.

      Uma das coisas que mais geravam curiosidade antes do lançamento do longa era como seria o visual. O cenário criado por Phil Lord e Christopher Miller segue o estilo nonsense característico da dupla, aproveitando ao máximo todas as possibilidades que os brinquedos oferecem. As cenas de ação e aventura são únicas, A forma como névoa, fogo, água e outros elementos são feitos é inovadora, misturando um movimento mecânico com a alta tecnologia utilizada nas animações dos personagens.

       O humor se aproveita do visual dos brinquedos para fazer muitas piadas com o próprio filme. As mãos em forma de gancho e o cabelo composto por uma única peça são exemplos de como a produção não esconde seu tom de autoparódia. Além disso, sobram referências a cultura pop graças aos personagens que a Lego tem licenciados. Assim, um Batman hilário entra em cena junto com outros hérois como Lanterna Verde, Mulher-Maravilha e Super-Homem. Ainda aparecem figuras muito variadas, passando por Gandalf, de Senhor dos Anéis, As Tartarugas Ninja, personagens de Star Wars, chegando até a Abraham Lincoln e Shaquille O'Neal. Há também uma ótima referência a De Volta Para o Futuro III.

      A dublagem brasileira é boa e agrada, apesar de não ser acima da média e ter problemas para traduzir certas piadas. Vale a pena conferir o filme com as vozes do elenco original, que possui nomes incríveis como Chris Pratt, Elizabeth Banks, Will Ferrell, Liam Nesson, Will Arnett, Morgan Freeman, Cobie Smulders, entre outros. Por exemplo, é interessante ver a intereção que o filme apresenta entre o Super-Homem e o Lanterna Verde, dublados por Channing Tatum e Jonah Hill, respectivamente, uma clara piada com o trabalho da dupla em Anjos da Lei.

     O roteiro ainda apresenta uma grande reviravolta no final, boa e emocionante, mas o filme acaba exagerando um pouco na mensagem "acredite em voce mesmo". Com isso, é encerrada um dos longas mais divertidos de 2014. Como Uma Aventura Lego ficou de fora da lista de melhores animações do Oscar? Difícil de explicar, afinal, poucos filmes apresentaram tanta diversão como esse no último ano.

Por: Vitor Pontes

sábado, 24 de janeiro de 2015

Um Drink no Inferno - Crítica

Nota: 7

Título: Um Drink no Inferno (From Dusk Till Dawn)
Gênero: Terror, Ação, Comédia
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 1995
Estreia no Brasil: 26 de abril de 1996
Duração: 108 minutos
Classificação indicativa: 18 anos
Direção: Robert Rodriguez
Roteiro: Quentin Tarantino
Elenco: George Clooney, Quentin Tarantino, Harvey Keitel, Juliette Lewis, Ernest Liu, Tom Savini, Salma Hayek, Cheech Marin, Danny Trejo, Fred Williamson, Michael Parks, John Saxon


     Robert Rodriguez e Quentin Tarantino são nomes sempre lembrados quando se fala de filmes violentos que fazem muito sucesso. Enquanto o primeiro é um mestre em produzir obras de qualidade a baixo custo, o segundo revolucionou o cinema nos anos 90 através de filmes como Cães de Aluguel e Pulp Fiction, apresentando um estilo único e marcante que esta presente em suas produções até hoje. Imagine juntar duas mentes "perturbadas" como essas para fazer um filme? Com Rodriguez na direção e Tarantino responsável pelo roteiro, além de ser um dos personagens principais, temos Um Drink no Inferno, que pode ser considerado um "clássico trash".

     Quando se fala dessa produção, é possível dizer que ela esta divida em dois filmes com um pouco mais de 50 minutos cada. No primeiro, somos apresentados aos protagonistas, os irmãos criminosos Seth (George Clooney) e Richie Gecko (Quentin Tarantino). Após assaltarem um banco, os dois precisam achar uma forma de passar pela fronteira e chegar ao México, onde poderão aproveitar o dinheiro que conseguiram sem se preocupar com as autoridades. Para isso, acabam sequestrando uma família, formada pelo pastor Jacob (Harvey Keitel) e seus dois filhos, Kate (Juliette Lewis) e Scott Fuller (Ernest Liu).

     Logo na cena inicial, já é possível perceber que é um filme escrito por Tarantino. Os dois irmãos assaltam uma loja, mas precisam se esconder quando um policial chega ao lugar. Os diálogos incríveis e o marcante final da sequência conquistam o espectador e criam expectativas imensas para o resto do filme. Nessa primeira parte, os personagens vão sendo desenvolvidos de forma excelente, mostrando bem como é a relação dos criminosos e entre os membros da família sequestrada. Assim, o longa vai seguindo cheio de roubos, estupros e tiroteios, se tornando um clássico filme de ladrões. Tudo muito normal, até chegar a segunda parte da história, que pode agradar alguns e ser uma decepção para outros (algumas sinopses informam os acontecimentos a seguir, outras não. Caso queira ser totalmente surpreendido, pare e termine de ler essa crítica após ver o filme).

