Páginas

sábado, 29 de novembro de 2014

Sin City - A Dama Fatal - Crítica

Nota: 6

Título: Sin City - A Dama Fatal (Sin City - A Dame To Kill For)
Gênero: Policial, Ação
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2014
Estreia no Brasil: 25 de setembro de 2014
Duração: 102 minutos
Classificação indicativa: 16 anos
Direção: Frank Miller, Robert Rodriguez
Roteiro: Frank Miller, Robert Rodriguez
Elenco: Josh Brolin, Eva Green, Jessica Alba, Bruce Willis, Mickey Rourke, Joseph Gordon-Levitt, Rosario Dawson, Jamie Chung, Lady Gaga, Ray Liotta, Christopher Lloyd, Power Booth, Dennis Haysbert


      Há nove anos, estreava nos cinemas Sin City - A Cidade do Pecado. Baseada nas HQ's criadas por Frank Miller, que foi chamado para dirigir e roteirizar o filme, a produção de Robert Rodriguez ganhou destaque devido a seu visual inovador, que apresentava a obra toda em preto e branco, aproximando-se da estética de quadrinhos, com alguns detalhes coloridos, estes utilizados para criar impacto em determinados momentos da história. A parte técnica em conjunto com um elenco estelar, formado por nomes como Bruce Willis, Mickey Rourke e Clive Owen, chamou a atenção do público, fazendo o filme arrecadar uma boa bilheteria. Desde então, longos nove anos se passaram e rumores circulavam sobre a realização de uma sequência. Em meio aos boatos, foi confirmada a continuação, que estreou em setembro desse ano. A grande demora entre as produções criou grandes expectativas em relação ao nível do novo filme. Infelizmente, nada impressiona. O resultado é, praticamente, uma obra identica a original.

     Novamente, o roteiro se divide em três histórias que possuem ligações e não tem ordem cronológica. Em uma delas, Johnny (Joseph Gordon-Levitt) é um jogador de cartas que parece imbatível. Ao enfrentar o poderoso e corrupto senador Roarke (Power Booth), ele se envolve em problemas e passa a correr grande risco de vida. Em outra história, a stripper Nancy (Jessica Alba) ainda sofre pela morte de Hartigan (Bruce Willis) e decide buscar vingança contra os responsáveis por seu assassinato. Na última, que dá título ao filme, Dwight (Josh Brolin, papel que no outro filme ficou com Clive Owen) se vê enganado pelos poderes sedutores da misteriosa Ava (Eva Green), a Dama Fatal, então precisa tentar recuperar tudo o que perdeu para a mulher.

     Entre as três, apenas a história do título já existia, tendo as outras sido criadas especialmente para o filme. Por não possuírem ordem cronológica alguma, personagens mortos vão e vem, deixando o espectador perdido em certos momentos. Aliás, essa falta de sequência torna dispensável ter assistido o primeiro filme para entender qualquer um dos acontecimentos.

     O roteiro sempre utiliza a ideia da busca por vingança e do uso da violência como solução para tudo como base para trama. É exatamente o mesmo estilo do anterior, ou seja, quem gostou daquele provavelmente irá apreciar as histórias desse também. Porém, algo que já era visto no outro filme e causou incômodo em alguns foi ainda maior agora: o uso das mulheres como meros objetos sexuais. Todas as personagens utilizam toda a sua sedução para conseguir o que desejam, sem medir esforços para isso. A visão que o filme possui das protagonistas femininas é bem ultrapassada, o que pode levar ele a ser taxado de machista por razões muito justificáveis.

     O visual, como dito, é o mesmo já visto anteriormente, tendo como única novidade a adição do 3D, que, apesar de bom, não causa impacto ou representa uma mudança realmente significativa para a parte técnica do filme.

     O elenco recheado de astros volta a cena. Caras conhecidas como Bruce Willis, Mickey Rourke e Jessica Alba aparecem novamente, junto a outras estrelas adicionadas, tendo entre elas Josh Brolin, Joseph Gordon-Levitt e Eva Green, além de participações de Ray Liotta, Christopher Lloyd e Lady Gaga. A única mudança ocorrida que não teve relação com a história foi a entrada de Dennis Haysbert, que substitui o falecido Michael Clarke Duncan.

     Apesar de ser mais do mesmo, Sin City - A Dama Fatal certamente irá agradar quem gostou da primeira produção, porém é bom que não se espere nada a mais, pois isso certamente causará decepção. Não é um filme ruim, mas não possui nem metade do que tornou o primeiro filme uma obra marcante para o cinema.

Por: Vitor Pontes

Quero Matar Meu Chefe 2 - Crítica

Nota: 6

Título: Quero Matar Meu Chefe 2 (Horrible Bosses 2)
Gênero: Comédia
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2014
Estreia no Brasil: 26 de novembro de 2014
Duração: 108 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Direção: Sean Anders
Roteiro: John Francis Daley, Jonathan Goldenstein, Sean Anders, John Morris
Elenco: Jason Bateman, Charlie Day, Jason Sudeikis, Chris Pine, Jennifer Aniston, Kevin Spacey, Jamie Foxx, Christoph Waltz


     Lançado em 2011, Quero Matar Meu Chefe surpreendeu a todos com seu elenco que, apesar de possuir estrelas como Kevin Spacey, Jennifer Aniston e Colin Farrell, tinha como protagonistas três atores pouco conhecido, embora Jason Bateman já tivesse feito grandes trabalhos. Recheado de referências a televisão, outros filmes e a quadrinhos, o filme sabia usar linguagem chula sem apelar para baixarias, conquistando o público e fazendo sucesso nas bilheterias. Logo começaram as negociações para uma continuação, que chega aos cinemas esse ano. Apesar do roteiro diferente, a proposta é basicamente a mesma: os três amigos vão cometer um crime e se metem em diversos problemas.

     Após os acontecimentos do filme anterior, os amigos Nick (Jason Bateman), Dale (Charlie Day) e Kurt (Jason Sudeikis) decidem investir em um negócio próprio, porém, eles sofrem um golpe do empresário (Christoph Waltz) que iria distribuir seus produtos, ficando completamente falidos e prestes a perder tudo. Para tentar se vingar e recuperar o dinheiro, os três planejam sequestrar o filho do bilionário (Chris Pine) para ficarem com o resgate e levantarem suas carreiras.

     Assim como o anterior, a sequência não faz a menor questão de se levar a sério, ou seja, tudo é desenvolvido de forma simples propositalmente. A premissa de cometer um crime leva a encontros com os antigos chefes (Jennifer Aniston e Kevin Spacey), além do criminoso "Mete a Mãe" Jones (Jamie Foxx). A falta de comprometimento foi um ponto positivo do original e continua sendo, já que seria impossível considerar reais possibilidades de uma história dessas.

     Apesar de seguir a linha do primeiro filme, a produção acaba utilizando muito mais piadas sexuais dessa vez, não só nas cenas com a personagem de Jennifer Aniston, mas em geral. Isso pode incomodar quem não gosta muito desse estilo, já que antes esses momentos eram mais leves e menos gratuitos do que agora.

    O jeito excêntrico dos protagonistas Dale e Kurt é muito explorado, principalmente do personagem de Charlie Day, que roubou a cena quando apareceu no primeiro filme. Já Nick é mais contido, sendo a "voz da razão" no grupo de amigos. Os momentos de confusão entre os três são muito utilizados para as piadas, porém incomodam em certas partes, devido a todos falarem ao mesmo tempo várias vezes. Uma tentativa de fazer rir através do exagero que, apesar de divertir, irrita bastante quem não gosta dessa forma de humor. 

