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sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

O Homem Mais Procurado - Crítica

Nota: 10

Título: O Homem Mais Procurado (A Most Wanted Man)
Gênero: Suspense
Nacionalidade: EUA, Alemanha
Ano de produção: 2014
Estreia no Brasil: 9 de outubro de 2014
Duração: 122 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Direção: Anton Corbijn
Roteiro: Andrey Bovell (Obra original de John Le Carré)
Elenco: Philip Seymour Hoffman, Rachel McAdams, Grigoriy Dobrygin, Willem Dafoe, Robin Wright, Nina Hoss, Daniel Bruhl, Mehdi Dehbi


     Mais uma obra de John Le Carré adaptada para os cinemas, O Homem Mais Procurado, assim como o recente e aclamado O Espião Que Sabia Demais, tem um elenco estelar, uma história complexa e retrata o universo da espionagem que busca combater o terrorismo. A espera por uma grande produção se juntou ao fato deste ser o último trabalho como protagonista do falecido Philip Seymour Hoffman, tornando o filme ainda mais aguardado. As expectativas são cumpridas, com a entrega de uma obra crítica, imersiva e surpreendente.

     O constante medo após os ataques de 11 de setembro levaram a uma revolução nas medidas de segurança no mundo todo, chegando a níveis de precaução extremos. Esse fato é aproveitado pelo filme, que decide usar Hamburgo, cidade onde terroristas envolvidos no atentado ao WTC planejaram muitas de suas ações, como cenário. Assim, somos apresentados a Gunter Bachmann (Philip Seymour Hoffman), chefe de uma equipe de inteligência alemã, que esta investigando um possível financiador de um grupo terrorista. Enquanto isso, Issa Karpov (Grigoriy Dobrygin), um checheno islâmico com histórico de prisões, chega ilegalmente a Hamburgo, levando Gunter a desconfiar dele e iniciar uma grande operação para descobrir mais sobre sua vida. Porém, Issa acaba se envolvendo com a advogada Annabel (Rachel McAdams), que quer ajudá-lo e acredita fielmente em sua inocência.

     Por tratar de espionagem, não há homens-bomba ou elementos sobre o tema utilizados em filmes de ação. O foco esta na investigação dos financiadores dos grupos terroristas e o que se vê é um constante clima de suspense durante toda a obra, que também possui várias reviravoltas. A ambientação fria e enfumaçada da cidade, em conjunto com uma filmagem em ritmo intenso e uma ótima trilha sonora garante ainda mais tensão para a história.

     A manipulação utilizada para desenvolver as relações nesse meio investigativo é muito explorada, principalmente pelos excelentes diálogos. Aliás, toda essa percepção apresentada sobre a espionagem faz uma grande crítica aos métodos utilizados pelas agências de segurança, principalmente às medidas norte-americanas que foram inseridas pelo governo de Bush. Basicamente, para os EUA o certo é atirar primeiro e perguntar depois. Esse intervencionismo americano é um dos principais pontos que a produção trata e leva a reflexões sobre as decisões políticas do país atualmente.

     O grande número de personagens não impede o excelente desenvolvimento deles, principalmente das razões de estarem nesse ambiente. O protagonista Gunter é mostrado como um homem solitário e frio, que constantemente bebe e fuma. A sensação de angústia do personagem é muito bem retratada, o que acaba fazendo relação com a triste situação real que Philip Seymour Hoffman passou, com o ator entregando mais uma atuação fantástica, fazendo um sotaque interessante, e mostrando a falta que irá fazer para o cinema. Todos os outros atores vão muito bem, com destaques para os coadjuvantes Willem Dafoe, Robin Wright e Nina Hoss. O único ponto negativo é Daniel Bruhl, cujo grande talento foi muito mal aproveitado, ainda pelo fato dele ser fluente em alemão, o que poderia render ótimas situações.

     O complexo roteiro ainda termina com um climax surpreendente e impactante, onde reside a maior crítica presente na produção. Mesmo com uma história que inicialmente pode ser difícil de acompanhar, devido a introdução rápida de muito nomes e detalhes, O Homem Mais Procurado se desenvolve de maneira impressionante e mostra ser um dos melhores filmes de 2014, além de uma digna despedida para o grande ator que Philip Seymour Hoffman foi.

Por: Vitor Pontes

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