     Depois de cruzarem a fronteira, Seth e Richie vão com os reféns até um bar chamado Titty Twister (sim, o nome é esse mesmo), onde irão encontrar um criminoso para negociações. Ao chegar no local, presenciam um show da stripper Santanico Pandemonium (Salma Hayek). No fim da dança, a grande reviravolta acontece. O bar é, na verdade, dominado por vampiros monstruosos, o que acaba gerando um banho de sangue e faz com que os personagens precisem lutar juntos com bizarros coadjuvantes para derrotar as criaturas.

     A grande surpresa esta na forma como essa mudança de tom acontece. Não há preparação alguma, os monstros simplesmente aparecem e agora a história é outra. Essa parte divide opiniões, já que o roteiro perde um pouco da força, mas varia de espectador para espectador aceitar a situação e se divertir com ela. Desmembramentos, decapitações e todas as formas possíveis de assassinato acontecem. Assim, a produção se aproxima de um filme B, devido ao orçamento barato e efeitos fracos.

      Apesar de simples, a direção de Robert Rodriguez é ótima, apostando em ângulos eficientes e uma direção de arte que não esconde as limitações da obra, que assume o seu posto como trash.

    O elenco é bem escolhido, com cada um representando de forma muito boa seus personagens. George Clooney foi lançado aos sucessos no cinema pela produção, e o ator realmente é o destaque. Quentin Tarantino, que já havia atuado, embora muito menos, em Cães de Aluguel, tem um personagem que combina muito bem com toda a imagem de insanidade que temos do cineasta. Harvey Keitel surpreende ao investir em um filme com um estilo tão diferente da maioria dos longas que trabalha.

     Não é para se pensar sobre e não adiciona nada considerado intelectual para o cinema, mas, mesmo assim, Um Drink no Inferno consegue divertir. Embora os "dois filmes" dentro dele possam não agradar a todos na mesma proporção, ambos possuem qualidade dentro do que buscam oferecer. "Não leve a sério", é a melhor coisa que se pode falar para qualquer um que vá assistir essa produção.

Por: Vitor Pontes

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Livre - Crítica

Nota: 8

Título: Livre (Wild)
Gênero: Biografia, Drama
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2014
Estreia no Brasil: 15 de janeiro de 2015
Duração: 115 minutos
Classificação indicativa: 16 anos
Direção: Jean-Marc Vallée
Roteiro: Nick Hornby (Obra original de Cheryl Strayed)
Elenco: Reese Witherspoon, Gaby Hoffmann, Laura Dern, Thomas Sadoski, Michiel Huisman, W. Earl Brown, Kevin Rankin, Brian Van Holt


      David Fincher insistiu, insistiu e insistiu. No fim, conseguiu convencer Reese Whiterspoon a desistir de atuar em Garota Exemplar para ficar apenas na produção, assim, caso o longa ganhasse o Oscar de Melhor Filme, a atriz ficaria com o maior prêmio. Infelizmente, o que foi um dos melhores longas do ano passado acabou injustiçado nas indicações da premiação, exceto na categoria de Melhor Atriz, para Rosamund Pike, logo o papel que seria de Whiterspoon. Porém, quem disse que a vencedora do prêmio por Johnny & June aceitaria ficar de fora? A atriz tem seu espaço merecido na categoria graças a Livre, um excelente drama de superação baseado em uma história real.


     Cheryl Strayed (Reese Whiterspoon) é uma mulher americana com um passado conturbado e destrutivo. Após sofrer com um divórcio e problemas em relação a mãe, ela passou a ter uma vida regada a drogas e sexo promíscuo. Depois de tanto tempo, Cheryl decide encarar a realidade e buscar redenção através do contato com a natureza. Para isso, ela decide fazer a difícil e longa Pacific Crest Tail, uma trilha de 1100 milhas (cerca de 4.200 km) na costa do oceano Pacífico, indo da fronteira do México até o Canadá. Mesmo sem nenhuma experiência, sua força e coragem a impedem de desistir da jornada.

     O roteiro tem como base o livro Livre - Uma Jornada de Uma Mulher Em Busca do Recomeço, sucesso absoluto nos EUA, tendo ficado sete semanas seguidas no topo da lista dos mais vendidos do New York Times na categoria não-ficção.

     Destaquei tanto Reese Whiterspoon no início desse texto pelo motivo de que este é um filme, basicamente, de uma personagem só. Entre os coadjuvantes, a única que demonstra grande importância é a mãe da protagonista, interpretada por Laura Dern. Assim, acompanhamos exclusivamente o desenvolvimento de Cheryl Strayed, entendendo, aos poucos, suas motivações para a decisão de fazer a difícil trilha.

      O mais interessante esta na forma como a personalidade dela é apresentada. O longa começa em um determinado trecho da jornada, mostrando um momento de fúria da personagem em relação as dificuldades que vem enfrentando. Assim, a vida de Cheryl passa a ser conhecida através de flashbacks. Um recurso simples, mas que funciona muito bem devido a falta de ordem cronológica entre eles, o que permite apresentar certos momentos do passado de forma que se tornem mais impactantes devido aos acontecimentos no presente.

      A personagem enfrenta todo tipo de dificuldade durante sua jornada. Animais selvagens, a fome, a falta d'água, o frio, o calor extremo e até o risco de ser estuprada. Aliás, essa questão do sexo chegou a ser criticada por algumas pessoas devido ao fato de que o filme apresentaria as relações casuais como erradas. Porém, não se pode esquecer que Cheryl Strayed é uma pessoa real, com essa forma de pensamento podendo representar no que ela acredita atualmente, não sendo exatamente o jeito de pensar dos realizadores do filme.

