Nota: 8
Ano de produção: 2014
Estreia no Brasil: 12 de março de 2015
Duração: 101 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Direção: Richard Glatzer, Wash Westmoreland
Roteiro: Richard Glatzer, Wash Westmoreland (Obra original de Lisa Genova)
Elenco: Julianne Moore, Alec Baldwin, Kristen Stewart, Kate Bosworth, Shane McRae, Hunter Parrish, Seth Gilliam, Victoria Cartagena, Daniel Gerroll
O Mal de Alzheimer é, certamente, uma das doenças mais terríveis que alguém pode desenvolver, não apenas pelos problemas que ela traz ao portador, mas para todos ao seu redor. Acompanhar quem possui essa enfermidade é um processo doloroso, afinal, é como assistir a mente de um ser humano sendo destruída aos poucos, com memórias que vão e vem até desaparecerem por completo. Para Sempre Alice, baseado no livro homônimo, retrata um pouco do drama de uma pessoa comum que precisa lidar com as consequências desse problema.
Simples e bem feito, Para Sempre Alice é um filme comovente, não deixando de ser uma bandeira importante para a doença que alguns até evitam falar sobre apenas pelo medo dela. Uma ótima produção que merece ser vista, tanto pela bela história quanto para acompanhar o fantástico desempenho de uma das melhores atrizes de Hollywood atualmente.

A Dra. Alice Howland (Julianne Moore) é uma renomada professora de linguística, mãe de três filhos e casada com o também doutor, John (Alec Baldwin). Ao perceber que esta esquecendo diversas palavras, incluindo nomes de pessoas e lugares, ela procura um neurologista, no qual descobre possuir Mal de Alzheimer de Início Precoce, que ocorre quando o paciente é diagnosticado com a doença antes dos 65 anos de idade. Alice passa a ter que lidar com as consequências da situação, incluindo grandes mudanças nas relações de sua família.
A missão de adaptar a obra de Lisa Genova para o cinema era bem complicada. É o tipo de história que, geralmente, acaba ficando melodramática demais, porém, Richard Glatzer e Wash Westmoreland, diretores e roteiristas da produção, conseguiram fazer um filme que trata o tema de forma sensível e comovente, sem precisar apelar para o sentimentalismo.
A introdução de Alice é simples e ágil, sendo a protagonista realmente construída a partir da "desconstrução" de sua personalidade pela doença que possui. Com isso, a história trata de uma jornada de recomeços, onde Alice precisa sempre buscar saber mais sobre quem realmente é. O foco no lado emocional dá força ainda maior para a personagem, que já conseguia criar empatia com o espectador por ser alguém comum enfrentando um problema que pode afetar qualquer pessoa.
Os relacionamentos familiares também são um dos pontos mais importantes que o filme aborda, principalmente no que se refere ao marido, John, e a filha caçula, Lydia (Kristen Stewart). Enquanto o primeiro parece se afastar cada vez mais conforme a doença avança, a jovem começa a se aproximar da mãe. Através deles, a produção fala mais sobre amor e companheirismo, outros temas da obra.
A fotografia utiliza a claridade para simbolizar o esquecimento, com ambientes cada vez mais brancos demonstrando o progresso do Alzheimer. Além disso, imagens sem foco também representam Alice perdendo a própria personalidade, com destaque para a cena em que mal consegue ver seu reflexo na televisão. Tudo isso é acompanhado de uma ótima trilha sonora, delicada como deve ser.
Tratando-se de uma obra de personagem, uma forte atuação é essencial, sendo entregue com perfeição pela sempre incrível Julianne Moore. A atriz mostra o porquê de estar ganhando reconhecimento em diversas premiações e ser a grande favorita ao Oscar desse ano. Em um papel que exige tanto emocionalmente, a qualidade é inquestionável, com cada sentimento muito bem retratado.
Junto a Moore, aparecem com mais importância dois coadjuvantes. Alec Baldwin mantém o seu bom nível de sempre, fazendo o marido que não sabe lidar com a situação. Kristen Stewart tem uma personagem interessante para o desenvolvimento de Alice, mas a atriz, cujas limitações sempre foram óbvias, não consegue dar profundidade a ela. Uma escolha melhor teria fornecido ainda mais impacto emocional para a produção.

Por: Vitor Pontes
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