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segunda-feira, 27 de julho de 2015

Donnie Darko - Crítica

Nota: 9

Título: Donnie Darko (Donnie Darko)
Gênero: Suspense, Drama, Ficção Científica
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2001
Estreia no Brasil: 24 de setembro de 2003
Duração: 113 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Direção: Richard Kelly
Roteiro: Richard Kelly
Elenco: Jake Gyllenhaal, Maggie Gyllenhaal, Jena Malone, Patrick Swayze, Drew Barrymore, Noah Wyle, Mary McDonell, Holmes Osborne, James Duval, Katharine Ross, Daveigh Chase, Seth Rogen


   Como definir um gênero para Donnie Darko? Geralmente, a produção é classificada como suspense, mas essa categorização é muito rasa para uma obra tão complexa. Donnie Darko é um filme de suspense, terror, ficção científica, comédia e romance que aborda os mais diversos temas como psicologia, religião, violência, laços familiares, relacionamentos, alucinações e até viagens no tempo. Estranho? Muito. Difícil de entender? Também, mas vamos com calma.

     Desenvolvido totalmento pelo novato Richard Kelly, o projeto circulou por diversos lugares até receber o voto de confiança da Flower Films, produtora criada por Drew Barrymore, que se interessou pelo roteiro e decidiu investir em sua realização. Apesar da popularidade atual, vale destacar que Donnie Darko fracassou nas bilheterias. Mesmo com o orçamento pífio de 4 milhões de dólares, a obra não conseguiu cobrir seus gastos, sendo salva pelas saudosas locadoras, onde foi criando fama a partir do boca-a-boca. É difícil entender como ela não foi um sucesso imediato, afinal, estamos falando de um dos melhores filmes dos últimos 15 anos, um clássico do cinema cult que merece ser visto e apreciado com toda a atenção possível.

     Não é possível falar muito sobre a história sem estragar parte do mistério que envolve a trama. Basicamente, os acontecimentos se passam na década de 80 e giram em torno de Donnie Darko (Jake Gyllenhaal), um adolescente que aparenta possuir algum grave problema psicológico e sofre de sonambulismo. Em determinada noite, Donnie é acordado por um assustador coelho gigante. Ao sair de casa para falar com a criatura, uma turbina de avião cai em cima do quarto do garoto, que teria morrido se ainda estivesse ali. O estranho ser lhe diz que o mundo irá acabar em 28 dias, 6 horas, 42 minutos e 12 segundos e, nesse período, Darko deveria obedecer tudo que lhe fosse ordenado. A partir desse dia, estranhos acontecimentos passar a ser constantes na cidade.

     Sobre a já citada complexidade do filme, é importante destacar a necessidade de assisti-lo sem interrupções. Muitos detalhes importantes para a trama estão escondidos pelo cenário, além de simbolismos que podem ser encontrados com um olhar mais atento e que enriquecem a história. Os personagens coadjuvantes, de quantidade considerável, também devem ser muito bem observados, mesmo aqueles que parecem irrelevantes para o desenvolvimento do enredo, pois todos possuem sua importância para o total entendimento do complicado final da produção.

     Embora não seja um filme que prioriza a atuação de seu protagonista, é impossível não se impressionar com o talento do jovem Jake Gyllenhaal. Com apenas 21 anos, o ator já demonstrava todo o potencial que o transformaria em uma das grandes estrelas de Hollywood nos últimos tempos. Ele entrega uma atuação tensa e sombria que combina perfeitamente com o personagem, fazendo com que este roube a cena em todos os momentos que esta presente.

     Sobre os outros integrantes do elenco, destaque para as boas atuações de Jena Malone e Maggie Gyllenhaal, irmão do protagonista na vida real e na trama. Drew Barrymore tem uma curta participação, que tinha como maior objetivo ajudar na publicidade do filme. Pelo lado negativo, impossível não criticar Patrick Swayze, o galã de Dirty Dancing - Ritmo Quente e Ghost - do Outro Lado da Vida. Não esperava uma boa atuação, mas o ator nem ao menos se esforça em seu papel. Esta um completo canastrão.

     Tecnicamente, Richard Kelly surpreende, entregando uma direção competente, apesar de sua falta de experiência. A fotografia oitentista é ótima e fundamental para manter o clima sombrio da história. Os poucos efeitos especiais utilizados não impressionam, mas também não comprometem a experiência. A produção ainda conta com uma trilha sonora incrível, passando por Echo and the Bunnyman, Joy Division, Duran Duran, além do espetacular cover de Mad World, do Tears for Fears, feito por Gary Jules.

     Injustamente ignorado pelas premiações, Donnie Darko é um filme para se assistir várias vezes, pois sempre traz novas surpresas. É uma daquelas obras que é possível debater sobre por horas e não cansar. O público agradece muito a Drew Barrymore, a única que acreditou no projeto e permitiu a realização de um dos novos clássicos da história do cinema.

Por: Vitor Pontes


segunda-feira, 6 de julho de 2015

Férias Frustradas de Verão - Crítica

Nota: 9

Título: Férias Frustradas de Verão (Adventureland)
Gênero: Comédia Romântica
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2009
Estreia no Brasil: Lançado diretamente em DVD
Duração: 107 minutos
Classificação indicativa: 16 anos
Direção: Greg Mottola
Roteiro: Greg Mottola
Elenco: Jesse Eisenberg, Kristen Stewart, Ryan Reynolds, Martin Starr, Bill Hader, Kristen Wiig, Margarita Levieva, Kevin Breznahan, Matt Bush


      A era das locadoras acabou há alguns anos, vivemos a era dos serviços de streaming. Apesar dessa mudança facilitar o acesso aos mais diversos filmes e proporcionar uma boa economia para os consumidores, é difícil negar que a maioria dos cinéfilos (inclusive os mais jovens como eu) sente falta dos infinitos corredores cheios de títulos e daquela ansiedade em chegar ao local e ver se sua produção favorita estava disponível para locação.

     Dentre os ínumeros filmes que enchiam esses lugares, uma quantidade considerável não havia passado pelos cinemas brasileiros, tendo sido lançados diretamente em DVD. Por essa razão, alguns longas sofreram com a grande concorrência de seus "vizinhos de prateleira" e não receberam o prestígio que realmente mereciam. Mas a chegada de serviços como a Netflix permitiu maior divulgação de algumas preciosidades que não tiveram seu devido destaque, ao exemplo de Férias Frustradas de Verão, uma das melhores comédias românticas dos últimos anos.