     A direção do canadense Jean-Marc Vallée, que explodiu em 2013 com o premiado sucesso Clube de Compras Dallas, é ótima, explorando muito bem a beleza da natureza. A forma com que a produção é filmada destaca a grandiosidade do ambiente em relação a protagonista, o que torna ainda maior a sensação de isolamento de Cheryl Strayed do resto do mundo. A escolha da trilha sonora também é fundamental para a trama, estando sempre muito presente de forma calma e auxiliando no desenvolvimento da personagem.

     Reese Whiterspoon tem atuação digna de Oscar, se entregando completamente ao papel, sabendo representar muito bem todos os momentos da vida da protagonista. A atriz motra ousadia ao aceitar representar, inclusive, cenas em que precisa ficar nua. Ela é a alma da produção. Destaque também para Laura Dern, no papel da mãe de Cheryl Strayed, fundamental para toda a história.

     Belo e emocionante, Livre é um ótimo filme. Um relato simples, mas muito interessante sobre uma jornada necessária na vida de alguém que não conseguia mais encontrar motivações para continuar. Muito bem feito, fica marcado como um dos principais papeis da carreira de Reese Whiterspoon, que segue mostrando o quanto é boa nas escolhas que faz. Para o bem do cinema, espero que continue assim.

Por: Vitor Pontes

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Fargo - Crítica

Nota: 8

Título: Fargo (Fargo)
Gênero: Policial, Suspense, Comédia
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 1996
Estreia no Brasil: 26 de julho de 1996
Duração: 98 minutos
Classificação indicativa: 18 anos
Direção: Joel Coen
Roteiro: Joel Coen, Ethan Coen
Elenco: William H. Macy, Frances McDormand, Steve Buscemi, Peter Stormare, Harve Presnell, Larry Brandenburg, Melissa Peterman, Steve Park


     Atualmente, os irmãos Joel e Ethan Coen são considerados gênios do cinema, estando entre os melhores diretores e roteiristas da geração e, provavelmente, de todos os tempos. O humor sarcástico e as tramas complexas são marcantes no estilo dos realizadores de filmes como O Grande Lebowski, E Aí, Meu Irmão, Cadê Você? e, a grande obra-prima dos dois, Onde os Fracos Não Tem Vez. Apesar de demonstrarem talento desde a primeira produção, os Coen ainda não tinham tanto reconhecimento. Até 1996. Com Fargo, a carreira disparou. Vencedor de 2 prêmios no Oscar, incluindo Melhor Roteiro Original, e indicado a mais 5 categorias, entre elas Melhor Filme, o longa possibilitou a realização de todo o trabalho de ambos que conhecemos hoje.

     A trama, baseada em uma história real, se passa em 1987. Na cidade de Fargo, na Dakota do Norte, o gerente de uma revendedora de automóveis, Jerry Lundegaard (William H. Macy), necessita de dinheiro para investir em um novo negócio. Buscando ganhar a grana, ele faz um acordo com dois criminosos (Steve Buscemi e Peter Stormare) para sequestrar sua esposa e, assim, conseguir o dinheiro através do resgate que seria pago pelo seu sogro, um grande empresário. A recompensa para os sequestradores seria metade dos 80 mil doláres do resgate, mais um carro novo. Tudo parece ocorrer de acordo com o plano, mas uma série de acontecimentos leva a um triplo asssassinato, o que faz com que a policial grávida Marge Gunderson (Frances McDormand) comece a investigar o caso.

      Fargo é o exemplar perfeito do subgênero tragicomédia. O roteiro repleto de diálogos muito bem feitos é o que garante a diversão do filme, cheio do humor negro tão marcante nas obras dos Coen. Uma história aparentemente simples vai se tornando uma grande bola de neve (com a ironia da trama se passar em uma ambientação quase polar), sempre prendendo a atenção e tornando impossível prever o que possa acontecer.

    Aliás, os cenários cobertos de neve permitem criar uma grande sensação de isolamento, destacando a grandiosidade dos acontecimentos em relação a simplicidade do local em que eles acontecem. Além disso, a neve também permite fazer várias transições utilizando fade. O cenário se torna ainda mais marcante nas cenas de grande violência, com o contraste da cor do sangue com o ambiente completamente branco.

     Junto com a excelente história, o desenvolvimento dos personagens é um dos pontos altos do filme. Todos são simples, mas bem feitos e com personalidade únicas. Eles ainda são potencializados pelas excelente atuações do elenco, principalmente de Frances McDormand, vencedora do Oscar de Melhor Atriz pelo filme, e William H. Macy, indicado a Melhor Ator Coadjuvante. Steve Buscemi também tem grande destaque como um dos criminosos, sendo difícil não relacionar seu personagem ao papel do ator como Mr. Pink, de Cães de Aluguel.

     Muito bem montado e com um excelente roteiro, Fargo é um clássico dos anos 90, sendo apenas uma amostra do que Joel e Ethan Coen ainda iriam trazer para os cinemas. Com um humor que funciona até hoje, a história consegue misturar bem momentos de tensão com situações mais leves. Um ótimo filme para começar a conhecer a carreira de seus grandes realizadores.

