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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Dois Dias, Uma Noite - Crítica

Nota: 8

Título: Dois Dias, Uma Noite (Deux jours, une nuit)
Gênero: Drama
Nacionalidade: Bélgica, França, Itália
Ano de produção: 2014
Estreia no Brasil: 05 de fevereiro de 2015
Duração: 95 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Direção: Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne
Roteiro: Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne
Elenco: Marion Cotillard, Fabrizio Rongione, Catherine Salée, Baptiste Sornin, Pili Groyne, Simon Caudry, Christelle Cornil, Olivier Gourmet


  O desemprego é uma das grandes consequências da crise econômica que já vem atingindo a Europa há algum tempo. Utilizando seu conhecido estilo cinematográfico, os irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne resolveram levar essa questão de grande importância para os cinemas com Dois Dias, Uma Noite. Aparentemente, a obra busca apenas fazer um retrato do cenário europeu atualmente, mas logo demonstra uma profundidade maior, tratando de relações humanas de uma forma inteligente e cuidadosa.

     Na história, Sandra (Marion Cotillard) acabou de se recuperar de uma depressão que a afastou do trabalho durante um longo período. Ao retornar, ela descobre que foi despedida através de uma votação dos outros funcionários da fábrica, onde tinham que escolher entre mantê-la na equipe ou ganhar um valor adicional de mil euros no salário. Porém, ao descobrir que alguns colegas foram persuadidos a votar contra ela, Sandra se junta ao marido, Manu (Fabrizio Rongione), para ir atrás dos empregados e convencê-los a mudar de ideia, só tendo o período de dois dias e uma noite até a nova votação. 

     Por mais que o roteiro pareça apenas querer mostrar o lado ruim do sistema econômico capitalista, ele demonstra grande qualidade ao abordar o tema de forma humana através de sua protagonista muito bem desenvolvida, que ganha força através da excelente Marion Cotillard, indicada ao Oscar pelo papel. Demonstrando sensibilidade de forma extremamente natural, a atriz carrega o filme, ficando claro que esse não funcionaria sem sua grande atuação.

    A trama tem como grande mérito não dividir os personagens em "mocinhos e vilões", evitando a existência de um antagonista definido. Por mais que alguns tenham decidido tirar o emprego da protagonista apenas pelo desejo de ganhar mais dinheiro, a maioria tem bons motivos para isso. O alto custo de vida, às vezes, não permite que os colegas ajudem Sandra, por mais que desejem. As diferentes ideologias entram em conflito e trazem questões morais interessantes, não parecendo forçadas em nenhum momento.

     A produção utiliza muito a técnica de câmera na mão, destacando o realismo dos acontecimentos e a busca por um tom mais natural possível. Os temas paralelos a trama principal, como família, depressão e amor, ajudam a trazer uma sensação ainda maior de que estamos acompanhando uma história que poderia acontecer com qualquer um.

     Simples e sem exageros, Dois Dias, Uma Noite é um filme sensível e que consegue até emocionar em certos momentos. Os irmãos Dardenne apresentam de forma leve, mas efetiva, uma ótima crítica ao individualismo e a ganância das pessoas no cenário atual, que, unida a excelente atuação de Marion Cotillard, garante a qualidade de uma das obras mais interessantes do ano até agora.

Por: Vitor Pontes

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