    O filme contem muitas referências a cultura pop e todas são bem feitas. Sandra Bullock, Jane Fonda e Bradley Cooper são alguns dos atores citados e, entre os filmes, temos piadas sobre a comédia Se Beber, Não Case e o clássico Clube da Luta. Além disso, o principal alvo é a música Roar, da cantora Kay Perry, que até possui importância fundamental para a trama.

     Infelizmente, algumas piadas se perdem na versão nacional, pois há trocadilhos com a pronúncia de nomes em inglês. Não há muito o que fazer em relação a isso, já que era impossível manter o humor dessas cenas traduzindo-as, mas o fato não deixa de prejudicar um pouco a qualidade da obra.

    O elenco original volta quase completo, com exceção de Colin Farrell. Os três protagonistas seguem a mesma linha que seus personagens já possuíam, porém Jason Sudeikis explora mais o lado "louco" de Kurt. Entre os novos atores, Chris Pine tem destaque ao fazer o excêntrico filho do empresário que aplica o golpe nos personagens. O antagonista não possui tanto tempo em tela, porém Christoph Waltz tenta fazer algo mais cômico, ao estilo de quanto atuou em Besouro Verde, onde também interpretou um vilão. Para os fãs de Breaking Bad, a participação de Jonathan Banks é bem legal e vai alegrar quem sente saudades do ator que interpretava o eterno Mike na série de TV.

       Mesmo sendo inferior ao original, Quero Matar Meu Chefe 2 agrada bastante e esta bem acima do nível da maioria das comédias atualmente. Com boas referências e um elenco estelar, tem tudo para divertir quem gostou do primeiro filme, sendo uma ótima pedida para quem buscar rir sem compromissos.

Por: Vitor Pontes

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Antes de Partir - Crítica

Nota: 6

Título: Antes de Partir (The Bucket List)
Gênero: Comédia, Drama
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2007
Estreia no Brasil: 22 de fevereiro de 2008
Duração: 97 minutos
Classificação indicativa: 10 anos
Direção: Rob Reiner
Roteiro: Justin Zackham
Elenco: Jack Nicholson, Morgan Freeman, Sean Hayes, Beverly Todd, Rob Morrow, Alfonso Freeman


     Antes de Partir é um filme que não possui nada de original. Tem os clichês clássicos de obras que abordam a amizade e o sentido da vida e personagens que são esteriótipos dos eventuais papéis da dupla de protagonistas, mas, mesmo assim, é uma produção que ainda pode fazer rir e conseguir emocionar, apesar de não ser algo marcante ou histórico. As coisas só funcionam graças ao carisma dos dois adorados atores principais: Morgan Freeman e Jack Nicholson.

     Carter Chambers (Morgan Freeman): mecânico, casado, um dia se sente mal no trabalho e é levado para o hospital, onde descobre possuir um câncer. Edward Cole (Jack Nicholson): empresário, dono de um hospital, também se sente mal e descobre ter câncer. Ambos ficam internados no mesmo local na clínica pertencente a Cole, devido a sua regra de que cada quarto precisa ter dois leitos. De personalidades opostas, ambos se estranham inicialmente, mas começam a se aproximar, ainda mais depois da notícia de que possuem apenas alguns meses de vida. Então, Carter começa a escrever a "Lista da Bota" (Daí o nome original, The Bucket List), que consiste em tudo que ele deseja fazer antes de morrer. Cole gosta da ideia e decide usar todo seu dinheiro para que eles possam sair e realizar seus desejos, desenvolvendo assim uma bela amizade.

     Apesar da falta de originalidade e o fato de que tudo que vai acontecer com os personagens é extremamente óbvio, a história consegue prender pela forma com que o desenvolvimento dos protagonistas é feito. A clássica história do pai arrependido por não ter contato com os filhos, o homem frustado com seu casamento e todo o resto estão lá, mas o filme consegue ser interessante mesmo assim.

     Totalmente filmada em estúdio, a produção usa e abusa do chroma key, mas o resultado é péssimo. Os cenários são extremamente artificiais e não convencem ninguém, além de que tudo é feito como se cada ambiente tivesse que ser o cartão-postal de um país, o que não agrada nem um pouco. Em uma história onde os locais visitados pelos protagonistas representam os gostos e a personalidade de cada um, a má qualidade dos efeitos diminui muito o potencial do filme e causa grande frustração.

     As atuações podem não estar nos níveis espetaculares que estamos acostumados a ver de Jack Nicholson e Morgan Freeman, mas não são ruins. Apesar das personalidades distintas dos personagens, a amizade deles é bem desenvolvida muito em razão da química entre os atores. Claro que os protagonistas são papéis fáceis para os dois, a exemplo de Edward Cole, o homem ranzinza que Nicholson é mestre em interpretar, mas isso não tira o mérito de ambos.

     Apesar de todos os defeitos técnicos e da história cheia de clichês, Antes de Partir pode agradar quem busca um filme dramático sem ser exigente, já que a história chega a emocionar e divertir. Além disso, é ótimo ter a oportunidade de ver atores como Nicholson e Freeman juntos, sendo eles a principal razão para assistir a obra.

Por: Vitor Pontes

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Tim Maia - Crítica

Nota: 9

Título: Tim Maia
Gênero: Drama, Biografia
Nacionalidade: Brasil
Ano de produção: 2014
Estreia no Brasil: 30 de outubro de 2014
Duração: 140 minutos
Classificação indicativa: 16 anos
Direção: Mauro Lima
Roteiro: Mauro Lima, Antonia Pellegrino (Obra original de Nelson Motta)
Elenco: Babu Santana, Robson Nunes, Alinne Moraes, Cauã Reymond, Laila Zaid, Nando Cunha, George Sauma. Luis Lobianco, Denise Dumont


     Em 28 de setembro de 1942, nascia em Niterói um dos maiores nomes da história da música brasileira. Sebastião Rodrigues Maia, na época conhecido como Tião, era apenas "um mulato sem chance", de acordo com o próprio, que veio a se tornar o "Síndico do Brasil". Tim Maia não só revolucionou ao introduzir o Soul na cultura musical do país, mas acabou por criar uma imagem marcante de sua personalidade em uma carreira definida por polêmicas. Drogado, individualista e desleixado são apenas alguns dos defeitos que podem ser utilizados para se referir ao cantor, que, apesar desses problemas, é sempre lembrado por seu jeito descontraído e amável nos holofotes.

     Baseada no livro Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia, de Nelson Motta, a adaptação de sua vida para os cinemas retrata desde o nascimento do artista, passando pelo tempo que viveu no exterior, sua prisão, o sucesso, as polêmicas, até chegar ao dia de sua morte em 1998, quando tinha 55 anos. Claro que nem todo o conteúdo vem do livro. Muita coisa foi tirada de outras obras sobre Tim Maia, além de entrevistas feitas com pessoas que foram próximas a ele.

     A longa duração do filme, 2h20, é a consequência da opção de retratar uma vida inteira, mas, mesmo assim, muita coisa ainda foi condensada para evitar aumentar ainda mais o tempo da produção. A história é narrada por Fábio (Cauã Reymond), que seria um músico que tocou por 30 anos junto de Tim Maia, mas, na verdade, não existiu, sendo ele a fusão de várias pessoas que passaram se relacionaram com o Síndico. As esposas também foram unidas na figura de Janaína (Alinne Moraes), o amor da vida do músico.