Por: Vitor Pontes

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Filmes baseados em obras de Stephen King

     Stephen King, provavelmente, é o escritor mais adaptado da história. Entre filmes e séries, o autor chega facilmente a pelo menos 50 produções baseadas em suas obras. O americano é um dos mais notáveis de sua profissão quando se trata de terror e ficção (embora também escreva alguns dramas), tendo mais de 350 milhões de cópias vendidas e publicações em mais de 40 países. Apesar do sucesso, Stephen King passou por muitas dificuldades, tendo que virar professor e demorando anos para conseguir algum reconhecimento. A fama veio, principalmente, em razão dos filmes adaptados de seus livros. Entre obras-primas, sucessos e fracassos, aqui esta uma lista com 20 importantes produções baseadas nas obras de King, confira:



Carrie, A Estranha - 1976


     A primeira produção adaptada de Stephen King, Carrie, A Estranha é um clássico do terror e considerado um dos melhores filmes do gênero. Baseada no romance homônimo lançado em 1974 (o primeiro do escritor), a obra de Brian De Palma ficou marcada pela grande quantida de sangue durante as cenas, algo chocante para a época, e pela exploração da sexualidade entre os adolescentes, um dos primeiros longas a abordar de forma clara esse tema. O filme recebeu duas importantes indicações ao Oscar: Melhor Atriz para Sissy Spacek e Melhor Atriz Coadjuvante para Piper Laurie. Carrie, A Estranha esta presente no Top 100 de várias listas sobre melhores filmes de todos os tempos até hoje.


O Iluminado - 1980


     Uma obra-prima do terror. Essa frase define O Iluminado, dirigido por Stanley Kubrick, considerado por muitos o melhor filme do gênero. O clássico estrelado por Jack Nicholson contava a história de uma família que ia para um hotel que ficava isolado durante o inverno, devido ao pai, Jack, ter aceitado um emprego de zelador no local. Logo, algo sobrenatural começa a revelar sua presença, possuindo o protagonista e fazendo com que ele tente matar sua esposa e seu filho. O roteiro possui grandes diferenças em relação ao livro homônimo. Apesar de toda a genialidade do filme, Stephen King sempre afirma odiar a produção e o diretor Kubrick, que, devido a seu perfeccionismo, não o deixou em paz durante um momento da produção. Além disso, o escritor não acha que a obra consegue trazer a essência do livro.


Na Hora da Zona Morta - 1983


     Dirigido pelo grande David Cronenberg, Na Hora da Zona Morta é um dos melhores filmes adaptados da obra de Stephen King, tendo o sucesso possibilitado a produção de uma série de TV baseada na história. O roteiro, vindo do livro The Dead Zone, trata de um professor que passa cinco anos em coma após sofrer um acidente de carro. Quando acorda, ele tem o misterioso poder de ver o futuro e o passado de uma pessoa só tocando em sua mão, o que o leva a ter o dilema sobre interferir ou não na vida dos outros. O filme foi estrelado por Christopher Walken e ainda contava com a presença de Tom Skeritt e Martin Sheen.


Christine - O Carro Assassino - 1983


     Para se ter uma noção do tamanho do sucesso de Stephen King na época, Christine - O Carro Assassino começou a ser produzido enquanto o livro do qual foi adaptado ainda estava sendo escrito. O papel principal chegou a ser oferecido a Kevin Bacon, mas ficou com Keith Gordon. O protagonista é Arnie, um apaixonado por seu carro, chamando-o de Christine. Para fazer uma mudança no veículo, Arnie começa a se isolar cada vez mais de seus amigos, que descobrem que o carro possui um passado sombrio e misterioso.


A Colheita Maldita - 1984

     Mesmo não tendo grande aprovação da crítica, A Colheita Maldita é um sucesso comercial e tem uma das histórias consideradas mais pesadas dentro das obras de Stephen King. Um casal vai para a pequena cidade de Gatlin sem saber que uma maldição jogada no local fez com que as crianças matassem todos os adultos. Ao chegarem, os dois são capturados e logo descobrem que um culto praticado ali utiliza sangue humano para adubar a terra. A produção gerou seis sequências e um remake para a televisão, mas nenhum chegou perto do sucesso do original.


A Hora do Lobisomem - 1985


     Também chamado no Brasil de Bala de Prata, A Hora do Lobisomem é baseado na obra Cycle of the Werewolf e conta a história da pequena cidade de Tarker's Mill. Apesar de calmo, o local passa a sofrer com uma onda de assassinatos. Embora muitos acreditem se tratar de um psicopata, um garoto acha que um lobisomem esta atacando o lugar,



Conta Comigo - 1986


     Conta Comigo, dirigido por Rob Reiner, é baseado no conto O Corpo, presente na coletânea As Quatro Estações. A mudança de título aconteceu em referência a música Stand By Me, de Ben E. King, presente nos créditos da produção. Na história, um escritor recorda sua adolescência, mais exatamente quando se juntou a um grupo de amigos para procurar o corpo de um adolescente desaparecido há dias. A aventura acaba se tornando uma inesperada jornada de auto-descoberta. O emocionante filme foi estrelado por Will Wheaton, River Phoenix, Corey Feldman, Jerry O'Connell e Kiefer Sutherland.