      1987. James Brennan (Jesse Eisenberg) acaba de se formar no colégio com notas altíssimas e vaga garantida em uma grande universidade de jornalismo em Nova York. Além disso, as férias chegam com a promessa de uma viagem para a Europa que adicionará conhecimento cultural necessário para seu desenvolvimento profissional. Porém, a notícia de que seus pais não possuem mais condições financeiras para pagar os gastos de James mudam todos os planos. Praticamente sem experiência profissional, o jovem só consegue um emprego no parque de diversões Adventureland, onde terá que trabalhar durante o verão para conseguir financiar seus futuros estudos.

     O trabalho do diretor e roteirista Greg Mottola surpreende muito. Afinal, quem esperava que o realizador de Superbad - É Hoje, história regada a sexo e álcool, iria realizar logo em seguida uma produção que trata de amor, amizade e sonhos? A diferença de tons, certamente, acontece em razão desta ser uma "obra biográfica" sobre o verão em que o diretor precisou trabalhar no parque que dá o título original do filme.

     Situado na década de 80, o longa é inteligente ao abraçar o clima da época, utilizando elementos de clássicos juvenis do período como Curtindo a Vida Adoidado e Clube dos Cinco. Uma trama simples com personagens aparentemente estereotipados, mas que vão se desenvolvendo de forma brilhante com o avanço do roteiro. É o tipo de produção que começa como quem não quer nada e prende atenção quando menos se espera.

      Brennan é protagonista, mas divide espaço com figuras tão incríveis que fica díficil deixar de destacar cada uma, principalmente Em (Kristen Stewart, cuja inexpressividade é perfeita para a personagem). O interesse amoroso de James é a típica jovem com pais brilhantes que sofre com grandes expectativas criadas sobre ela. A relação entre os dois é extremamente bem desenvolvida e resulta em uma história de amor sensível. potencializada pela dedicação de seus intérpretes.

     Completando a história, surgem Joel (Martin Starr), o nerd com problemas de relacionamento, Connel (Ryan Reynolds), o mecânico que se arrisca como músico, Lisa P. (Margarita Levieva), a garota de calças apertadas desejada por todos, além dos donos do parque, Bobby (Bill Hader, sempre incrível) e Paullete (Kristen Wiig).

      A trilha sonora merecia uma análise separada. Não tem como não se embalar ao som de clássicos dos anos 80 como Your Love, do The Outfield, Pale Blue Eyes, do Velvet Underground, Just Like Heaven, do The Cure, e Satellite Of Love, de Lou Reed. Um prato cheio para os fãs das baladas da época.

     No fim, Férias Frustradas de Verão é um filme sensível, marcante e cheio de bons diálogos, falando sobre amadurecimento e problemas juvenis atemporais. A conclusão pode até exagerar um pouco na dose romântica, mas não prejudica o resultado de uma obra que, infelizmente, muitos deixaram de apreciar por não passar nas telonas brasileiras.

Por: Vitor Pontes

terça-feira, 30 de junho de 2015

Divertida Mente - Crítica

Nota: 10

Título: Divertida Mente (Inside Out)
Gênero: Animação
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2015
Estreia no Brasil: 18 de junho de 2015
Duração: 94 minutos
Classificação indicativa: Livre
Direção: Pete Docter
Roteiro: Pete Docter, Meg LeFauve, Josh Cooley
Elenco: Amy Poehler, Bill Hader, Mindy Kaling, Lewis Black, Phyllis Smith, Diane Lane, Kyle MacLachlan, Richard Kind


  Mesmo que a Pixar tenha lançado quatro filmes nos últimos cinco anos, pode-se dizer que desde 2010 não temos um "filme da Pixar". Toy Story 3 foi excepcional, mas demonstrava para onde a produtora, infelizmente, iria seguir: o tentador caminho das continuações. Considerando um estúdio que apresentou algumas das obras mais originais dos últimos vinte anos, já era péssimo aceitar sequências, ainda mais quando elas possuiam uma qualidade tão baixa quanto em Universidade Monstros e Carros 2 (este último para o qual faltam palavras que descrevam meu desgosto ao sair do cinema). Em meio a isso, surgiu Valente, uma história original, divertida, mas ainda sem o "Selo de Qualidade Pixar". Mas esse período ruim parece ter ido embora com o lançamento de Divertida Mente, longa cheio de ideias criativas que marca o retorno triunfal aos bons tempos da produtora.

     Pete Docter, diretor de Monstros S.A. e Up - Altas Aventuras, Meg LeFauve e Josh Cooley foram os responsáveis pelo roteiro mais ousado e complexo já feito pela Pixar. A história se passa dentro da mente de Riley, uma menina de 11 anos, e lá vivem as emoções que conduzem sua vida: Alegria, Tristeza, Nojinho, Raiva e Medo. Quando a família da garota se muda, seus sentimentos começam a ficar confusos, resultando em graves consequências na "sala de controle" em sua cabeça.

    Apesar dos temas abstratos e complexos para crianças, tudo é explicado de forma simples e incrível através do uso de cores e formas. As lembranças da personagem são armazenadas em bolas de gude coloridas, os traços mais marcantes de sua personalidade são parques-temáticos, como a Terra da Amizade e a Terra da Família, os sonhos são criados em um estúdio de cinema, o subconsciente é uma caverna onde vivem os medos... Cada local da mente apresenta características únicas que causam aqueles risos sutis no espectador ao se deparar com as criativas soluções para apresentar conceitos psicológicos de maneira simples, mas, ao mesmo tempo, com profundidade impressionante (destaque para o uso do formato animado para uma brincadeira muito interessante quando os personagens invadem o "pensamento abstrato").

     As cinco emoções apresentadas tem seus momentos de destaque, porém Alegria e Tristeza (dubladas na versão brasileira por Miá Mello e Katiuscia Kanoro, respectivamente) são as protagonistas da história e tem uma relação desenvolvida magistralmente. Inicialmente conflituosas, tendo em vista a constante busca de Alegria em tentar fazer Riley feliz enquanto Tristeza esta sempre deprimida, ambas precisam se unir para resolver os problemas da garota e fazer tudo voltar ao normal.