     A narração de Cauã Reymond, recurso que tinha tudo para dar errado, surpreende ao funcionar de forma perfeita para a obra, já que seu personagem é muito bem desenvolvido e, assim como o protagonista, também fala de forma irônica.

     A representação da época, através dos cenários, figurinos e formas de falar, é digna de um filme de Hollywood. A fotografia e toda a parte técnica é excelente, inclusive a trilha sonora. Os grandes sucessos estão lá, além de canções menos conhecidas, todas encaixadas muito bem nas situações da história, mostrando, inclusive, cenas em que Tim compõe as músicas.

     As interpretações de Robson Nunes e Babu Santana estão em um nível que faz o espectador acreditar fielmente que ambos são a mesma pessoa. Robson começa fazendo o Tim Maia jovem em busca de um sonho, a ida aos EUA e o início do sucesso, assim entrando Babu Santana, o já famoso e polêmico Tião que todos conhecemos. Os trejeitos do cantor foram muito bem representados pelos dois. Inclusive, a dublagem na hora das músicas é muito bem feita, sendo quase imperceptível.

     O único problema dentro do elenco esta na atuação de George Sauma como Roberto Carlos, em uma interpretação caricata e que beira uma paródia do Rei da música brasileira. Fora ele, todos os coadjuvantes vão muito bem, principalmente na representação de nomes famosos como Erasmo Carlos e Jorge Ben Jor

     Tim Maia é um filme de um nível tão alto, que nem o próprio cantor poderia criticar. Com uma parte técnica impecável e atuações excelentes de Robson e Babu, é uma bela homenagem ao eterno Síndico do Brasil. Nada melhor para definir a falta que Tim Maia faz na música brasileira do que os versos de uma de suas próprias canções. "Não sei porque você se foi / Quantas saudades eu senti / E de tristezas vou viver / E aquele adeus não pude dar /... / E eu, gostava tanto de você...".

Por: Vitor Pontes

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Amor Sem Escalas - Crítica

Nota: 9

Título: Amor Sem Escalas (Up in the Air)
Gênero: Drama, Comédia, Romance
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2009
Estreia no Brasil: 22 de janeiro de 2010
Duração: 109 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Direção: Jason Reitman
Roteiro: Sheldon Turner, Jason Reitman (Obra original de Walter Kirn)
Elenco: George Clooney, Vera Farmiga, Anna Kendrick, Jason Bateman, Amy Morton, Melanie Lynskey, Danny McBride, J. K. Simmons, Zach Galifianakis


     Primeiramente, é bom informar que a tradução do título do filme para Amor Sem Escalas foi um erro, pois dá a impressão da obra ser um romance, o que não é (apesar de possuir alguns toques do gênero). Falando da obra em si, quem já assistiu Juno e Obrigado Por Fumar sabe que o diretor Jason Reitman tem um jeito muito interessante de lidar com temas da realidade que todos nós vivemos, utilizando diálogos incríveis, sarcásticos e ao mesmo tempo emocionantes. Apesar de possuir um pouco menos de sarcasmo e piadas, Amor Sem Escalas traz um ótimo equilíbrio entre o drama e os momentos que possuem tom de comédia, em uma história que passa uma mensagem de reflexão impressionante e inspiradora.

     Ryan Bingham (George Clooney) é um lobo solitário por escolha própria. Seu emprego é demitir pessoas. Sim, ele trabalha para uma empresa que, como o protagonista descreve, "empresta pessoas para fazer o que chefes covardes não conseguem". Ryan é uma pessoa fria que, graças a seu trabalho, faz o que mais gosta: viajar por aí, praticamente nunca parando em algum lugar (o pesadelo do personagem é ter que se acomodar e ficar parado). Tudo vai bem, até seu chefe (Jason Bateman) contratar Natalie Keener (Anna Kendrick), uma jovem que apresenta a proposta de demitir funcionários através de videoconferências, o que ameaça o emprego de Ryan. Então, eles passam a viajar juntos para que ele possa convence-lá de que o trabalho tem que ser feito pessoalmente. No meio dessas viagens, o protagonista conhece Alex Goran (Vera Farmiga), executiva que é uma "versão mulher" dele, assim começando uma espécie de relacionamento entre os dois.

      Apesar da época do lançamento do filme se encaixar perfeitamente com a proposta, já que o EUA estava na pior fase da última grande crise econômica, ele, na verdade, é baseado em um livro lançado por Walter Kirn em 2001. Reitman começou a adaptá-lo em 2002, mas terminou apenas seis anos depois devido a outros projetos. O momento apenas ajudou a aumentar o poder do filme, que fala de solidão, tristeza e a necessidade de recomeçar na vida. 

     O amor é essencial, até para os mais frios e solitários, e ter alguém para viver e compartilhar experiências juntos, seja esse alguém um familiar ou um amigo, é uma das melhores coisas no mundo. Essa é uma das grandes mensagens da história. A sociedade esta cada vez menos sentimental, então até que ponto vale a pena ter relações humanas? O filme deixa um pouco do seu ponto de vista, mas tem a intenção de fazer cada um refletir e ter sua própria resposta. 

     A história não seria nada sem as poderosas atuações do trio principal, todos indicados ao Oscar. George Clooney tem o carisma de sempre e faz uma ótima interpretação, sendo Ryan um personagem frio, mas que possui sentimentos reprimidos. Vera Farmiga, que já havia sido destaque em Os Infiltrados, interpreta uma personagem símbolo feminista de tão independente. Porém, o destaque maior vai para Anna Kendrick, que surpreendeu a todos depois do papel tão criticado na Saga Crepúsculo, mostrando que possui talento e pode ser um dos grandes nomes dos próximos anos.

     Dramático, emocionante e apaixonante, Amor Sem Escalas é um filme que marca por fazer refletir sem se perder no clichê de que o amor resolve tudo. É difícil assistir, não olhar para si mesmo e pensar sobre suas relações e se hoje você apenas continua indo ou se sua vida esta velendo a pena. Tenham todos uma boa reflexão.

Por: Vitor Pontes

domingo, 23 de novembro de 2014

Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1 - Crítica

Nota: 8

Título: Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1 (The Hunger Games: Mockingjay - Part 1)
Gênero: Ação, Aventura
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2014
Estreia no Brasil: 19 de novembro de 2014
Duração: 125 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Direção: Francis Lawrence
Roteiro: Danny Strong (Obra original de Suzanne Collins)
Elenco: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth, Philip Seymour Hoffman, Julianne Moore, Elizabeth Banks, Donald Sutherland, Woody Harrelson, Jena Malone, Sam Caflin, Stanley Tucci, Natalie Dormer


     Primeiramente, é necessário destacar que uma análise dessa produção é difícil de ser feita, afinal, é uma história incompleta, sendo que a segunda parte terá um tom muito diferente do que foi essa primeira. Maior sucesso adolescente desde o fim de Harry Potter, a saga Jogos Vorazes investe em um tom mais sombrio e pesado para seus capítulos finais, utilizando essa primeira parte para mostrar momentos de reflexão. As cenas de ação acabaram quase que totalmente deixadas de lado, sendo tudo um preparo para as explosões que virão no encerramento da série.

