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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Whiplash - Em Busca da Perfeição - Crítica

Nota: 10

Título: Whiplash - Em Busca da Perfeição (Whiplash)
Gênero: Drama, Suspense
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2014
Estreia no Brasil: 08 de janeiro de 2015
Duração: 106 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Direção: Damien Chazelle
Roteiro: Damien Chazelle
Elenco: Miles Teller, J.K. Simmons, Paul Reiser, Melissa Benoist, Jayson Blair, Austin Stowell, Damon Gupton, Kofi Siriboe, Tarik Low


    Quem já tinha ouvido falar de Damien Chazelle? Com apenas 29 anos, o americano só possuía dois trabalhos em sua curta carreira, tendo escrito o roteiro dos fracos Toque de Mestre e O Último Exorcismo: Parte II. Mesmo assim, o desconhecido (por enquanto) cineasta chamou a atenção da crítica mundial ao trazer um dos melhores filmes da história do Festival de Sundance: Whiplash - Em Busca da Perfeição, grande vencedor da edição de 2014 desse evento responsável por revelar algumas das melhores produções independentes do mundo.

     O jovem Andrew Neyman (Miles Teller) é um garoto solitário que sonha se tornar um grande baterista de jazz. Aliás, "grande" é pouco para definir suas pretensões. Ele deseja ser o melhor da geração, chegando ao nível de seu maior ídolo, o lendário Buddy Rich. Apesar de tocar em um grupo, Neyman não tem muito destaque, pelo menos até conhecer o professor Terence Fletcher (J.K. Simmons), membro da Shaffer, a melhor escola de música dos EUA. A vida parece estar levando o adolescente pelo caminho para a fama, mas ele terá que enfrentar os métodos agressivos, até abusivos, de seu novo mestre. A convivência com Terence parece deixar Andrew cada vez mais obcecado pelo sucesso, o que pode trazer consequências extremas a seu estado físico e mental.

     A busca descontrolada pela perfeição, que o título nacional faz questão de ressaltar, acaba por lembrar um pouco o tema do sombrio Cisne Negro, filme de 2010 produzido por Darren Aronofsky, mestre em fazer obras sobre obsessão. Whiplash é um retrato sobre a necessidade que muitas pessoas sentem de ganhar reconhecimento e marcarem seus nomes para não ficarem como "apenas mais um" nesse grande mundo.

    Um dos pontos mais interessantes levantados pelo filme pode se relacionar a nossso tempo não só através da música, mas em esportes e escolas: a pressão como instrumento para o ensino e o aprimoramento de determinadas qualidades. Isso pode gerar uma discussão que resultaria nas mais diversas opiniões sobre o assunto, importante dentro do contexto da sociedade atualmente.

     O tema relacionado a música logo indica uma trilha sonora incrível, mas essa faz muito mais do que simplesmente complementar a história. As canções definem o tom das cenas e são espetaculares. Além disso, o modo como a obra foi filmada traz incríveis momentos de tensão durante os surtos dos personagens, com destaque para o final do longa, tão frenético que consegue passar um clima de desespero absurdo.

     Miles Teller, que muitos conhecem por ser Reed Richards no novo Quarteto Fantástico, que será lançado em agosto, prova o porquê de ser um dos jovens mais promissores do cinema na atualiadade. Destaque de comédias como Projeto X e um dos principais astros do sucesso teen A Série Divergente, o ator consegue entregar um protagonista desenvolvido de maneira fantástica, convencendo desde as cenas mais simples e sensíveis no começo do filme, até nos momentos de fúria de Andrew durante a história.

     Ganhador do Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante, J.K. Simmons ainda conquistou muitos outros prêmios e tem claro favoritismo na briga pelo Oscar da categoria devido ao brilhante papel na produção. Sem dúvidas, o professor Terence rende a melhor atuação de toda a carreira de seu intérprete. Gritos, palavrões e momentos de pura insanidade comandam as atitudes de um dos melhores personagens feitos para o cinema nesse último ano.

     Indicado a cinco categorias no Oscar, incluindo Melhor Filme, Whiplash - Em Busca da Perfeição é uma das maiores surpresas do momento, considerando seu diretor e roteirista iniciante e o fato de ser uma produção independente. Tenso, envolvente e perturbador, o longa é, sem dúvidas, merecedor de todo o reconhecimento que esta ganhando. O jazz foi poucas vezes tão bem aproveitado em outras mídias quanto nessa obra-prima da sétima arte.

Por: Vitor Pontes

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