     Nessa complexa relação entre as emoções, o roteiro acerta em cheio ao não vilanizar a Tristeza, destacando sua importância e passando uma mensagem interessante sobre como devemos lidar com esse sentimento que, muitas vezes, parece incompreensível. Através disso, a obra também consegue falar claramente sobre depressão, embora este tema nunca seja citado de forma direta.

     A única dificuldade que Divertida Mente pode encontrar é ser um sucesso arrebatador entre o público infantil. Por mais que os pequenos possam ficar admirados com a fofura dos personagens e as piadas divertidas, a produção terá um impacto muito maior em adultos, pois estes possuem a bagagem emocional que permite grande identificação com as situações da história. Porém, é incontestável que a Pixar voltou. Divertida Mente é criativo, ousado, emocionante, engraçado e um dos melhores filmes da história da produtora.

Por: Vitor Pontes


domingo, 22 de fevereiro de 2015

Vencedores do Oscar 2015

     O Oscar 2015 chegou e, como já era provável, consagrou Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância), vencedor dos prêmios de Melhor Filme, Melhor Diretor para Alejandro González Iñárritu, Melhor Roteiro Original e Melhor Direção de Fotografia. Principal surpresa da lista de indicados, O Grande Hotel Budapeste também conseguiu vencer em quatro categorias com Melhor Figurino, Melhor Maquiagem e Penteados, Melhor Trilha Sonora e Melhor Direção de Arte.


     Todos os filmes nomeados a principal estatueta da noite saíram com algum troféu, com O Jogo da Imitação ganhando Melhor Roteiro Adaptado, Sniper Americano campeão de Melhor Edição de Som e Selma vencedor de Melhor Canção Original. Whiplash surpreendeu e levou três prêmios. Nas categorias de atuação, nenhuma surpresa: Eddie Redmayne, Julianne Moore, J.K. Simmons e Patricia Arquette. Confira a lista completa dos premiados e veja se o seu favorito ganhou:

Melhor Filme
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
O Jogo da Imitação
A Teoria de Tudo
Boyhood - Da Infância a Juventude
Sniper Americano
Selma
Whiplash - Em Busca da Perfeição
O Grande Hotel Budapeste

Melhor Diretor
Wes Anderson - O Grande Hotel Budapeste
Alejandro González Iñirritu - Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
Richard Linklater - Boyhood - Da Infância a Juventude
Morten Tyldum - O Jogo da Imitação
Bennett Miller - Foxcatcher - Uma História que Chocou o Mundo

Melhor Ator
Steve Carell - Foxcatcher - Uma História que Chocou o Mundo
Benedict Cumberbatch - O Jogo da Imitação
Michael Keaton - Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
Bradley Cooper - Sniper Americano
Eddie Redmayne - A Teoria de Tudo

Melhor Atiz
Julianne Moore - Para Sempre Alice
Rosamund Pike - Garota Exemplar
Reese Whiterspoon - Livre
Felicity Jones - A Teoria de Tudo
Marion Cotillard - Dois Dias, Uma Noite

Melhor Ator Coadjuvante
J.K. Simmons - Whiplash - Em Busca da Perfeição
Ethan Hawke - Boyhood - Da Infância a Juventude
Mark Ruffalo - Foxcatcher - Uma História que Chocou o Mundo
Robert Duvall - O Juiz
Edward Norton - Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)

Melhor Atriz Coadjuvante
Meryl Streep - Caminhos da Floresta
Emma Stone - Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
Laura Dern - Livre
Patricia Arquette - Boyhood - Da Infância a Juventude
Keira Knightley - O Jogo da Imitação

Melhor Roteiro Original
Boyhood - Da Infância a Juventude
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
Foxcatcher - Uma História que Chocou o Mundo
O Abutre
O Grande Hotel Budapeste

Melhor Roteiro Adaptado
O Jogo da Imitação
Sniper Americano
Whiplash - Em Busca da Perfeição
A Teoria de Tudo
Vício Inerente

Melhor Animação
Operação Big Hero
Como Treinar Seu Dragão 2
Song of The Sea
Os Boxtrolls
O Conto da Princesa Kaguya

Melhor Filme Estrangeiro
Ida (Polônia)
Leviatã (Rússia)
Relatos Selvagens (Argentina)
Tangerines (Estônia)
Timbuktu (Mauritânia)

Melhor Figurino
O Grande Hotel Budapeste
Malévola
Caminhos da Floresta
Vício Inerente
Mr. Turner

Melhor Maquiagem e Penteados
Guardiões da Galáxia
O Grande Hotel Budapeste
Foxcatcher - Uma História que Chocou o Mundo

Melhor Direção de Arte
Interestelar
Caminhos da Floresta
Mr. Turner
O Jogo da Imitação
O Grande Hotel Budapeste

Melhor Direção de Fotografia
Ida
O Grande Hotel Budapeste
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
Invencível
Mr. Turner

Melhor Edição
O Jogo da Imitação
O Grande Hotel Budapeste
Boyhood - Da Infância à Juventude
Sniper Americano
Whiplash - Em Busca da Perfeição

Melhor Edição de Som
Invencível
Interestelar
O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos
Sniper Americano
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)

Melhor Mixagem de Som
Interestelar
Invencível
Whiplash - Em Busca da Perfeição
Birdman
Sniper Americano

Melhores Efeitos Visuais
Guardiões da Galáxia
Capitão América 2 - O Soldado Invernal
Interestelar
Planeta dos Macacos - O Confronto
X-Men: Dias de um Futuro Esquecido

Melhor Trilha Sonora
Hans Zimmer - Interestelar
Alexandre Desplat - O Grande Hotel Budapeste
Alexandre Desplat - O Jogo da Imitação
Jóhann Jóhannsson - A Teoria de Tudo
Gary Yershon - Mr. Turner

Melhor Canção Original
Glory - Selma
Everything Is Awesome - Uma Aventura Lego
Grateful - Beyond The Lights
Lost Stars - Mesmo Se Nada Der Certo
I'm Not Gonna Miss You - Glen Campbell... I'll Be Me

Melhor Documentário
Citizenfour
A Fotografia Oculta de Vivian Maier
Vietnã: Batendo em Retirada
O Sal da Terra
Virunga

Melhor Curta-metragem Documentário
Joanna
Our Curse
White Earth
The Reaper
Crisis Hotline: Veterans Press 1

Melhor Curta-metragem Live Action
Aya
The Phone Call
Parvaneh
Boogalo and Graham
La Lampe au Beurre de Yak