     Após a reviravolta ocorrida no final de Jogos Vorazes - Em Chamas, Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) esta no Distrito 13, junto aos rebeldes que buscam a revolução. A necessidade agora é estimular todos a entrarem em combate e apoiarem a causa contra a autoritária Capital, governada pelo presidente Snow (Donald Sutherland). Para isso, Plutarch Heavensbee (Philip Seymour Hoffman) e a presidente Alma Coin (Julianne Moore) precisam utillizar a imagem do Tordo para convencer, ou seja, usar Katniss. Ela aceita a responsabilidade, porém exige que resgatem os prisioneiros da Capital, incluindo o "amor" Peeta Mellark (Josh Hutcherson).

      Conhecida por sempre trazer críticas sociais e assuntos políticos implícitos, a série decide usar a publicidade como tema dessa vez. Cada lado busca utilizar a propaganda como arma para fortalecer sua causa. Os rebeldes querem trazer pessoas para seu lado, enquanto o governo utiliza todos os seus recursos para acalmar os distritos e evitar rebeliões. Essa guerra ideológica é desenvolvida de forma excelente e mostra mais uma vez o porquê da saga ser tão elogiada, pois, apesar de ser feita para adolescentes, possui temas adultos e complexos, se diferenciando das outras produções para esse público. A necessidade de um símbolo, a figura do líder, tudo esta ali para ser discutido e analisado. Além disso, o jogo político ganha tons ainda mais fortes através da figura da presidente Coin. Autoritária ao extremo, ela mostra que apesar da defesa da democracia, a política não é um local para os fracos. Tudo é feito através de interesses, não sendo exatamente para o bem comum.

      Katniss Everdeen é desenvolvida através do trauma que sofreu na arena dos jogos e na mudança repentina da sua percepção das coisas. Ela parece sofrer o filme todo de um estresse pós-traumático, o que chega a irritar em algumas partes. Infelizmente, parece que toda aquela representação de poder feminino que surgiu no primeiro filme esta se perdendo, com tudo indo para um lado em que a personagem só se importa com o próprio bem e com os poucos que ela gosta. A imagem vendida pela produção de que Katniss é um símbolo para nova geração esta em contraste com a teimosia apresentada pela personagem em quase todo o filme. Fora o "triângulo amoroso" da história, que é desenvolvido de forma bem fraca. Esses problemas não significam que ela seja uma protagonista ruim, mas jogaram fora grande parte da imagem de força e independência que Katniss possuía.

      Jennifer Lawrence se adapta bem aos sentimentos de angústia da personagem e faz mais uma boa atuação em sua carreira. Josh Hutcherson aparece pouco, já que Peeta terá maior destaque na Parte 2 da produção, mas ele vai muito bem. Fechando o trio dos jovens, a decepção do filme é Liam Hemsworth. É impossível definir se Gale esta irritado, triste ou feliz, visto que a expressão é a mesma sempre. Os grandes destaques vão para os coadjuvantes, principalmente Philip Seymour Hoffman, que mostra o quanto suas atuações vão fazer falta no cinema (a Parte 2 será o último filme do ator), transformando um papel que já era marcante em algo ainda mais incrível. Julianne Moore tão faz um trabalho fantástico como a autoritária presidente Coin. Mesmo com seus papéis tendo menor destaque, Woody Harrelson e Elizabeth Banks mantém o carisma de sempre, agradando bastante.

  Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1 surpreende ao ser mais calmo que os outros filmes da série, mostrando apenas o início da grande guerra que virá. O tom político que sempre ficou implícito ganha mais destaque, o que pode agradar ainda mais quem admira a filosofia por trás da saga. Um bom começo para o fim de tudo. Agora é só esperar a Parte 2.

Por: Vitor Pontes

sábado, 22 de novembro de 2014

Os Mercenários 3 - Crítica

Nota: 4

Título: Os Mercenários 3 (The Expendables 3)
Gênero: Ação, Aventura
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2014
Estreia no Brasil: 21 de agosto de 2014
Duração: 126 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Direção: Patrick Hughes
Roteiro: Sylvester Stallone, Creighton Rothenberger, Katrin Benedikt
Elenco: Sylvester Stallone, Jason Statham, Arnold Schwarzenegger, Harrison Ford, Mel Gibson, Antonio Banderas, Jet Li, Wesley Snipes, Dolph Lundgren, Kelsey Grammer, Randy Couture, Terry Crews, Kellan Lutz, Ronda Rousey


     A série Mercenários começou através de Sylvester Stallone, cuja ideia era resgatar o espírito dos muitos filmes de ação da década de 80. Para isso, nada melhor do que chamar os astros dessa época, então Rambo convocou Schwarzenegger, Jet Li, Jason Statham, Mickey Rourke, Bruce Willis e outras estrelas do cinema de ação. Após muitos tiros e muita pancadaria, o sucesso possibilitou a criação de uma franquia, assim surgindo Mercenários 2. O segundo filme resolveu seguir o caminho da paródia, usando até os populares Chuck Norris Facts para rir dos clichês do gênero. Lançada esse ano, a terceira produção da série decidiu seguir de vez esse caminho, acabando por oferecer mais comédia e menos ação do que os antecessores. Mesmo com o objetivo inicial do projeto ainda sendo parcialmente alcançado, a qualidade diminuiu consideravelmente.

     A história, novamente, tem uma base muito simples que serve apenas como justificativa para colocar estrelas em combates explosivos. Barney (Sylvester Stallone) entra em uma missão com seu grupo de mercenários para resgatar Doc (Wesley Snipes). Em seguida, durante um combate, acabam encontrando Conrad Stonebanks (Mel Gibson), um antigo companheiro que Barney achava que havia matado. Com isso, começa um caçada para encontrar e matar Conrad.

     Por mais incrível que pareça, esse é o roteiro mais desenvolvido da série. Acontece uma "substituição" dos mercenários veteranos por mais jovens, o que tenta colocar mais dramaticidade a história, o que não funciona (até porque o elenco mais novo...). É incrível como tudo se resolve de forma simples. Para explicar o porquê da necessidade de encontrar o vilão Conrad, Barney mostra uma pasta de arquivos, que contém uma foto do antagonista e outras de crianças assassinadas. Pronto, ele é o inimigo. É ridículo ao extremo.

     O tom de paródia já citado até rende alguns risos, mas bem poucos mesmo. Por exemplo, para justificar a ausência de Bruce Willis no filme, o personagem de Stallone fala "He's out of the picture" (literalmente, "ele esta fora do filme"). É o tipo de coisa que incomoda em um projeto que originalmente tinha intenção de causar nostalgia e não rir do gênero homenageado. Isso diminuiu o tom da ação, que seria o atrativo principal.

     As cenas de ação tem maior destaque no início e no final do filme, sendo o que mais agrada na produção. Apesar do climax parecer prolongado um pouco mais do que devia, ele diverte e honra os clássicos com suas "cenas impossíveis" e muitas explosões. A "batalha final" então é um prato cheio para qualquer amante dos astros de ação.

     Stallone faz o personagem de maior destaque, obviamente. O elenco estelar não permite que cada um tenha um bom tempo em tela, mas todos tem seu momento de destaque. Levando mais em consideração os "novatos" do elenco, o grande nome adicionado é Mel Gibson. O ator consegue transformar um vilão fraco em algo muito mais aceitável e que chega a ser admirável. Era um talento que estava fazendo falta no mundo do cinema. Wesley Snipes e Antonio Banderas seguem mais essa onda de piadas do filme, sendo personagens muito utilizados para fazer rir.

