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terça-feira, 25 de novembro de 2014

Tim Maia - Crítica

Nota: 9

Título: Tim Maia
Gênero: Drama, Biografia
Nacionalidade: Brasil
Ano de produção: 2014
Estreia no Brasil: 30 de outubro de 2014
Duração: 140 minutos
Classificação indicativa: 16 anos
Direção: Mauro Lima
Roteiro: Mauro Lima, Antonia Pellegrino (Obra original de Nelson Motta)
Elenco: Babu Santana, Robson Nunes, Alinne Moraes, Cauã Reymond, Laila Zaid, Nando Cunha, George Sauma. Luis Lobianco, Denise Dumont


     Em 28 de setembro de 1942, nascia em Niterói um dos maiores nomes da história da música brasileira. Sebastião Rodrigues Maia, na época conhecido como Tião, era apenas "um mulato sem chance", de acordo com o próprio, que veio a se tornar o "Síndico do Brasil". Tim Maia não só revolucionou ao introduzir o Soul na cultura musical do país, mas acabou por criar uma imagem marcante de sua personalidade em uma carreira definida por polêmicas. Drogado, individualista e desleixado são apenas alguns dos defeitos que podem ser utilizados para se referir ao cantor, que, apesar desses problemas, é sempre lembrado por seu jeito descontraído e amável nos holofotes.

     Baseada no livro Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia, de Nelson Motta, a adaptação de sua vida para os cinemas retrata desde o nascimento do artista, passando pelo tempo que viveu no exterior, sua prisão, o sucesso, as polêmicas, até chegar ao dia de sua morte em 1998, quando tinha 55 anos. Claro que nem todo o conteúdo vem do livro. Muita coisa foi tirada de outras obras sobre Tim Maia, além de entrevistas feitas com pessoas que foram próximas a ele.

     A longa duração do filme, 2h20, é a consequência da opção de retratar uma vida inteira, mas, mesmo assim, muita coisa ainda foi condensada para evitar aumentar ainda mais o tempo da produção. A história é narrada por Fábio (Cauã Reymond), que seria um músico que tocou por 30 anos junto de Tim Maia, mas, na verdade, não existiu, sendo ele a fusão de várias pessoas que passaram se relacionaram com o Síndico. As esposas também foram unidas na figura de Janaína (Alinne Moraes), o amor da vida do músico.

     A narração de Cauã Reymond, recurso que tinha tudo para dar errado, surpreende ao funcionar de forma perfeita para a obra, já que seu personagem é muito bem desenvolvido e, assim como o protagonista, também fala de forma irônica.

     A representação da época, através dos cenários, figurinos e formas de falar, é digna de um filme de Hollywood. A fotografia e toda a parte técnica é excelente, inclusive a trilha sonora. Os grandes sucessos estão lá, além de canções menos conhecidas, todas encaixadas muito bem nas situações da história, mostrando, inclusive, cenas em que Tim compõe as músicas.

     As interpretações de Robson Nunes e Babu Santana estão em um nível que faz o espectador acreditar fielmente que ambos são a mesma pessoa. Robson começa fazendo o Tim Maia jovem em busca de um sonho, a ida aos EUA e o início do sucesso, assim entrando Babu Santana, o já famoso e polêmico Tião que todos conhecemos. Os trejeitos do cantor foram muito bem representados pelos dois. Inclusive, a dublagem na hora das músicas é muito bem feita, sendo quase imperceptível.

     O único problema dentro do elenco esta na atuação de George Sauma como Roberto Carlos, em uma interpretação caricata e que beira uma paródia do Rei da música brasileira. Fora ele, todos os coadjuvantes vão muito bem, principalmente na representação de nomes famosos como Erasmo Carlos e Jorge Ben Jor

     Tim Maia é um filme de um nível tão alto, que nem o próprio cantor poderia criticar. Com uma parte técnica impecável e atuações excelentes de Robson e Babu, é uma bela homenagem ao eterno Síndico do Brasil. Nada melhor para definir a falta que Tim Maia faz na música brasileira do que os versos de uma de suas próprias canções. "Não sei porque você se foi / Quantas saudades eu senti / E de tristezas vou viver / E aquele adeus não pude dar /... / E eu, gostava tanto de você...".

Por: Vitor Pontes

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