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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

A Teoria de Tudo - Crítica

Nota: 8

Título: A Teoria de Tudo (The Theory of Everything)
Gênero: Biografia, Drama, Romance
Nacionalidade: Reino Unido
Ano de produção: 2014
Estreia no Brasil: 29 de janeiro de 2015
Duração: 123 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Direção: James Marsh
Roteiro: Anthony McCarten (Obra original de Jane Hawking)
Elenco: Eddie Redmayne, Felicity Jones, Tom Prior, Charlie Cox, Harry Lloyd, David Thewlis, Thomas Morrison, Emily Watson, Simon McBurney, Charlotte Hope


     No ano passado, o Desafio do Balde de Gelo (Ice Bucket Challenge, no original) se tornou um sucesso, principalmente, em razão das diversas celebridades que o realizaram. Embora as origens dessa campanha tenham ficado difíceis de definir devido as proporções alcançadas, ela tinha como grande objetivo promover a conscientização sobre a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). A doença neurodegenerativa progressiva ataca os neurônios motores, o que leva a perda do controle de movimentos voluntários dos músculos. Lou Gehrig, jogador de baseball dos EUA, foi um dos primeiros famosos a desenvolve-lá, o que fez com que a doença também ficasse conhecida por seu nome. Apesar de fatal, um homem já resiste a essa situação por 52 anos, tendo descoberto o problema quando tinha apenas 21. É só falar que ele anda de cadeira de rodas e possui uma voz robótica que todos já sabem de quem se trata: Stephen Hawking, físico teórico, cosmólogo e, simplesmente, um dos maiores gênios da atualidade.

     A Teoria de Tudo, um dos grandes nomes da temporada de premiações, tendo 5 indicações ao Oscar, retrata um pouco da vida desse grande cientista, responsável por algumas das mais importantes pesquisas já realizadas sobre buracos negros. Baseado no livro homônimo escrito por Jane Hawking, ex-esposa de Stephen, o filme destaca o amor entre os dois e como a doença afetou as relações do jovem britânico com o mundo conforme o tempo passava e sua situação ia ficando cada vez pior.

     Embora tenha sido vendido pelos trailers como uma obra sobre a vida inteira de Stephen Hawking, desde o início já é possível perceber que o foco esta no romance do cientista com Jane Wilde (sobrenome de quando ainda era solteira). O início do relacionamento entre eles é apresentado de forma rápida e sem muitas explicações, mas a relação vai sendo desenvolvida aos poucos de forma sensível e muito convincente.

     Logo, entra em cena a terrível doença que o protagonista esta desenvolvendo, o que, inicialmente, não parece afetar o clima do casal. Porém, conforme a situação fica mais difícil, a relação vai se desgastando até virar quase uma história trágica. O roteiro apresenta muito bem até os acontecimentos mais polêmicos, incluindo uma espécie de "triângulo amoroso". Apesar disso, o desenvolvimento é tão bom que acaba sendo impossível "escolher um lado" para defender. Como culpar Stephen pela doença que o impediu de ajudar e cuidar da esposa? Como culpar Jane por se sentir péssima em meio a uma situação tão complicada quanto essa?

     Certamente, seria interessante se a história apresentasse mais sobre a carreira profissional de Hawking, explicando sua teoria sobre buracos negros, e, principalmente, se tivesse destacado a polêmica questão do conhecido ateísmo do cientista. Até existem alguns momentos que falam sobre essa última parte, mas apenas relacionando o assunto ao fato de Jane ser religiosa. Embora a presença desses temas pudesse acrescentar mais qualidade ao filme, suas ausências não chegam a ser um defeito, já que o romance é muito bem desenvolvido.

     Mesmo não sendo brilhante, a direção de James Marsh é segura e consegue aproveitar bem os momentos mais emocionantes, sem utilizar clichês. Destaque para a fotografia e a trilha sonora, que se encaixam perfeitamente em cada situação apresentada.

     Definitivamente, o jovem e talentoso Eddie Redmayne é o grande nome para as premiações de Melhor Ator na temporada. Tendo vencido o Globo de Ouro e estando indicado ao Oscar pelo papel, o britânico esta impecável, trabalhando detalhadamente todas as partes do desenvolvimento da doença de Stephen Hawking, desde o jeito de andar e falar até o movimento de cada dedo da mão. A atuação fica ainda mais impressionante após o personagem perder a capacidade de falar, quando o olhar começa a fazer ainda mais diferença para o entendimento das emoções. A maior prova de que os elogios são merecidos esta na declaração do verdadeiro Stephen, que afirmou sentir que estava vendo ele mesmo em cena durante o filme.

     Apesar da imensa qualidade do ator, Felicity Jones também demonstra muito talento e não fica com menos destaque devido ao companheiro de elenco. Sua atuação como Jane é extremamente sensível e convincente, passando do amor inicial ao perceptível desgaste no final do filme. A atriz tem um olhar e gestos marcantes, que conseguem fazer quem assiste sentir todas as dificuldades pelas quais a personagem passou.

     Embora o foco no romance possa decepcionar alguns, A Teoria de Tudo é uma produção digna do grande nome ao qual ela faz homenagem. Stephen Hawking ainda esta em atividade e não pretende se aposentar, podendo ficar ainda mais marcado na história da ciência. Porém, o lado profissional do físico e cosmólogo pode ser facilmente conhecido através de uma simples pesquisa na internet, o que torna o filme muito marcante, afinal, é a rara chance de podermos conhecer detalhadamente o lado pessoal de uma das figuras mais importantes de nosso tempo.

Por: Vitor Pontes

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