     Falando do elenco de jovens, este decepciona muito. Kellan Lutz (do terrível Hércules, lançado no começo do ano) tem outra atuação horrível em um personagem pra lá de esteriotipado. Ronda Rousey, a campeão do UFC, faz boas cenas de ação e só, porque se for pra dizer apenas uma frase, as coisas ficam muito ruins (e ela ainda ficou brigando pra fazer o papel de Mulher-Maravilha? Ainda bem que a Warner tem bom senso). De resto, nem vale a pena falar sobre.

     Os Mercenários 3 é um filme bem fraco, que consegue divertir mesmo apenas nas cenas de ação. Algumas das piadas utilizadas na produção até são boas, principalmente quando fazem referências a clássicos ("Get to the choppa!"), mas, em geral, não agradam. A única coisa que realmente vale a pena ao assistir o filme é a felicidade de ver vários astros juntos, principalmente para os espectadores mais velhos, já que a a sensação de nostalgia virá naturalmente.

Por: Vitor Pontes

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

A Culpa é das Estrelas - Crítica

Nota: 8

Título: A Culpa é das Estrelas (The Fault In Our Stars)
Gênero: Drama, Romance
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2014
Estreia no Brasil: 5 de junho de 2014
Duração: 126 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Direção: Josh Boone 
Roteiro: Scott Neustadter, Michael H. Weber (Obra original de John Green)
Elenco: Shailene Woodley, Ansel Elgort, Nat Wolff, Willem Dafoe, Laura Dern, Sam Trammel, Lotte Verbeek


     John Green é o nome do momento na literatura mundial. Apesar de só possuir seis livros publicados, todos viraram best sellers. Seguindo o costume de fazer adaptações, Hollywood logo se interessou por suas histórias e resolveu adaptar a última e mais famosa obra do escritor: A Culpa é das Estrelas. O hype criado em cima do filme chegou a proporções absurdas. Os fãs aguardavam desesperados, outras pessoas não sabiam o que esperar e os críticos torciam o nariz antes mesmo do lançamento. Surpreendendo a grande maioria, o filme agradou muito a todos e muito desse sucesso se deve a originalidade com que John Green tratou um assunto tão espinhoso: o câncer.

     Hazel (Shailene Woodley) é uma adolescente que sofre da doença, que afeta principalmente seus pulmões. Frequentadora de um grupo de apoio, em uma das reuniões ela acaba encontrando Gus (Ansel Elgort), jovem que também possui câncer, sendo que a doença lhe fez perder uma das pernas. As conversas logo se transformam em romance e eles iniciam seu relacionamento sabendo da possibilidade de perderem um ao outro a qualquer momento.

     É esperado um clima de tristeza constante, mas esse não ocorre, o que é o grande diferencial do filme. Hazel e Gus já se acostumaram com a morte rondando suas vidas, o que vale mesmo é aproveitar o tempo que ainda resta. Para isso, o jeito é fugir da vitimização e rir de si mesmo. As piadas com os problemas que surgem em consequencia da doença são constantes e demonstram mais sobre a personalidade dos dois. Ambos se preocupam com o legado deixado em vida e tem questionamentos profundos sobre vários outros assuntos, mas tudo é tratado de forma leve devido ao clima de autoparódia criado por eles.

     Obviamente, o final não é feliz, porém o filme não deixa isso claro em nenhum momento, fazendo o espectador sempre torcer pelo sucesso do casal, embora isso seja impossível. A obra cumpre brilhantemente a função de emocionar, podendo facilmente arrancar lágrimas de grande parte do público, mas nunca utilizando situações forçadas ou clichês para isso.

     Claro que todos esses pontos positivos do filme não existiriam sem grandes interpretações. Shailene Woodley e Ansel Elgort trabalham juntos na série de filmes Divergente e a química entre eles é uma das bases para o sucesso do filme. Os dois mostram o porquê de serem alguns dos jovens atores com maior potencial na atualidade, fazendo personagens complexos que não deixam de lado a simplicidade. Destaques para os veteranos Laura Dern, com uma participação pequena, mas importante, e para Willem Dafoe, com sua qualidade de sempre em um papel muito forte e essencial para a trama.

     A Culpa é das Estrelas mostrou ser uma das maiores surpresas do ano. O filme retrata bem a necessidade de se buscar uma razão para viver e a preocupação de deixar algo bom nesse mundo. Simples e bem feita, a produção consegue comover sem nunca se perder nos clichês do gênero. Além disso, a grande bilheteria fez Hollywood enxergar em John Green uma nova fonte de dinheiro, visto que mais três filmes baseados em suas obras estão em produção. Desde que todas possuam a qualidade desta, o cinema agradece.

Por: Vitor Pontes

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Rush - No Limite da Emoção - Crítica

Nota: 10

Título: Rush - No Limite da Emoção (Rush)
Gênero: Drama, Biografia
Nacionalidade: EUA, Alemanha, Reino Unido
Ano de produção: 2013
Estreia no Brasil: 13 de setembro de 2013
Duração: 122 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Direção: Ron Howard
Roteiro: Peter Morgan
Elenco: Chris Hemsworth, Daniel Bruhl, Olivia Wilde, Alexandra Maria Lara, Pierfrancesco Favino, Natalie Dormer


     A falta de interesse de muitos pelo automobilismo atual se deve, principalmente, a falta de emoção. Nas corridas, uma disputa emocionante acontece raramente, fora o fato de que a vitória depende mais da potência do carro do que da habilidade dos pilotos em si. Na década de 70, a chamada Era de Ouro da F1, as coisas eram muito diferentes. Os torneios eram disputados por gladiadores e as pistas eram a arenas. A falta de recursos para segurança tornava o esporte um dos mais perigosos do mundo, tanto que muitos faleceram devido a acidentes durante as disputas. Nesse tempo, surgiram dois dos melhores pilotos da história: James Hunt e Niki Lauda, cuja rivalidade é retratada em Rush - No Limite da Emoção.

     Hunt (Chris Hemsworth). Inglês, mulherengo, agressivo e com uma necessidade enorme de provar para si mesmo sua capacidade. Lauda (Daniel Bruhl). Austríaco, centrado, extremamente técnico e avesso a vida de luxo. Duas personalidades muito opostas com apenas uma semelhança: a vontade de ganhar. Tantas diferenças logo causaram antipatia, que cresceu ainda mais quando cada um percebeu o quanto o outro era bom nas pistas. As mentalidades distintas apenas chamaram ainda mais atenção para a rivalidade, que atingiu seu ápice na Temporada da F1 de 1976, momento central retratado no filme.

     James Hunt faleceu em 1993 devido a um ataque cardíaco. Niki Lauda ainda esta vivo e foi chamado para colaborar na elaboração do roteiro. De acordo com o ex-piloto, tudo foi retratado de maneira muito fiel e a obra o agradou muito. Os personagens vão sendo desenvolvidos individualmente, cada um com o tempo ideal em cena, até chegarem ao confronto no campeonato de 76.

     O grande motor (com trocadilho mesmo) da história é o risco de morte já citado. Mais do que a vontade imensa de ganhar de ambos, tudo ainda é potencializado pela possibilidade de acidentes fatais acontecerem. Então, além de buscarem provar sua capacidade técnica, Hunt e Lauda precisam lidar com reflexões sobre o valor de suas vidas e seu lugar no mundo.

     O clima de tensão necessário para o bom funcionamento da produção é feita de forma excelente, sendo que o fato de não usar muitos efeitos especiais auxiliou muito nesse aspecto. Para situar bem a história na década de 70, o diretor Ron Howard acertou em cheio ao escolher o estilo de fotografia granulada, além dos figurinos e penteados da época.

