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segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Somos Tão Jovens - Crítica

Nota: 6

Título: Somos Tão Jovens
Gênero: Drama, Biografia
Nacionalidade: Brasil
Ano de produção: 2013
Estreia no Brasil: 3 de maio de 2013
Duração: 104 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Direção: Antonio Carlos da Fontoura
Roteiro: Marcos Bernstein
Elenco: Thiago Mendonça, Sandra Corveloni, Marcos Breda, Bianca Comparato, Laila Zaid, Bruno Torres


     Somos Tão Jovens é um filme que tinha uma missão muito difícil: retratar o ídolo de uma geração. Além de um símbolo para quem viveu sua juventude nas décadas de 80 e 90, as músicas e pensamentos desse músico ainda perduram na atualidade sendo passados de pai para filho. De espírito revolúcionário, Renato Russo foi cantor, compositor e poeta, mas também fazia parte do mundo de sexo, drogas e rock n' roll. Ao prometer trazer todos os detalhes da vida do líder do Legião Urbana, as expectativas para essa produção chegaram a níveis incríveis, aumentando ainda mais a responsabilidade em torno do projeto. O resultado tem seus pontos positivos, mas não cumpre o que todos esperavam.

     A obra busca mostrar a vida de Renato (Thiago Mendonça) desde quando começou a se interessar por música e literatura, passando pelo conturbado período em que criou o Aborto Elétrico (grupo punk que se dividiu formando o Legião Urbana e o Capital Inicial), quando passou um tempo em carreira solo, até chegar ao estrelato com o seu consagrado grupo.

    A atmosfera criada para representar o sentimento de revolta e vontade de mudar dos jovens é boa. A busca por liberdade de expressão tem entre as consequencias a explosão da música como forma de pensamento. Nesse ponto, o filme aproveita para mostrar outras bandas que surgiram junto com o Legião Urbana e que conviveram nos mesmos ambientes na Brasília das décadas de 70 e 80, como Capital Inicial e Plebe Rude.

     O erro do roteiro está na forma como ele trata os lados mais sombrios de Renato Russo. O filme mostra muito o cantor em sua forma de ídolo e revolúcionário, mas esquece o seu problema com drogas e bebida. Tudo é muito velado, parecendo artificial. Os ambientes punks que Renato frequentava eram muito pesados e tinham todo tipo de ilegalidade, mas aqui nada disso é retratado. A suavidade é tanta que aquele espectador que não conheça a carreira do músico pode até acabar o filme achando que ele era um cara "certinho", sendo que sempre esteve longe disso. Esse ponto decepciona muito, já que era uma das maiores curiosidades que as pessoas tinham e esperavam muito ver no filme

     Além disso, a homossexualidade de Renato Russo é praticamente ignorada. O gosto por "meninos e meninas" chega ser comentado, mas de forma muito simples. A importância dessa característica na vida inteira do cantor é deixada de lado.

     O filme empolga mesmo em momentos musicais. Os grandes sucessos do Legião Urbana estão lá, cantados no estilo rock de garagem por Renato e pelas outras bandas presentes. A produção oferece, através dessas interpretações, curiosidades sobre como foi a composição de clássicos como "Eduardo e Mônica" e "Faroeste Caboclo". É impossível não se deixar levar pelas músicas nesses momentos.

     A atuação era um dos pontos mais arriscados do filme e o erro na escolha do protagonista poderia matar a produção. Por sorte, Thiago Mendonça vai muito bem, se adaptando bem aos jeitos de agir e modos de falar de Renato Russo. Os coadjuvantes não tem muito destaque e não são bem desenvolvidos, mas vale a pena citar Laila Zaid como Ana, uma mistura de várias amigas que o vocalista teve na vida.

     Entre erros e acertos, Somos Tão Jovens até empolga, mas peca ao trazer expectativas imensas e não cumprir com elas. A promessa de mostrar detalhes ficou apenas nas palavras mesmo. Apesar disso, os momentos para cantar junto e a presença de outros ícones da música ajudam a salvar o filme, que pode divertir os fãs do maior roqueiro da história do Brasil.

Por: Vitor Pontes

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