Melhor Curta-metragem de Animação
Feast
A Single Life
Me and My Moulton
The Big Picture
The Dam Keeper

Por: Vitor Pontes

Apostas para o Oscar 2015

     Hoje é dia de Oscar! A premiação mais famosa do cinema terá início às 21h30 e acaba por volta das 02h00, tendo apresentação do ator, comediante e mágico Neil Patrick Harris, o Barney de How I Met Your Mother. Já escolheu seus filmes preferidos? Veja quem são os favoritos e as possíveis surpresas de cada categoria. Clique no nome dos filmes para conferir a crítica de cada um:

Melhor Filme
Selma


Favoritos: Birdman ou (A Inesperada Virturde da Ignorância) e Boyhood - Da Infância à Juventude

   Vencedor de quase todos os prêmios da temporada e indicado a nove categorias do Oscar, Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) tem sido apontado por quase toda a imprensa como o favorito. A cómedia de humor negro dirigida e roteirizada por Alejandro González Iñárritu apresenta uma crítica as mídias de entretenimento com a história do ator Riggan Thomson (Michael Keaton), que era famoso pelo papel do super-herói Birdman, mas cuja carreira afundou após recusar fazer um quarto filme do personagem. Para tentar se recuperar, ele decide adaptar um premiado texto para a Broadway. Quase toda filmada como se fosse um plano sequência, a produção ainda tem Edward Norton, Naomi Watts, Emma Stone e Zach Galifianakis no elenco.


     Grande campeã do Globo de Ouro, a obra-prima Boyhood - Da Infância à Juventude também é considerada forte candidata ao grande prêmio da noite. Realizado em segredo durante 12 anos, o filme, como o título deixa óbvio, conta a história de um garoto desde criança até o início da fase adulta. O ousado e inovador longa foi dirigido por Richard Linklater e tem como protagonista a revelação Ellar Coltrane, além dos coadjuvantes Ethan Hawke e Patricia Arquette.


Podem surpreender: O Grande Hotel Budapeste e O Jogo da Imitação

     Após "roubar" o prêmio de Melhor Filme - Comédia ou Musical de Birdman no Globo de Ouro, O Grande Hotel Budapeste impressionou todos novamente ao ter o maior número de indicações ao Oscar. A divertida comédia é favorita a diversas categorias técnicas, mas pode continuar surpreendendo a todos e vencer a principal. A obra dirigida por Wes Anderson se destaca pelo seu visual e elenco estrelado, formado por nomes como Ralph Fiennes, Edward Norton, Owen Wilson, Bill Murray, Jude Law, Adrien Brody, Tilda Swinton, Willem Dafoe, Harvey Keitel, entre outros.


     O Jogo da Imitação possui menos chances devido a sua montagem simples, mas o fato de ser a biografia de uma figura importante, Alan Turing (Benedict Cumberbatch), e contar com ótimas atuações ajuda muito. Além disso, a produção esta indicada a oito categorias do prêmio, devendo muito a ótima recriação da época da história feita pela parte técnica.



Melhor Diretor
Wes Anderson - O Grande Hotel Budapeste
Alejandro González Iñárritu - Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
Richard Linklater - Boyhood - Da Infância a Juventude
Morten Tyldum - O Jogo da Imitação
Bennett Miller - Foxcatcher - Uma História que Chocou o Mundo


Favoritos: Alejandro González Iñárritu - Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) e Richard Linklater - Boyhood - Da Infância à Juventude

    Os favoritos para Melhor Filme marcam presença tendo os principais diretores do ano. O mexicano Alejandro González Iñárritu ganha sua segunda indicação ao prêmio após ser nomeado por Babel, em 2007. Com Birdman, ele decidiu investir na difícil missão de fazer uma obra inteira filmada de forma a parecer como um plano sequência, exceto no início e no fim da produção. A edição brilhante resultou em uma parte técnica espetacular e com grandes chances de ser premiada.




    Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Diretor, Richard Linklater mostrou ser um dos cineastas mais persistentes e corajosos de Hollywood. Conhecido pela trilogia iniciada por Antes do Amanhecer, ele se arriscou muito ao investir em uma produção que duraria 12 anos. Atores poderiam desistir, o roteiro tinha chances de não encaixar direito os acontecimentos, além da impossibilidade de filmar novamente cenas que não ficaram satisfatórias. Mesmo assim, Linklater conseguiu fazer uma obra quase impecável.



Pode surpreender: Wes Anderson - O Grande Hotel Budapeste

     Wes Anderson mostrou mais uma vez seu estilo excêntrico em O Grande Hotel Budapeste. Por mais confuso que seja, a obra apresenta uma história, dentro de uma história, dentro de outra historia, dentro de mais uma história, o que acabou rendendo o melhor filme da carreira do cineasta. Além de precisar coordenar um elenco cheio de astros, Anderson conseguiu montar toda a parte técnica de forma que tudo se adaptasse ao tom fantástico do roteiro. Grandes possibilidades de ser a maior surpresa do Oscar.



Melhor Ator
Steve Carell - Foxcatcher - Uma História que Chocou o Mundo
Benedict Cumberbatch - O Jogo da Imitação
Michael Keaton - Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
Bradley Cooper - Sniper Americano
Eddie Redmayne - A Teoria de Tudo


Favoritos: Eddie Redmayne - A Teoria de Tudo e Michael Keaton - Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)

     Até agora, Eddie Redmayne ganhou todas as principais premiações de Melhor Ator graças ao papel do gênio Stephen Hawking no romance A Teoria de Tudo. O jovem inglês teve que emagrecer e treinar muito sua postura para representar de forma realista o progresso da doença degenerativa ELA, que começou a se desenvolver no cientista quando esse tinha apenas 21 anos de idade. Extremamente detalhista, a atuação de Redmayne é merecedora de todos os elogios que recebe.


    Em Birdman, Michael Keaton, praticamente, interpreta uma versão fictícia dele mesmo. Há muito tempo longe dos holofotes de Hollywood, o ator eternizado pelos primeiros filmes do Batman tem sua carreira aproveitada pelo longa para oferecer uma crítica a mídia cinematográfica. Com o jeito louco de sempre, Keaton tem uma atuação sincera e dedicada, que possivelmente irá trazer mais destaque para o americano.