O Sobrevivente - 1987


     Estrelado por Arnold Schwarzenegger, O Sobrevivente tem como base o romance de Stephen King lançado em 1982 sob pseudônimo de Richard Bachman. Dirigido por Paul Michael Glasier, o longa se passa em 2017, em um futuro onde os EUA seriam um regime totalitário. No meio disso, um ex-soldado se rebela contra o sistema e busca sobreviver fugindo do governo.





O Cemitério Maldito - 1989


     O Cemitério Maldito é uma das adaptaçõs mais fieis a obra original do escritor devido a um simples fato: Stephen King foi roteirista do filme e, inclusive, fez uma pequena participação nele. A história trata das consequências de mortos que estão ressucitando devido ao enterro em um antigo cemitério indígena. A produção ganhou destaque por usar cenas fortes com menores de idade. Ainda teve a sequência O Cemitério Maldito 2, lançada em 1992.



It - Uma Obra-prima do Medo - 1990


     It - Uma Obra-prima do Medo tem como base o livro de mesmo nome e foi produzido diretamente para a TV, possuindo longos 192 minutos de duração. No roteiro, a cidade de Derry, no Maine, era assombrada por uma misteriosa criatura conhecida como A Coisa, que tinha o costume de atacar crianças utilizando a forma de um palhaço. Após 30 anos, esse ser volta a aparecer, levando um grupo de amigos que sobreviveu aos ataques do passado a tentar combater o fantasma. A história teve como inspiração o caso real de John Wayne Gacy. Para quem tem medo de palhaços, o filme, certamente, é impossível de ser visto.


Louca Obsessão - 1990


     Com Louca Obsessão (no original, Misery), Rob Reiner investe novamente em uma adaptação de Stephen King, dessa vez com um suspesnse. O papel principal foi oferecido a Jack Nicholson, mas acabou ficando com James Caan. A história tem como protagonista um famoso escritor que sofre um acidente e acaba sendo salvo por uma enfermeira, que é grande fã de seu trabalho. Logo, ele percebe que a moça tem sérios probleamas psicológicos, com ela passando a torturar o autor para que ele reescreva um livro cujo final não a agradou. A enfermeira foi interpretada por Kathy Bates, vencedora do Oscar e do Globo de Ouro pelo papel. 


Às Vezes Eles Voltam - 1991


     Dirigido por Tom McLoughlin, Às Vezes Eles Voltam foi um filme feito para televisão adaptado do conto homônimo presente na coletânea Sombras da Noite. Um professor é marcado pela sombria lembrança de seu irmão sendo assassinado por uma gangue. Logo após o crime, os membros do grupo também faleceram devido a um acidente. Anos depois, os alunos do protagonista começam a morrer misteriosamente e serem substituídos pelos assassinos de seu irmão. O filme ainda teve duas sequências lançadas diretamente para vídeo.


Um Sonho de Liberdade - 1994


     Um Sonho de Liberdade é, sem dúvidas, um dos filmes mais amados pelo grande público. A produção foi a primeira dirigida por Frank Darabont, que ainda faria outras adaptações de obras de Stephen King. Extremamente inspirador, o roteiro tem como protagonista o jovem banqueiro Andy Dufresne (Tim Robbins), acusado de matar sua esposa e mandado para a  prisão de Shawshank, onde precisa aprender a lidar com a nova rotina de sua vida, fazendo amizade com um antigo prisioneiro (Morgan Freeman). Indicada a sete prêmios no Oscar, incluindo Melhor Filme, a obra não obteve sucesso nas bilheterias, sendo um dos grandes fracassos de 1994. Porém, a fama foi surgindo aos poucos, com a produção ficando sempre presente nas listas de melhores filmes de todos os tempos. Confira a crítica.


O Aprendiz - 1998


    Junto com Os Suspeitos, de 1995, O Aprendiz foi responsável por trazer reconhecimento ao diretor Bryan Singer, muito conhecido atualmente pela franquia X-Men. O protagonista Todd (Brad Renfro) descobre que um vizinho idoso (Ian McKellen) é um ex-criminoso nazista, foragido desde o fim da 2° Guerra Mundial. Obcecado pelo período, ele ameça entregar o fugitivo a polícia se ele não contar tudo o que lembra sobre a época, o que leva a um grande jogo psicológico entre os dois.


À Espera de um Milagre - 1999


     Frank Darabont faz uma segunda visita ao universo de Stephen King, trazendo mais uma de suas obras aos cinemas com o emocionante À Espera de um Milagre. Estrelado por Tom Hanks, o filme se passa em 1935 no corredor da morte de uma prisão. Um guarda penitenciário começa a se envolver com um condenado após descobrir que este possui um dom mágico e milagroso. O preso é interpretado pelo já falecido Michael Clarke Duncan, sendo a atuação mais famosa de sua carreira. Adaptado do romance The Green Mile, o filme recebeu quatro indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado.


O Apanhador de Sonhos - 2003


     O Apanhador de Sonhos foi o terceiro filme de Lawrence Kasdan a adaptar obras de Stephen King. Na história, um grupo de quatro garotos salva um portador de síndrome de down, o que faz com que acabem ganhando uma misteriosa ligação telepática. Muitos anos depois, eles acabam presos durante uma nevasca, quando descobrem que uma força alienígena esta prestes a atacar o planeta e eles podem ser a salvação. A produção teve a presença de Morgan Freeman e Thomas Jane, mas acabou sendo um fracasso de crítica e bilheteria, arrecadando menos da metade de seu custo de produção.


