Nota: 10
Ano de produção: 2011
Estreia no Brasil: 28 de outubro de 2011
Duração: 90 minutos
Classificação indicativa: 10 anos
Direção: Selton Mello
Roteiro: Selton Mello
Elenco: Selton Mello, Paulo José, Larissa Manoela, Giselle Mota, Teuda Bara, Álamo Facó, Cadu Fávero, Erom Cordeiro, Michelle Martins, Fabiana Karla, Jorge Loredo, Moacyr Franco, Tonico Pereira, Jackson Antunes
"O gato bebe leite, o rato come queijo e eu sou palhaço". A frase mais marcante do filme em questão define o seu tema, que se baseia nas seguintes perguntas: Quem eu sou? Onde é meu lugar no mundo? A partir disso, já é possível imaginar uma obra complexa, porém O Palhaço trata a situação de forma sensível, divertida e assim se mostra um dos melhores filmes brasileiros dos últimos anos.

Benjamin (Selton Mello) e seu pai Valdemar (Paulo José) trabalham no Circo Esperança, pertencente a família. Juntos, eles formam a dupla de palhaços Pangaré e Puro Sangue, que fazem a principal apresentação da equipe. Porém, Benjamim parece cada vez mais triste com a vida que leva e se questiona se aquele é o caminho que quer seguir para sempre. Mesmo com os pais e amigos lamentando sua possível saída, fica claro que o único que pode definir o seu destino e o que realmente quer é o próprio Benjamim, que continua suas reflexões pessoais.
O palhaço triste já foi utilizado diversas vezes nos cinemas para apresentar o contraste de sentimentos muito distintos. Apesar do único parente do protagonista dentro do circo ser o seu pai, fica clara a conexão que existe entre os que trabalham ali. Mesmo com muito pouco, a alegria dos integrantes é genuína, passando o conceito de ali viver uma grande família. O filme já coloca o espectador dentro daquele universo do circo logo na sequência inicial, que acompanha uma das apresentações no picadeiro.
O contexto de reflexão se mistura com um humor singelo, que permeia a produção. A busca de Benjamin pela própria identidade tem muito haver com a procura da felicidade e de alguém que lhe fizesse rir, sendo as piadas um parte fundamental para trama. O humor remete ao clássico estilo brasileiro, sem ser apelativo e divertindo naturalmente.
A parte técnica do filme é muito bem feita. Selton Mello (diretor, roteirista, produtor e ator da obra) impressiona, trazendo a representação de cidades do interior país nos anos setenta. A produção cria um clima despojado para o circo e onde ele passa, destacando a simplicidade de tudo.
O protagonista Benjamin é desenvolvido com grande cuidado por Selton Mello, que cria um personagem que conquista facilmente o espectador, ainda mais por seus dilemas facilmente causarem empatia. Os simbolismos presentes mostram ainda mais a necessidade do personagem em precisar de uma razão para viver e descobrir quem realmente é, como no fato dele só possuir uma certidão de nascimento e não ter uma identidade, documento básico para fazer qualquer coisa, e a figura do ventilador, uma obsessão de Benjamin que, de tão importante, esta até no cartaz do filme. Os coadjuvantes tem ótimos momentos, principalmente através das participações especiais de nomes antigos e consagrados como Tonico Moreira, Moacyr Franco e Jorge Loredo, sendo que este último participa de uma cena vital para o desfecho da trama.
O Palhaço é um filme simples, mas com uma história emocionante, mostrando a triste situação de alguém que precisou partir e passar por situações difíceis para reencontrar a felicidade e descobrir seu real lugar no mundo. Uma obra com a dose certa de drama, comédia e emoção, e dentro de sua simplicidade, um filme grandioso.
Por: Vitor Pontes
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