Podem surpreender: Steve Carell - Foxcatcher - Uma História que Chocou o Mundo, Benedict Cumberbatch - O Jogo da Imitação, Bradley Cooper - Sniper Americano

   A categoria de Melhor Ator é, provavelmente, a mais disputada desse ano. Prova disso é a possibilidade de todos os indicados ganharem. Steve Carell foi um dos atores mais elogiados do último ano graças a Foxcatcher - Uma História que Chocou o Mundo. Acostumado a comédias, ele investe em um drama sombrio baseado em fatos, tendo passado por uma grande transformação física para o papel de John du Pont, treinador de luta greco-romana americano.




  O popular Benedict Cumberbatch foi considerado favorito durante muito tempo graças a sua incrível atuação como o matemático Alan Turing em O Jogo da Imitação. O papel, inicialmente, parece muito com o Sherlock que o ator faz na televisão, mas logo passa a mostrar um desenvolvimento sentimental maior, com Cumberbatch controlando a "presença" que possui e apresentando uma interpretação sensível e emocionante.




  Por último, Bradley Cooper, que logo conseguiu irritar muitos por ter "roubado" a vaga de Jake Gyllenhaal, considerado nome certo para o Oscar. O ator ganhou peso e músculos para interpretar Chris Kyle, conhecido por ser o melhor atirador de elite da história dos EUA. Para muitos, é o melhor papel de sua carreira até agora.


Melhor Atiz
Julianne Moore - Para Sempre Alice
Rosamund Pike - Garota Exemplar
Reese Whiterspoon - Livre
Felicity Jones - A Teoria de Tudo
Marion Cotillard - Dois Dias, Uma Noite


Favorita: Julianne Moore - Para Sempre Alice

    Disparadamente, a principal candidata de 2015. Apesar das várias indicações, a sempre ótima Julianne Moore nunca conseguiu a estatueta do Oscar, o que esta prestes a mudar graças a Para Sempre Alice. Na história, ela interpreta uma doutora em linguística que começa a desenvolver Mal de Alzheimer de Início Precoce. Um papel sensível e dramático que já foi recompensado no Globo de Ouro e no SAG Awards.



Pode surpreender: Reese Whiterspoon - Livre

     Reese Whiterspoon quer muito ganhar outro Oscar. Após tentar investir no suspense Garota Exemplar, em papel que foi convencida a desistir por David Fincher, a vencedora do prêmio por Johnny e June partiu para a representação de uma jornada pessoal em Livre, baseado em uma história real. Chegando a fazer cenas de sexo, a atriz estrela um dos melhores filmes de sua carreira.


Melhor Ator Coadjuvante
J.K. Simmons - Whiplash - Em Busca da Perfeição
Ethan Hawke - Boyhood - Da Infância a Juventude
Mark Ruffalo - Foxcatcher - Uma História que Chocou o Mundo
Robert Duvall - O Juiz
Edward Norton - Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)


Favorito: J.K. Simmons - Whiplash - Em Busca da Perfeição

     Considerado o provável vencedor desde o lançamento de Whiplash - Em Busca da Perfeição, o experiente J.K. Simmons esta completamente insano no papel de um exigente professor de jazz com métodos nada convencionais. O ator é uma das grandes forças do filme, sendo essencial para seu funcionamento. Já foi premiado pela obra no Globo de Ouro e no SAG Awards.



Podem surpreender: Edward Norton - Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) e Ethan Hawke - Boyhood - Da Infância à Juventude

   Embora Mark Ruffalo e Robert Duvall apresentem a qualidade de sempre, dois nomes parecem ter mais força para se tornarem uma grande surpresa do Oscar. Edward Norton esta surtado em Birdman, fazendo o tipo de personagem sarcástico e exagerado que as premiações amam. Além disso, o favoritismo do filme para a principal categoria da noite pode ajudar o ator.




     Correndo por fora, também esta Ethan Hawke com Boyhood - Da Infância à Juventude. Acostumado a trabalhar com o diretor Richard Linklater, ele foi um dos que aceitou se dedicar ao grandioso projeto filmado durante 12 anos e acaba sendo, junto com Patricia Arquette, uma das principais qualidades da produção. O papel do pai do protagonista é, provavelmente, o mais complexo de toda a trama.



Melhor Atriz Coadjuvante
Meryl Streep - Caminhos da Floresta
Emma Stone - Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
Laura Dern - Livre
Patricia Arquette - Boyhood - Da Infância à Juventude
Keira Knightley - O Jogo da Imitação


Favorita: Patricia Arquette - Boyhood - Da Infância à Juventude

     Extremamente favorita, Patricia Arquette ganhou todos os prêmios de Melhor Atriz Coadjuvante até agora. Uma das grandes forças de Boyhood - Da Infância à Juventude, sua personagem, mãe do protagonista, tem momentos de tristeza, raiva, arrependimento... O papel precisava de uma interpretação completa, entregue com muitos méritos por Arquette. Quase impossível não ganhar o Oscar.


Pode surpreender: Meryl Streep - Caminhos da Floresta

     Alguém surpreender na categoria será muito difícil, mas se existem mínimas chances, elas estão com Meryl Streep. A atriz superou seu próprio recorde novamente, passando a acumular 19 indicações ao Oscar, marca que dificilmente será superada. Apesar de Caminhos da Floresta não ser um filme muito bom, ela consegue se destacar fazendo o papel da bruxa má, principal antagonista da história.



Melhor Roteiro Original
Richard Linklater - Boyhood - Da Infância à Juventude
Alejandro González Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris Jr. e Armando Bo - Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
E. Max Frye e Dan Futterman - Foxcatcher - Uma História que Chocou o Mundo
Dan Gilroy - O Abutre
Wes Anderson e Hugo Guinness - O Grande Hotel Budapeste


Favoritos: Richard Linklater - Boyhood - Da Infância à Juventude e Alejandro González Iñárritu - Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)

     Com os dois principais candidatos a melhor filme possuindo roteiros originais, a disputa entre eles é esperada. No Globo de Ouro, Birdman ganhou, mas a dificuldade na elaboração de um roteiro de 12 anos pode beneficiar Boyhood - Da Infância à Juventude, que ainda tem vantagem por ter sido escrito apenas por Richard Linklater, enquanto Iñárritu contou com a ajuda de Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris Jr. e Armando Bo. É uma das categorias mais disputadas dessa edição.