Janela Secreta - 2004


     Um dos primeiros longas dirigidos por David Koepp, famoso roteirista de filmes como Homem-Aranha e Jurassic Park, Janela Secreta é baseado no texto Secret Window, Secret Garden e conta a história de um escritor em crise, interpretado por Johnny Depp, que passa a ser perseguido e atormentado por um misterioso homem, vivido por John Turturro, que o acusa de ter plagiado uma de suas histórias. Apesar de não apresentar nada novo para o gênero, o filme ganhou elogios por sua história misteriosa e interessante.


1408 - 2007


     Estrelado por John Cusack e com participação importante de Samuel L. Jackson, 1408 surpreendeu a crítica em 2007, sendo considerado um dos melhores suspenses do ano. A história, adaptada do conto homônimo, trata de um escritor que investiga lugares supostamente assombrados. Durante uma de suas viagens, ele encontra o quarto 1408 do Hotel Dolphin, que revela possuir algo mais real do que esperado. Uma das grandes curiosidades da produção são suas diversas referências ao número 13, como no próprio título, cujos número somados tem esse resultado. Confira a crítica do filme.




O Nevoeiro - 2007


     Pela terceira vez, Frank Darabont volta a explorar uma obra de Stephen King, mas agora apostando no gênero consagrado do escritor: o suspense. O Nevoeiro é baseado no conto homônimo presente na coletânea Tripulação de Esqueletos. Na história, uma pequena cidade do Maine é cercada por um misterioso nevoeiro, que parece possuir certas criaturas escondidas nele. O longa foi protagonizado por Thomas Jane, tendo presença da vencedora do Oscar Marcia Gay Harden. Confira a crítica do filme.


Carrie, A Estranha - 2013


     O anúncio de uma nova versão para os cinemas de Carrie, A Estranha não agradou muito aos fãs, afinal, por que fazer algo diferente quando o original é tão bom? Porém, de acordo com os produtores, o filme seria, na verdade, uma nova adaptação feita de forma mais fiel ao livro, não um remake como todos imaginavam. Chloe Grace Moretz foi escolhida para viver a protagonista, enquanto Julianne Moore seria a mãe Margaret White. Apesar das expectativas, o longa não teve uma boa recepção da crítica, tendo sido considerado uma versão infantilizada do original, além de ressaltar a falta de necessidade do remake. Confira a crítica do filme.

Por: Vitor Pontes

domingo, 18 de janeiro de 2015

O Grande Hotel Budapeste - Crítica

Nota: 9

Título: O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel)
Gênero: Comédia, Fantasia
Nacionalidade: Reino Unido, Alemanha
Ano de produção: 2013
Estreia no Brasil: 03 de julho de 2014
Duração: 99 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Direção: Wes Anderson
Roteiro: Wes Anderson, Hugo Guinness
Elenco: Ralph Fiennes, Tony Revolori, F. Murray Abraham, Mathieu Amalric, Adrien Brody, Willem Dafoe, Edward Norton, Harvey Keitel, Jeff Goldblum, Jude Law, Bill Murray, Owen Wilson, Saoirse Ronan, Léa Seydoux, Tilda Swinton, Tom Wilkinson, Jason Schwartzman


     Wes Anderson é um dos grandes gênios do cinema atualmente. Apesar de toda sua qualidade, comprovada em longas como Os Excêntricos Tenenbaums e Moonrise Kingdom, o diretor, roteirista e produtor sempre é mais lembrado pelo visual de seus filmes do que pela história dos mesmos. A verdade, porém, é que Anderson tem sim capacidade para criar cenários fantásticos em conjunto com histórias muito boas. O Grande Hotel Budapeste, "apenas" vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme - Comédia ou Musical e líder de indicações ao Oscar, esta aí para comprovar isso.


     A história pode parecer confusa na primeira vez que é explicada, mas funciona muito bem. Uma garota lamenta a morte de um grande escritor, enquanto segura o mais famoso livro dele, "O Grande Hotel Budapeste". Assim, a trama volta um pouco no tempo, onde o autor (Tom Wilkinson) decide contar sobre o período que ficou no Hotel Budapeste, quando conheceu o dono do local (F. Murray Abraham), que resolve contar sobre como conheceu o antigo responsável pela estalagem (Ralph Fiennes).

     Sim, se trata de uma história, dentro de outra história, dentro de outra história, que fica dentro de mais uma história. Embora o espectador possa sentir medo de se perder no meio da trama, a introdução do filme possui um ritmo excelente e consegue explicar muito bem o necessário para entender o roteiro.

     Embora seja classificado como uma comédia, é difícil definir exatamente em que gênero O Grande Hotel Budapeste se encaixa. O filme possui um humor satírico e refinado, mas também tem momentos de ação e perseguição interessantes e muito bem encaixados na proposta da obra. Seja qual for o estilo do longa, o que se pode ter certeza é que ele é garantia de diversão.

     Wes Anderson, como já falado, é extremamente conhecido pelo visual de suas produções. Aqui, a parte técnica mais uma vez é destaque em um filme que é único em relação a sua estética. Figurinos, cenários, fotografia, direção de arte... A forma como as cenas foram filmadas são marcantes e não será surpresa alguma se a obra dominar as categorias técnicas das grandes premiações.

