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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Homens, Mulheres e Filhos - Crítica

Nota: 7

Título: Homens, Mulheres e Filhos (Men, Women and Children)
Gênero: Drama, Comédia
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2014
Estreia no Brasil: 4 de dezembro de 2014
Duração: 116 minutos
Classificação indicativa: 16 anos
Direção: Jason Reitman
Roteiro: Jason Reitman (Obra original de Chad Kultgen)
Elenco: Ansel Elgort, Adam Sandler, Jennifer Garner, Rosario DeWitt, Kaitlyn Denver, Judy Greer, Dean Norris, Elena Kampouris, Timothée Chalamet, Dennis Haysbert, J.K. Simmons, Emma Thompson


     Quantas vezes você olha suas redes sociais por dia? Você se imagina vivendo sem internet? E sem smartphones? São algumas dessas questões que surgem a partir de Homens, Mulheres e Filhos. Jason Reitman é uma das grandes revelações dos últimos anos, tendo dirigido belos filmes como Juno e Amor Sem Escalas, e parece que o foco que tem em sua carreira realmente será retratar as relações humanas através de obras sensíveis que possuem como tema algo que envolva a realidade atual. Já tendo representado assuntos como a gravidez na adolescência e a falta de valorização dos sentimentos na sociedade, Reitman agora decide analisar a tecnologia e a influência que ela possui nos relacionamente humanos.

     A história é formada por subtramas que envolvem adultos e adolescentes, sendo que a maioria deles se conhecem, mesmo que muito pouco. Entre as situações, estão o garoto Tim Mooney (Ansel Elgort), adolescente abandonado pela mãe que passa a ter um relacionamento difícil com seu pai Kent (Dean Norris), a jovem Brandy Beltmeyer (Kaitlyn Denver), que precisa conviver com a mãe superprotetora (Jennifer Garner), o casal Don (Adam Sandler) e Helen Truby (Rosario DeWitt), que estão em crise sexual e acabam buscando relacionamentos extraconjugais para obter satisfação, a permissiva Clint (Judy Greer), que faz de tudo para a filha alcançar o sonho de ser atriz, além de Allison (Elena Kampouris), adolescente bulímica que faz de tudo para chamar a atenção de um garoto mais velho.

     As tramas exploram tudo que possa ser considerado o lado ruim da internet, como os videogames que oferecem a possibilidade de viver uma outra vida, afastando a pessoa da realidade, os desvios que podem ser gerados pela pornografia em excesso, as possibilidades de virar uma celebridade online, a forma como a internet facilita encontros extraconjugais, entre outros. É interessante a intenção de fazer críticas, mas o problema do filme esta em não abordar o que a tecnologia pode trazer de bom para a comunicação. Certamente, ela cria a possibilidade de um certo afastamento entre as pessoas, mas também oferece a chances de criar novos relacionamentos e amizades, o que poderia ter sido abordado.

     A utilização de recursos visuais como caixas de texto para representar as conversas do mundo virtual ao mesmo tempo que se pode acompanhar a situação da vida real é interessante e funciona dentro do contexto de representar a tecnologia, porém deixa claro que a obra é apenas atual e pode perder sua força com o tempo. O mundo virtual apresenta mudanças constantes, fazendo com que as próprias redes sociais que são tão utilizadas atualmente possam nem existir mais daqui alguns anos. Isso não prejudica a mensagem da produção hoje, mas não permite que ela seja atemporal.

     Mais uma vez, Reitman consegue juntar um bom elenco e que rende atuações convincentes. A grande surpresa fica para Adam Sandler, em um papel sério, que, apesar de parecer clichê, é a representação de muitos exemplos da vida real. O ator vai bem e consegue fazer sua primeira boa interpretação após diversos fracassos dos últimos anos. Destaques para a ótima atuação de Rosario DeWitt, a esposa do personagem de Sandler, e Ansel Elgort, cujo papel exige bastante devido aos dramas pessoais na história. Dean Norris e Judy Greer mostram qualidade e J.K. Simmons, apesar de aparecer pouco, consegue chamar a atenção. A parte ruim vai para Jennifer Garner que, mesmo tendo a personagem mais fraca e esteriotipada (ao extremo) da história, parece não ter mais de uma expressão facial.

     Carl Sagan é citado várias vezes durante o filme, principalmente através de sua obra mais conhecida, Pálido Ponto Azul. O seu discurso que relaciona a imensidão do universo a pequenez de nossos atos consegue se relacionar bem as tramas ao trazer a reflexão sobre quem realmente somos que a história acaba proporcionando. Esse momento para pensar mostra que, apesar de não possuir a mesma força de outros filmes de Reitman, Homens, Mulheres e Filhos consegue agradar e traz uma mensagem interessante, mesmo que possa não atingir em cheio todos os tipos de público.

Por: Vitor Pontes

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