Pode surpreender: Wes Anderson e Hugo Guinness - O Grande Hotel Budapeste

     Para "variar", O Grande Hotel Budapeste continua sendo sempre a possível surpresa das categorias. O roteiro do diretor Wes Anderson em parceria com Hugo Guinness fala de diversos temas importantes, principalmente guerra, mas com um estilo mais cômico e interessante. Os cenários e aparências de personagens totalmente originais adicionam um força maior a produção.




Melhor Roteiro Adaptado
Graham Moore - O Jogo da Imitação
Jason Hall - Sniper Americano
Damien Chazelle - Whiplash - Em Busca da Perfeição
Anthony McCarten - A Teoria de Tudo
Paul Thomas Anderson - Vício Inerente


Favorito: Graham Moore - O Jogo da Imitação

     Após a Academia cometer grave injustiça ao deixar o roteiro de Garota Exemplar fora dos indicados, sendo que antes era considerado o provável vencedor, o favoritismo passou para O Jogo da Imitação, escrito por Graham Moore. Embora possua todos os clichês dos filmes de biografia, a história consegue apresentar bem a figura de Alan Turing e emocionar em alguns momentos.


Pode surpreender: Damien Chazelle - Whiplash - Em Busca da Perfeição


  Damien Chazelle é uma das grandes revelações da temporada por dirigir e roteirizar o independente Whiplash - Em Busca da Perfeição, adaptação de um curta-metragem. A história do garoto que sonha em ser um baterista de sucesso e tem que lidar com seu professor exigente é tensa e prende a atenção do início ao fim. O prêmio seria uma recompensa para o cineasta de apenas 30 anos que mostra ter muito a oferecer.


Melhor Animação
Operação Big Hero
Como Treinar o Seu Dragão 2
Song of The Sea
Os Boxtrolls
O Conto da Princesa Kaguya


Favorito: Como Treinar o Seu Dragão 2

     A continuação das histórias de Soluço e seu dragão Banguela conquistou público e crítica novamente, resultando no anúncio de mais uma produção para a série. Com a ausência de filmes da Pixar esse ano, Como Treinar o Seu Dragão 2 se torna o principal concorrente ao Oscar de Melhor Animação graças a sua história divertida e parte técnica excelente.


Pode surpreender: Operação Big Hero

     Com a surpreendente ausência do popular Uma Aventura Lego, o único com força para tirar a estatueta do favorito é Operação Big Hero, primeiro desenho da Disney em parceria com a Marvel. O grupo de heróis liderado pelo garoto Hiro e o robô Baymax foi um sucesso e, provavelmente, ganhará uma sequência.





Melhor Filme Estrangeiro
Ida (Polônia)
Leviatã (Rússia)
Relatos Selvagens (Argentina)
Tangerines (Estônia)
Timbuktu (Mauritânia)


Favorito: Leviatã

     Vencedor do prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Cannes e Melhor Filme Estrangeiro no Globo de Ouro, o drama político Leviatã não parou de receber elogios desde seu lançamento. O longa criou polêmica na Rússia devido as críticas ao governo, inclusive ao atual presidente do país, Vladimir Putin. Cheio de simbolismos interessantes, é a produção favorita da categoria.


Pode surpreender: Ida

     Nomeado a Melhor Direção de Fotografia, Ida é um drama polonês que envolve uma jornada de autoconhecimento e histórias da Segunda Guerra Mundial. O filme estreou em dezembro do ano passado no Brasil e foi sucesso de crítica.




Confira a crítica de alguns dos outros indicados:
Guardiões da Galáxia - Melhor Maquiagem e Penteados, Melhores Efeitos Visuais
Interestelar - Melhor Direção de Arte, Melhor Edição de Som, Melhor Mixagem de Som, Melhores Efeitos Visuais, Hans Zimmer - Melhor Trilha Sonora
Invencível - Melhor Direção de Fotografia, Melhor Edição de Som, Melhor Mixagem de Som
O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos - Melhor Edição de Som
X-Men: Dias de um Futuro Esquecido - Melhores Efeitos Visuais
Uma Aventura Lego - Everything Is Awesome - Melhor Canção Original

Por: Vitor Pontes

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

O Juiz - Crítica

Nota: 7

Título: O Juiz (The Judge)
Gênero: Drama
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2014
Estreia no Brasil: 16 de outubro de 2014
Duração: 141 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Direção: David Dobkin
Roteiro: Nick Schenk, Bill Dubuque
Elenco: Robert Downey Jr., Robert Duvall, Billy Bob Thornton, Vera Farmiga, Vicent D'Onofrio, Jeremy Strong, Dax Shepard, Leighton Meester, Sarah Lancaster, Ken Howard


     Em 2010, surgiu a produtora Team Downey, fundada pelo ator Robert Downey Jr. e sua esposa, Susan. Mais um grande passo para o astro que até 2007 estava completamente esquecido por público e crítica, tendo voltado a chamar a atenção na comédia Trovão Tropical e explodindo no ano seguinte com o papel de Homem de Ferro. Ao estrelar o filme da Marvel, parece que ele encontrou a fórmula do sucesso, investindo sempre em personagens com o mesmo estilo do sarcástico Tony Stark. O Juiz é a primeira aposta de sua produtora, mas, dessa vez, a temática, os atores e o estilo não escondem que a obra foi feita com claras intenções de ganhar prêmios.

     Na história, Hank Palmer (Robert Downey Jr.) é um advogado rico e bem-sucedido, mas esconde com ironias a tristeza de um casamento fracassado. Após a notícia do falecimento da mãe, ele retorna a cidade em que cresceu para o velório, onde fica ainda mais clara sua distante relação com a família. Quando esta se preparando para ir embora, o pai de Hank, o juiz Joseph Palmer (Robert Duvall), é acusado pelo assassinato de um criminoso que condenou há vinte anos. A falta de contato não impede que o advogado decida ficar para evitar a condenação, o que parece mais difícil a cada nova descoberta sobre o caso.

     O filme tem tudo o que uma obra premiada possui: conflitos familiares, uma trilha sonora dramática, um personagem em busca de mudanças... O problema é que esse não consegue misturar os elementos de forma original, não resultando em momentos espetaculares como prometido. Porém, isso não significa que a produção seja ruim, já que ela é, na verdade, uma obra que garante entretenimento e consegue ser bem interessante.