     O envolvimento criado com os personagens vem, em grande parte, pelas brilhantes atuações de Chris Hemsworth e Daniel Bruhl. O primeiro interpreta James Hunt, personagem que combina com sua aparência de galã, e surpreende ao conseguir ser carismático, o que normalmente não é. O destaque maior vai para Bruhl, que se adaptou de forma espetacular aos jeitos de Niki Lauda, além da mudança em sua aparência que o deixou muito parecido com o austríaco.

     Emocionante e tensa, a história é ainda mais impactante para quem não conhece os acontecimentos retratados. Apesar de parecer o típico filme de esportes que serve para mostrar a superação, Rush - No Limite da Emoção é muito mais que isso. Com personagens bem desenvolvidos e ótima ambientação, a produção é uma indicação para todos os públicos, ainda mais para os apaixonados pelo automobilismo.

Por: Vitor Pontes

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Cloverfield - Monstro - Crítica

Nota: 8

Título: Cloverfield - Monstro (Cloverfield)
Gênero: Ficção Científica, Suspense, Ação
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2008
Estreia no Brasil: 8 de fevereiro de 2008
Duração: 85 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Direção: Matt Reeves
Roteiro: Drew Goddard
Elenco: Michael Stahl-David, T.J. Miller, Jessica Lucas, Odette Yustman, Lizzy Caplan, Mike Vogel


      O motivo de Cloverfield ter sido um filme tão esperado era, sem dúvidas, a produção de J.J. Abrams. Criador das séries Lost e Alias, ele organizou uma campanha de marketing tão impressionante que fez o filme chegar aos cinemas sendo chamado de filme do ano. Não, ele não chegou a isso, mas não deixa de ser excelente e te faz querer mais, considerando que a produção é bem curta.

     O filme foi feito no estilo found footage durante todo o tempo. Popularizado pelo clássico A Bruxa de Blair, trata-se do formato em que a produção se passa por um documentário feito com uma simples filmadora. A utilização desse meio foi inovadora, já que, geralmente, ele só era utilizado em filmes de terror.

     Apesar do monstro gigante da história, o real foco esta em um grupo de pessoas que buscam sobreviver em meio ao ataque que esta ocorrendo. Rob (Michael Sthal-David) vai se mudar para o Japão, então seus amigos decidem fazer uma festa de despedida para ele. O melhor amigo de Rob, Hud (T.J. Miller) fica encarregado de filmar mensagens de apoio de todos e registrar os momentos. Porém, durante a festa, começam a acontecer explosões pela cidade, tudo começa a virar um caos e parece haver alguma coisa trazendo destruição por onde passa.

     Um dos grandes diferenciais de Cloverfield para outros filmes sobre monstros gigantes esta na falta de uma justificativa para o que esta acontecendo. Não há explicações para nenhum dos eventos, a busca pela sobrevivência é o que importa. O fato de não haver informações sobres os fatos é um grande acerto, pois isso mantém o clima de tensão e ajuda o espectador a se concentrar mais nos personagens. Afinal, a proposta do filme é exatamente essa, mostrar o medo do desconhecido. Além disso, a obra possui um pouco romance, mostrado através de filmagens já existentes na câmera antes do dia do incidente, além de alguns raros momentos de humor.

     O estilo de filmagem permite criar um visual excelente. Em meio a destruição, o que mais pode ser visto é sujeira, pessoas desesperadas e todos os elementos necessários para manter o clima da história. Com isso, o monstro se mantém um mistério durante boa parte do filme. Algumas vezes aparece um rabo, em outras uma silhueta, apenas uma explosão, militares correndo atrás de algo... Esse jeito de revelar a criatura é uma clara homenagem ao estilo de Spielberg em Tubarão.

    A proposta exigia atores desconhecidos, afinal, não passaria veracidade alguma se houvesse alguém como Brad Pitt ali. Apesar da falta de nomes conhecidos, eles vão muito bem, convencendo no que mais precisam passar: sensação de desespero. Palmas para Matt Reeves e J.J. Abrams por conseguirem a proeza de selecionar um elenco totalmente novo e faze-lo render bem.

     Cloverfield prova o quanto um filme pode ser bom sendo simples. Apesar de parecer grandioso, não há explicações ou detalhes, tudo esta ali para manter a tensão e a diversão, que é garantida para quem for assitir.

Por: Vitor Pontes

      

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Somos Tão Jovens - Crítica

Nota: 6

Título: Somos Tão Jovens
Gênero: Drama, Biografia
Nacionalidade: Brasil
Ano de produção: 2013
Estreia no Brasil: 3 de maio de 2013
Duração: 104 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Direção: Antonio Carlos da Fontoura
Roteiro: Marcos Bernstein
Elenco: Thiago Mendonça, Sandra Corveloni, Marcos Breda, Bianca Comparato, Laila Zaid, Bruno Torres


     Somos Tão Jovens é um filme que tinha uma missão muito difícil: retratar o ídolo de uma geração. Além de um símbolo para quem viveu sua juventude nas décadas de 80 e 90, as músicas e pensamentos desse músico ainda perduram na atualidade sendo passados de pai para filho. De espírito revolúcionário, Renato Russo foi cantor, compositor e poeta, mas também fazia parte do mundo de sexo, drogas e rock n' roll. Ao prometer trazer todos os detalhes da vida do líder do Legião Urbana, as expectativas para essa produção chegaram a níveis incríveis, aumentando ainda mais a responsabilidade em torno do projeto. O resultado tem seus pontos positivos, mas não cumpre o que todos esperavam.

     A obra busca mostrar a vida de Renato (Thiago Mendonça) desde quando começou a se interessar por música e literatura, passando pelo conturbado período em que criou o Aborto Elétrico (grupo punk que se dividiu formando o Legião Urbana e o Capital Inicial), quando passou um tempo em carreira solo, até chegar ao estrelato com o seu consagrado grupo.

    A atmosfera criada para representar o sentimento de revolta e vontade de mudar dos jovens é boa. A busca por liberdade de expressão tem entre as consequencias a explosão da música como forma de pensamento. Nesse ponto, o filme aproveita para mostrar outras bandas que surgiram junto com o Legião Urbana e que conviveram nos mesmos ambientes na Brasília das décadas de 70 e 80, como Capital Inicial e Plebe Rude.

     O erro do roteiro está na forma como ele trata os lados mais sombrios de Renato Russo. O filme mostra muito o cantor em sua forma de ídolo e revolúcionário, mas esquece o seu problema com drogas e bebida. Tudo é muito velado, parecendo artificial. Os ambientes punks que Renato frequentava eram muito pesados e tinham todo tipo de ilegalidade, mas aqui nada disso é retratado. A suavidade é tanta que aquele espectador que não conheça a carreira do músico pode até acabar o filme achando que ele era um cara "certinho", sendo que sempre esteve longe disso. Esse ponto decepciona muito, já que era uma das maiores curiosidades que as pessoas tinham e esperavam muito ver no filme

     Além disso, a homossexualidade de Renato Russo é praticamente ignorada. O gosto por "meninos e meninas" chega ser comentado, mas de forma muito simples. A importância dessa característica na vida inteira do cantor é deixada de lado.