      O elenco é fantástico e, inclusive. possui muitos atores que já trabalharam com Wes Anderson. Edward Norton, Adrien Brody, Willem Dafoe, Jude Law, Saoirse Ronan, Harvey Keitel, Bill Murray, entre outros grandes nomes. Alguns, como Tilda Swinton, estão quase irreconhecíveis. Todos tem papéis únicos e muito bem explorados. Os destaques ficam para os protagonistas Ralph Fiennes, em uma das melhores atuações de sua carreira, e Tony Revolori, que, logo em seu primeiro filme, mostra todo o talento que possui.

     O Grande Hotel Budapeste é divertido, belo, emocionante e agrada os mais diversos públicos. Wes Anderson, finalmente, esta obtendo reconhecimento por um de seus grandes trabalhos, já considerado por muitos o melhor da carreira do cineasta. Obrigatório para qualquer grande fã de cinema.

Por: Vitor Pontes

Boyhood - Da Infância à Juventude

Nota: 10

Título: Boyhood - Da Infância à Juventude (Boyhood)
Gênero: Drama
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2002-2014
Estreia no Brasil: 30 de outubro de 2014
Duração: 164 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Direção: Richard Linklater
Roteiro: Richard Linklater
Elenco: Ellar Coltrane, Patricia Arquette, Ethan Hawke, Lorelei Linklater, Zoe Graham, Nick Krause, Evie Thompson, Andrea Chen, Chris Doubek


   O que você fez nos últimos 12 anos? Certamente, seu mundo passou pelas mais diversas transformações, embora, talvez, mal tenha sido possível perceber o quanto esse período foi rápido. Enquanto todos seguiam com suas vidas, Richard Linklater estava produzindo uma obra-prima sobre a vida. Um projeto filmado totalmente em segredo, Boyhood - Da Infância à Juventude já consegue chamar a atenção apenas pelo tempo de desenvolvimento, mas seu tema e a forma como ele é tratado marcam o longa como um dos grandes filmes da história do cinema.

     O título já diz tudo sobre a história. O garoto Mason Jr. (Ellar Coltrane) tem sua juventude retratada durante um período de 12 anos. Filho de Mason (Ethan Hawke) e Olivia (Patricia Arquette), pais divorciados, e irmão de Samantha (Lorelei Linklater), ele tem que conviver com as situações da vida, envolvendo as consequências do afastamento do pai, dos relacionamentos conturbados que a mãe se envolve, entre outros.

     O roteiro, escrito pelo próprio Richard Linklater, é extremamente simples, sendo isso que o torna tão belo. Não há grandes reviravoltas ou momentos impressionantes, apenas situações comuns que poderiam acontecer com qualquer pessoa. Os dramas pessoais são tão naturais que trazem a impressão de estarmos acompanhando alguém contando a história de sua vida. 

      Entre os mais diversos riscos que Linklater correu ao resolver realizar um projeto tão ambicioso, um dos maiores foi a escolha do protagonista. Ellar Coltrane poderia ser muito interessante 12 anos atrás, mas quais eram as garantias do jovem ator continuar tendo qualidade e carisma após tanto tempo? Felizmente, o diretor e roteirista acertou em cheio, com o garoto demonstrando muito bem o desenvolvimento do personagem conforme os anos. A chance de ver mais do talento de Coltrane quando criança, infelizmente, foi perdida devido ao segredo do projeto, mas isso acaba deixando tudo ainda mais especial. O ator, certamente, será sempre conhecido como o garoto de Boyhood.

      A família é extremamente importante no amadurecimento do protagonista. Os erros do pai e da mãe influenciam diretamente a personalidade de Mason Jr. e trazem ainda mais realismo a trama. Ethan Hawke faz mais uma atuação incrível, como de costume, enquanto Patricia Arquette tem no filme o melhor trabalho de sua carreira, não sendo surpresa o tamanho reconhecimento que esta ganhando.

      O grande desafio de representar a passagem do tempo é muito bem resolvido, com os momentos de transição sempre na hora certa, nunca deixando a história rápida ou lenta demais. Inclusive, a longa duração de 164 minutos chega a parecer pouco considerando o número de coisas que poderiam ser incluídas no filme. 

      Há um certo espírito de nostalgia durante a produção devido as mais diversas lembranças da primeira década do século XXI. É possível, por exemplo, acompanhar o desenvolvimento dos celulares e da internet de 2002 até a atualidade. As diversas referências a cultura pop tornam ainda mais fácil se localizar no tempo, como através de citações a lançamentos de filmes como Trovão Tropical e Segurando as Pontas, ou livros como Harry Potter e o Enigma do Príncipe. Uma situação interessante é um diálogo entre o protagonista e seu pai, quando falam sobre a possibilidade de um episódio VII para a saga Star Wars, o que seria oficializado apenas em 2012.

       A escolha da trilha sonora também é excelente para situar o espectador no ano em que a história esta se passando, além dela ser espetacular. Coldplay, Blink-182, Daft Punk, Pharell Williams, Lady Gaga, Foo Fighters... As músicas podem agradar os mais diversos gostos.