     Caso optasse por focar apenas no lado dramático, O Juiz seria difícil de aguentar, ainda mais considerando sua longa duração de 141 minutos. Contudo, mesmo levando cerca de meia hora para a trama principal engrenar, o longa agrada graças aos toques de humor incluídos nele. Robert Downey Jr., como já dito, tem utilizado o estilo de Tony Stark em todos os seus personagens, o que garante piadas irônicas e divertidas. Claro que Hank Palmer é uma versão mais contida do "gênio, bilionário, playboy e filantropo" dos Vingadores, mas a base é a mesma.

     O diretor David Dobkin, acostumado a fazer comédias, se arrisca pela primeira vez em uma proposta diferente e consegue ir bem, acertando nas filmagens das cenas de tribunais e captando momentos emocionantes da relação entre pai e filho na história.

     A produção escolheu Robert Duvall para viver o juiz, uma das melhores decisões que poderia fazer. Já tendo vencido um Oscar em 1984, o experiente ator mostra toda sua qualidade, ganhando outra indicação ao grande prêmio pelo papel. Ele protagoniza as melhores cenas do longa, mas também divide a tela com outros ótimos coadjuvantes, como Vera Farmiga e Billy Bob Thornton.

  Mesmo que acabe apelando para o sentimentalismo algumas vezes, O Juiz tem importantes qualidades, principalmente em relação ao carismático elenco. Não consegue cumprir seu objetivo de se tornar inesquecível e premiado, mas a história dramática familiar traz uma maior facilidade de identificação com o público e garante bons momentos para o longa. Um início interessante para o Team Downey.

Por: Vitor Pontes

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Sniper Americano - Crítica

Nota: 9

Título: Sniper Americano (American Sniper)
Gênero: Drama, Biografia, Guerra
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2014
Estreia no Brasil: 19 de fevereiro de 2015
Duração: 133 minutos
Classificação indicativa: 16 anos
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Jason Dean Hall
Elenco: Bradley Cooper, Sienna Miller, Luke Grimes, Jake McDorman, Cory Hardrict, Navid Negahblan, Keir O'Donnell, Kyle Gallner, Brian Hallisay, Sam Jaeger, Mido Hamada


     O grande interesse de Clint Eastwood pela política não é novidade para ninguém. Membro do Partido Republicano desde 1951, o cineasta foi prefeito da pequena cidade Carmel-by-the-Sea, ficando no cargo de 1986 até 1988. Apesar de ser conhecido pelos ideais conservadores, o ator e diretor participou de entrevistas nos últimos anos afirmando admirar a filosofia do Libertarismo, da qual teria se tornado adepto. É importante entender o que esse grande gênio da sétima arte pensa sobre os sistemas políticos para a compreensão de toda a polêmica que envolve Sniper Americano, indicado a seis categorias no Oscar.

     Para analisar de forma mais correta uma produção, o melhor é não criar grandes expectativas, mas é impossível ver o título e tema do longa sem esperar por um dos filmes mais patrióticos dos últimos tempos. A obra surpreendeu nas bilheterias americanas, tendo melhores números do que todos os outros nomeados a Melhor Filme juntos. Porém, logo vieram as críticas, acusando o diretor Clint Eastwood e o roteirista Jason Dean Hall de apresentar uma visão rasa e mal desenvolvida do assunto que trata. Com a chegada aos cinemas brasileiros essa semana, todos irão tirar suas próprias conclusões, mas uma coisa é certa: entra facilmente na lista de melhores do ano.

     Com base no livro American Sniper: The Autobiography of the Most Lethal Sniper in U.S. Military Story, o roteiro fala sobre a história real de Chris Kyle (Bradley Cooper), atirador de elite que, oficialmente, eliminou cerca de 160 inimigos em batalha, embora muitos afirmem que foram mais de 200. Passando pela rígida criação no Texas, o casamento com Taya (Sienna Miller) e a ida para o Iraque no período da guerra ao terror, toda a vida do militar é representada.

     Logo no início, já é possível entender um pouco da personalidade do protagonista. O pai do personagem explica que, para a família, as pessoas são divididas em três tipos: os cordeiros, inocentes que sofrem com as injustiças, lobos, os que fazem o mal, e cães pastores, protetores dos fracos e oprimidos. Fica óbvio que Chris Kyle vai escolher o último grupo para se juntar. Seu patriotismo fica cada vez mais perceptível com o tempo. Ao se alistar no exército, ele já tinha 30 anos, o que o leva a ser considerado um dos grandes responsáveis por seu grupo quando chega no Iraque pela primeira vez para combater terroristas.

     Nesse ponto, começa a grande polêmica envolvendo a visão limitada da obra em relação aos conflitos iniciados após o 11 de Setembro. Embora os EUA sejam retratados como os grandes heróis da história, é importante lembrar que estamos vendo os acontecimentos a partir de um homem apaixonado pelo seu país. Não se pode negar que, inicialmente, Kyle é desenvolvido apenas como um homem em defesa da nação.

     Porém, o sentimento patriótico vai sendo deixado de lado conforme os horrores da guerra começam a aparecer. O instinto de sobrevivência passa a dominar todos e a verdadeira motivação das equipes de soldados se torna salvar os colegas que estão ao seu lado. O filme apresenta alguns personagens que não concordam com os acontecimentos do campo de batalha, criando conflito com os ideias do protagonista. Não surgem questionamentos mais aprofundados sobre o assunto, mas dizer que a obra cai totalmente nos esteriótipos do tema é um exagero.

     Com o cenário apresentado, Chris Kyle começa a ser melhor desenvolvido, em grande parte graças ao papel de Sienna Miller, em ótima atuação. A esposa fica em seu país tendo que cuidar dos filhos e viver com o medo de perder o marido a qualquer momento, além de ter que lidar com os problemas psicológicos desse quando volta ao lar. A partir dela, podemos ter uma noção mais humana de toda a situação.

     Clint Eastwood é quase sinônimo de qualidade. Em Sniper Americano, o diretor mostra que continua em plena forma aos 84 anos de idade, criando situações de tensão como poucos conseguem. O espectador sente facilmente a pressão que um atirador de elite sofre, tendo que conviver com decisões morais ao precisar decidir que alvos eliminar. Além disso, as cenas de ação são ótimas, com destaque para o conflito no meio da tempestade de areia.

     Bradley Cooper é a grande estrela do filme e mostra que ainda tem muito a oferecer, apresentando, provavelmente, o melhor desempenho de sua carreira até agora. O ator ganhou peso e desenvolveu seu sotaque, tendo grande comprometimento com o papel. A indicação ao Oscar de Melhor Ator não pode ser considerada um absurdo, embora o injustiçado Jake Gyllenhaal ainda tenha sido melhor em O Abutre.