     O filme empolga mesmo em momentos musicais. Os grandes sucessos do Legião Urbana estão lá, cantados no estilo rock de garagem por Renato e pelas outras bandas presentes. A produção oferece, através dessas interpretações, curiosidades sobre como foi a composição de clássicos como "Eduardo e Mônica" e "Faroeste Caboclo". É impossível não se deixar levar pelas músicas nesses momentos.

     A atuação era um dos pontos mais arriscados do filme e o erro na escolha do protagonista poderia matar a produção. Por sorte, Thiago Mendonça vai muito bem, se adaptando bem aos jeitos de agir e modos de falar de Renato Russo. Os coadjuvantes não tem muito destaque e não são bem desenvolvidos, mas vale a pena citar Laila Zaid como Ana, uma mistura de várias amigas que o vocalista teve na vida.

     Entre erros e acertos, Somos Tão Jovens até empolga, mas peca ao trazer expectativas imensas e não cumprir com elas. A promessa de mostrar detalhes ficou apenas nas palavras mesmo. Apesar disso, os momentos para cantar junto e a presença de outros ícones da música ajudam a salvar o filme, que pode divertir os fãs do maior roqueiro da história do Brasil.

Por: Vitor Pontes

domingo, 16 de novembro de 2014

Círculo de Fogo - Crítica

Nota: 8

Título: Círculo de Fogo (Pacific Rim)
Gênero: Ficção Científica, Ação, Aventura
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2013
Estreia no Brasil: 09 de agosto de 2013
Duração: 132 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Direção: Guillermo del Toro
Roteiro: Guillermo del Toro, Travis Beacham
Elenco: Charlie Hunnam, Idris Elba, Rinko Kikuchi, Charlie Day, Ron Perlman, Max Martini, Rob Kazinsky, Clifton Collins Jr.


     Guillermo del Toro é nerd e não tem vergonha alguma de dizer isso. Especialista em efeitos especiais, ele é um mestre em criar universos fantásticos com histórias divertidas e incríveis. Círculo de Fogo é mais um desses casos. Com inúmeras referências a desenhos orientais, filmes de monstros gigantes e de situações apocalípticas, é um dos filmes mais divertidos dos últimos anos, mesmo com uma história tão simples.

      A trama se passa em um futuro próximo, quando aparece uma fenda no fundo do Oceano Pacífico, que se revela um portal entre dimensões. De lá, começam a sair os Kaijus, extraterrestres gigantes que vem para destruir o planeta. Para se defender, o mundo se une para construir os Jaegers, robôs imensos para combater os alienígenas. Com o tempo, os humanos parecem estar ficando cada vez mais perto da derrota e a salvação pode estar nas mãos de um antigo piloto (Charlie Hunnam) e de uma aspirante (Rinko Kikuchi).

     Basicamente, é um filme de robôs contra alienígenas. Na teoria, iria ser um grande blockbuster raso e comercial, mas na prática, é incrivelmente divertido. Por mais básica que seja a premissa, a produção consegue oferecer um bom desenvolvimento de personagens, tanto principais quanto secundários, e isso tudo em meio a pancadaria. Claro que não é algo muito complexo, mas satisfaz e cumpre a missão de relacionar quem assiste a trama. E aliás, quem vai se importar com o quão profundo é o desenvolvimento deles quando se tem robôs de 50 metros lutando contra aliens que parecem dinossauros na tela?

      O visual é impressionante. Muito detalhados, os cenários são gigantescos e realistas mas, ao mesmo tempo, parecem que saíram de um desenho. Os Kaijus são monstros incríveis, com variedades de tamanho, categoria, entre outros. Mas o ponto alto do visual esta nos Jaegers, uma mistura de tudo que já se viu em animações (eles tem um soco foguete!).  Na história, cada país tem seu próprio robô, então, eles tem características próprias que lembram o local. São todos lindos e empolgantes.

     É claro que o elenco não é o destaque do filme por motivos óbvios, mas os atores não vão mal. Charlie Hunnam não é incrível, mas cumpre bem o papel de "protagonista" (na prática, as batalhas são protagonistas), e Rinko Kikuchi apresenta uma personagem forte e que demonstra superação, mostrando que mulheres também tem espaço no combate. O alívio cômico é oferecido por Charlie Day (revelação da comédia Quero Matar Meu Chefe, embora ainda não seja muito conhecido), que interpreta um dos cientistas do projeto Jaeger, além de Ron Perlman, que mais uma vez volta a trabalhar com del Toro

     Com sequências de ação de tirar o folêgo, Círculo de Fogo oferece muita diversão, provavelmente ainda maior para os mais jovens ou para quem cresceu vendo desenhos orientais. Além disso, o longa dá um tapa na cara e um soco no estômago em qualquer um dos filmes de Transformers. Não tem mais a clássica frase "Mas é uma longa sobre robôs gigantes". Guillermo Del Toro provou que é possível fazer um ótimo filme com essa temática, entendeu Michael Bay? Agora é esperar a continuação anunciada para 2017. 

Por:Vitor Pontes

sábado, 15 de novembro de 2014

O Nevoeiro - Crítica

Nota: 9

Título: O Nevoeiro (The Mist)
Gênero: Suspense, Terror
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2007
Estreia no Brasil: 28 de agosto de 2008
Duração: 123 minutos
Classificação indicativa: 16 anos
Direção: Frank Darabont
Roteiro: Frank Darabont (Obra original de Stephen King)
Elenco: Thomas Jane, Marcia Gay Harden, Laurie Holden, Andre Braugher, Toby Jones, Willian Sadler, Nathan Gamble, Alexa Davalos


     Mais uma das muitas adaptações de obras de Stephen King chegou às telas. Já surgiram obras-primas baseadas em livros do escritor, mas também muitas produções ruins. Felizmente, O Nevoeiro é um ótimo filme, apesar de não chegar ao nível de ser considerado um clássico, e muito disso se deve ao seu diretor e roteirista Frank Darabont, que já havia adaptado de forma excelente Um Sonho de Liberdade e À Espera de um Milagre, também obras originais de King.

     A história se passa em uma pequena cidade no estado do Maine que foi atingida por uma violenta tempestade. Para manter suprimentos e consertar estragos, David Drayton (Thomas Jane) decide ir fazer compras com seu filho de 8 anos, Billy (Nathan Gamble). Porém, enquanto estão no mercado, a cidade começa a ser dominada por um estranho nevoeiro, que deixa eles presos dentro do local. Logo, é possível perceber que existe algo de sobrenatural no fato. Pode ser mortal sair no nevoeiro, mas com o tempo, as pessoas dentro do mercado começam a parecer cada vez mais perigosas.

      Apesar da ameça do nevoeiro e das "coisas" que estão nele, o roteiro é, na verdade, uma análise incrível do conceito de sociedade. Como as pessoas passam a agir em uma situação de desespero onde o que vale é apenas a busca pela sobrevivência? Nesses casos, o que pode se definir como o bem ou o mal? O certo ou errado? Os mais antigos filósofos teorizavam sobre isso. Aqui, esses pensamentos são analisados de forma extrema e impressionante.

     A ambientação é ótima e a forma de filmagem ajuda a causar uma sensação claustrofóbica dentro do mercado. O filme não abusa de efeitos especiais, apostando no terror psicológico e na tensão duradoura, sempre mantendo o espectador ansioso.