      Simples e natural, Boyhood - Da Infância à Juventude é um dos mais belos e emocionantes filmes já feitos. Como não criar empatia por personagens tão reais? A experiência é incrível e o longa esta sendo cada vez mais recompensado pela imensa dedicação de todos envolvidos com o projeto. No final, chega até a surgir um leve sentimento de tristeza por não ser possível acompanhar o resto da história de Mason. Apesar disso, a produção deixa claro que aquele é só o início de um mundo grandioso que todos chamamos de vida.

Por: Vitor Pontes

sábado, 17 de janeiro de 2015

Invencível - Crítica

Nota: 4

Título: Invencível (Unbroken)
Gênero: Biografia, Drama
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2014
Estreia no Brasil: 15 de janeiro de 2015
Duração: 137 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Direção: Angelina Jolie
Roteiro: Joel Coen, Ethan Coen, Willian Nicholson, Richard LaGravenese (Obra original de Laura Hillenbrand)
Elenco: Jack O'Connell, Domhnall Glesson, Finn Wittrock, Miyavi, Jai Courtney, Garrett Hedlund, John Magaro, Vicenzo Amato, Alex Russell


     Há alguns meses, Invencível era tratado como um dos possíveis favoritos ao Oscar. As razões para isso? O longa é baseado em uma história real com grande potencial dramático, o roteiro foi escrito pelos geniais irmãos Joel Coen e Ethan Coen, além de que a fotografia prometia um visual fantástico. Apenas esses fatos já trazem grande destaque para o filme, mas, o que criou ainda mais expectativas foi o nome escolhido para a direção: Angelina Jolie. Após uma primeira tentativa fraca na função com Na Terra de Amor e Ódio, em 2012, a atriz se esforça novamente para entrar pro grupo de nomes como Clint Eastwood e Robert Redford, premiados atores que também se tornaram premiados diretores. Infelizmente, Jolie fracassa mais uma vez, em uma história que não empolga e não possui um protagonista carismático.

    Louis Zamperini (Jack O'Connell) é americano, descendente de italianos. O jovem mora na cidade de Torrance, onde começa a praticar atletismo devido a influência do irmão. Logo, todos percebem a qualidade de Zamperini para o esporte, posteriormente, participando dos Jogos Olímpicos de 1936. O atleta foi convocado para o exército na década de 40 devido a 2° Guerra Mundial. Durante uma missão para resgatar soldados, o avião que Louis estava cai em pleno mar, onde ele fica lutando por 47 para sobreviver até ser resgatado. Porém, o resgate foi feito pelos inimigos japoneses, o que leva Zamperini a ser feito prisioneiro até o fim do combate.

    Originalmente, o estúdio Universal havia planejado contar a dramática história real do atleta olímpico logo na década seguinte aos fatos, tendo comprado os direitos para a produção em 1957. O projeto acabou engavetado, só voltando em 2010, quando foi lançado o livro Unbroken: A World War II Story of Survival, Resilience and Redemption, de Laura Hillenbrand, que se tornou um best-seller e, assim, serviria de base para o filme.

     A partir desse ponto, surge o maior problema do longa: o roteiro. Sinceramente, não consigo aceitar que ele teve influência dos irmão Coen. É difícil acreditar que os criadores de Fargo, O Grande Lebowski e Onde os Fracos Não Tem Vez tenham feito um trabalho tão fraco e cheio de clichês. Os diálogos parecem cópias de textos motivadores que se encontra em qualquer pesquisa simples na internet, sendo apenas versões diferentes para "acredite na sua capacidade...".

     A história de Invencível tinha um potencial dramático absurdo. O sofrimento que o protagonista passa teria força para fazer com que o espectador sofra junto com ele e entenda a necessidade de superação sempre presente. Apesar disso, o desenvolvimento do personagem é tão fraco que impede qualquer tipo de empatia. Louis Zamperini é apresentado como uma pessoa aparentemente insensível e sua história de vida quase não é explorada, ao ponto de que os coadjuvantes conseguem ser mais interessantes do que ele. Caso essa seja a representação de como Zamperini realmente era, é compreensível que ele tenha conseguido manter sua sanidade mental em meio ao sofrimento, mas, para o cinema, essa falta de desenvolvimento emocional não funciona.

     Tudo piora com as atuações. Por mais que Jack O'Connell até mostre alguns momentos de esforço, a falta de profundidade do protagonista não permite desenvolver quase nada. Os coadjuvantes até vão bem, principalmente Domhnall Glesson, representando de ótima forma a personalidade de seu personagem. O maior problema mesmo vai para o antagonista, interpretado pelo compositor japonês Miyavi. É difícil de aguentar suas tentativas de parecer assustador tendo como base um roteiro que já não ajuda.

     Um dos únicos pontos positivos do filme é seu visual, tendo inclusive recebido uma indicação ao Oscar de Melhor Fotografia. Os cenários são belos e bem feitos. Porém, até esse mérito é prejudicado devido aos erros da inexperiente Angelina Jolie na direção. A tentativa de criar uma situação dramática a todo momento tira mais força da história e deixa o clima ainda menos envolvente.

     Com tantos problemas, o resultado de Invencível é extremamente decepcionante, ainda mais devido a expectativa por um dos melhores filmes do ano. O roteiro extremamente clichê em combinação com os erros da produção tornam a obra esquecível. Angelina Jolie é uma excelente atriz, mas mostra que ainda tem muito a aprender como diretora.

Por: Vitor Pontes