     Se o mercado é a representação do conceito de sociedade, os personagens são os diversos pontos de vista dentro dela. O grande destaque é, sem dúvidas, a Sra. Carmody (Marcia Gay Harden, em atuação brilhante), uma fanática religiosa que busca convencer a todos que o nevoeiro é um castigo de Deus para punir os homens por seus pecados. Cada vez mais pessoas passam a acreditar em seu pensamento, fazendo com que ela vire uma "antagonista". Ou será que não? Depende do ponto de vista, e isso que torna o papel incrível.

     Como se não bastasse toda a tensão durante o longa, o filme ainda oferece um final chocante, totalmente inesperado e diferente do conto original. É o tipo de coisa que não se imagina ver em uma obra assim, fazendo valer ainda mais assitir O Nevoeiro, perfeito para qualquer fã de um bom suspense.

Por: Vitor Pontes

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças - Crítica

Nota: 10

Título: Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind)
Gênero: Romance, Drama, Ficção Científica
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2004
Estreia no Brasil: 22 de julho de 2004
Duração: 108 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Direção: Michel Gondry
Roteiro: Charlie Kaufman
Elenco: Jim Carrey, Kate Winslet, Kristen Dust, Mark Ruffalo, Elijah Wood, Tom Wilkinson



     E se fosse possível apagar todas as lembranças sobre uma pessoa através da tecnologia? Essa é a proposta de Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, um mundo onde ninguém mais tenha que sofrer por amor. Através de um procedimento a pessoa passará a acreditar que o relacionamento nunca existiu. Afinal, quem nunca quis apagar uma memória triste?

     Na história, Joel (Jim Carrey) e Clementine (Kate Winslet) são um casal que aos poucos passam a ter problemas cada vez mais frequentes e as discussões começam a acontecer mais do que momentos felizes. Isso leva ao término do romance. Após um tempo, Joel descobre que Clementine resolveu participar de um processo que apagou todas as memórias do relacionamento de ambos. Irritado e confuso, ele decide fazer o mesmo. Porém, durante o tratamento, Joel vai revivendo cada momento do relacionamento dentro de sua mente e redescobrindo o amor que sentia. Isso faz com que ele comece a fugir através de sua memórias para evitar que o processo seja completo e o faça esquecer de Clementine.

     O roteiro recebeu vários prêmios, incluindo o Oscar de Melhor Roteiro Original. Por se passar dentro da mente do protagonista, a história não é linear e há sempre a dúvida do que é real, obrigando quem assiste a sempre manter a atenção, ou seja, não é um filme para quem não gosta muito de ter que ficar pensando sobre cada detalhe. Embora seja uma grande história de amor, a produção oferece momentos cômicos, utilizados na medida certa, e também dramáticos, sem uso de clichês ou formas fáceis de apelar para lágrimas.

     O elenco estelar vai muito bem e, em combinação com o roteiro, garante o sucesso do filme. Jim Carrey comprova novamente que sua qualidade vai muito além das comédias e faz uma atuação excelente, assim com já havia feito em O Show de Truman. Joel é um cara qualquer, sendo fácil criar identificação com o personagem. Kate Winslet vai mutio bem e faz de Clementine uma personagem ainda mais incrível do que já é no roteiro em si, com seus cabelos coloridos e personalidade marcante. Apesar de terem papéis menores, os outros personagens possuem destaque, o que se deve também as excelentes atuações de Mark Ruffalo, Elijah Wood, Kristen Dust e Tom Wilkinson.

     Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças consegue prender quem assiste facilmente e surpreende o espectador com uma reviravolta incrível. Uma obra emocionante do início ao fim e indispensável para qualquer fã de romances.

Por: Vitor Pontes

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Carrie, a Estranha - Crítica

Nota: 4

Título: Carrie, a Estranha (Carrie)
Gênero: Terror, Suspense
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2013
Estreia no Brasil: 6 de dezembro de 2013
Duração: 100 minutos
Classificação indicativa: 16 anos
Direção: Kimberly Peirce
Roteiro: Roberto Aguirre-Sacasa (Obra original de Stephen King)
Elenco: Chloe Grace Moretz, Julianne Moore, Judy Greer, Gabriella Wilde, Ansel Elgort, Portia Doubleday, Alex Russel


     Lançado em 1974, Carrie, a Estranha (No original, apenas Carrie) foi o primeiro romance publicado do lendário escritor de suspense e terror Stephen King. A obra não teve muitos exemplares vendidos, porém uma das pessoas que leram foi o diretor Brian de Palma. Por ter gostado tanto do livro, buscou incansavelmente formas de convencer produtoras a fazer um filme baseado nele. Finalmente conseguiu em 1976, quando foi lançado Carrie, que hoje é um clássico do cinema de suspense. O sucesso rendeu indicações ao Oscar para as atrizes Sissy Spacek e Piper Laurie, além de ter alavancado instantaneamente a carreira de Stephen King.

      Em 2011, foi anunciada uma nova adaptação de Carrie para os cinemas, o que levantou questionamentos quanto a sua relevância, já que a original era incrível. O filme estreou em 2013 e, infelizmente, não honra a primeira versão.

     A história é a mesma. Carrie (Chloe Grace Moretz) é uma adolescente desajeita e tímida que é alvo de brincadeiras e humilhações na escola. Em casa, ela é superprotegida e impedida de ter uma vida normal por sua mãe, Margaret White (Julianne Moore), uma fanática religiosa. Apesar disso, ela esconde o fato de possuir telecinesia, ou seja, pode controlar as coisas com o poder da mente. Então, ao sofrer com uma brincadeira durante o seu baile de formatura, decide se vingar de todos que lhe fizeram mal.

     Essa versão é mais fiel ao livro do que a de 1976, inclusive o final. A trama foi adaptada para a atualidade. Aliás, o fato dos jovens possuírem celulares foi utilizado em momentos importantes da história. Porém, o que realmente prejudicou o roteiro foi sua infantilização. Enquanto o primeiro filme era pesado e sombrio, esse parece uma obra feita apenas para adolescentes do tipo mais fraco emocionalmente. Tudo é muito limpo, em contraste com o clima de sensualidade que havia na produção feita por De Palma. Outro grande problema encontrado é o filme não conseguir manter a tensão e o suspense em praticamente nenhum momento. Com exceção da cena de abertura, tudo é muito claro e pouco empolgante. Parece mais um drama do que terror.

     Chloe Grace Moretz, embora seja uma das melhores jovens atrizes da atualidade, não consegue convencer. Sua escalação já foi um erro, já que seus papéis em outros filmes tornam difícil associar uma imagem inocente a ela. Fora que sua aparência não é boa para o papel. Carrie é uma garota feia e desajeitada, por isso é humilhada por todos, enquanto Moretz é bonita e normal. Julianne Moore até tenta, mas sua personagem não permite que todo seu talento apareça. Enquanto Piper Laurie interpretava uma mãe que usava gritos para amedrontar, Moore aposta em sussurros, mas não consegue causar impacto. Quanto aos outros personagens, quase não vale a pena falar. Todos esteriotipados ao extremo sem nenhuma atuação convincente.

     Por ser uma nova versão de uma obra tão cultuada, o novo Carrie, a Estranha, precisaria ser muito bom para ficar marcado. Talvez Kimberly Peirce tenha pensado de maneira ousada, mas a impressão que deu através do produto final foi de que esse filme foi apenas mais uma das tentativas de Hollywood de ganhar dinheiro fácil devido a sua falta de criatividade. Todos os elementos que transformaram a produção feita por De Palma inesquecível foram retirados, deixando apenas algo que vai cair no esquecimento daqui alguns anos.

Por: Vitor Pontes