     Mesmo não apresentando nenhuma crítica elaborada, Sniper Americano é extremamente bem feito. As interpretações políticas, certamente, irão variar entre as pessoas, mas isso não tira todas as qualidades da produção. Uma grande dica: caso não saiba sobre os acontecimentos da vida de Chris Kyle, não procure antes de assistir o filme. O impacto fica ainda maior.

Por: Vitor Pontes

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Caminhos da Floresta - Crítica

Nota: 4

Título: Caminhos da Floresta (Into the Woods)
Gênero: Musical, Fantasia
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2014
Estreia no Brasil: 29 de janeiro de 2015
Duração: 124 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Direção: Rob Marshall
Roteiro: James Lapine (Obra original de Stephen Sondheim)
Elenco: Meryl Streep, Emily Blunt, James Corden, Anna Kendrick, Chris Pine, Johnny Depp, MacKenzie Mauzy, Christine Baranski, Daniel Huttlestone, Lilla Crawford, Richard Glover


     Adaptações são quase garantia de sucesso em Hollywood. Escolha uma obra famosa, pegue o material pronto e altere as partes necessárias para que tudo se encaixe na nova mídia. O público tem conhecimento prévio do conteúdo que verá quando entrar no cinema, o que já garante uma bilheteria maior, enquanto as produtoras podem fazer seus filmes mais rapidamente. A maioria dessas obras surgem a partir de livros, mas muitas vem diretamente de apresentações musicais, mais especificamente das que acontecem em uma importante avenida de Nova York: a Broadway.

     Apesar de sucessos como Chicago, levar um musical às telas é uma difícil missão para a indústria cinematográfica. O visual e a agilidade da história são aspectos cuja alteração pode resultar em um grande fracasso. Com isso, a mais nova aposta do estilo é Caminhos da Floresta, adaptada do sucesso Into the Woods, que estreou em 1986 e trazia a inovadora proposta de utilizar personagens de contos de fadas na história. Para dirigir o filme, foi chamado Rob Marshall, experiente no gênero, mas nem isso consegue salvar o longa de seus vários problemas.

     A trama mistura diversos personagens criados pelos irmãos Grimm, incluindo Cinderela (Anna Kendrick), o príncipe encantado (Chris Pine), Rapunzel (MacKenzie Mauzy), João (Daniel Huttlestone) e Chapeuzinho Vermelho (Lilla Crawford). Os protagonistas são um padeiro (James Corden) e sua esposa (Emily Blunt), que sofrem as consequências do feitiço de uma bruxa (Meryl Streep) lançado em seus ancestrais. Para desfazer a magia, eles precisam ir a floresta buscar os objetos que acabarão com a maldição, o que leva aos mais variados encontros com personagens clássicos.

     O filme já consegue chamar a atenção do público apenas por citar os contos que toda pessoa conhece desde criança, dispensando apresentações para certas figuras que se encaixam com naturalidade a história. Apesar disso, os primeiros erros logo surgem através dos diálogos, fracos e explicativos demais. Muitas partes são desnecessárias e vão cansando o espectador cada vez mais.

     O roteiro até possui uma ideia interessante, mas se perde no meio da divisão de suas partes, exagerando ao destacar alguns momentos e fazendo com que certas situações pareçam irrelevantes de tão rápidas. Pior ainda são os claros erros de continuidade e as soluções fáceis escolhidas para que a história siga o caminho desejado. Outro problema do enredo escrito por James Lapine esta nos exagerados 124 minutos de duração. Quando o filme pareça estar acabando ele sofre uma reviravolta que estende a produção em meia hora de conteúdo desnecessário e de qualidade duvidosa.

     Ao menos, a obra consegue oferecer um pouco de competência na parte mais essencial: as músicas. Sem muitas coreografias, elas se adaptam naturalmente as cenas, embora não sejam muito memoráveis. O maior destaque acaba ficando para a hilária Agony, que envolve dois príncipes em um "duelo" onde discutem suas qualidades. Junto a trilha sonora, o visual também é muito bom e consegue captar bem o clima proposto.

     No grande elenco, Meryl Streep, como esperado, é destaque em mais uma atuação incrível, ganhando outra indicação ao Oscar pelo filme. Surpreendendo a todos, Emily Blunt demonstra uma voz poderosa e rouba a cena sempre que aparece. Infelizmente, apenas as duas conseguem ganhar elogios. Anna Kendrick, James Corden e Chris Pine são bem irregulares em seus personagens. Enquanto isso, Johnny Depp tem uma participação mínima que segue a linha dos preguiçosos papéis que vem fazendo desde Piratas do Caribe.

    Com tantos erros, Caminhos da Floresta é uma decepção e será rapidamente esquecido. Nem o bom visual compensa os graves problemas do roteiro, cheio de personagens mal desenvolvidos. Embora sempre tente, o longa não consegue empolgar em nenhum momento, o que é uma pena tendo em vista o grande potencial do projeto.

Por: Vitor Pontes

Dois Dias, Uma Noite - Crítica

Nota: 8

Título: Dois Dias, Uma Noite (Deux jours, une nuit)
Gênero: Drama
Nacionalidade: Bélgica, França, Itália
Ano de produção: 2014
Estreia no Brasil: 05 de fevereiro de 2015
Duração: 95 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Direção: Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne
Roteiro: Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne
Elenco: Marion Cotillard, Fabrizio Rongione, Catherine Salée, Baptiste Sornin, Pili Groyne, Simon Caudry, Christelle Cornil, Olivier Gourmet


  O desemprego é uma das grandes consequências da crise econômica que já vem atingindo a Europa há algum tempo. Utilizando seu conhecido estilo cinematográfico, os irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne resolveram levar essa questão de grande importância para os cinemas com Dois Dias, Uma Noite. Aparentemente, a obra busca apenas fazer um retrato do cenário europeu atualmente, mas logo demonstra uma profundidade maior, tratando de relações humanas de uma forma inteligente e cuidadosa.

     Na história, Sandra (Marion Cotillard) acabou de se recuperar de uma depressão que a afastou do trabalho durante um longo período. Ao retornar, ela descobre que foi despedida através de uma votação dos outros funcionários da fábrica, onde tinham que escolher entre mantê-la na equipe ou ganhar um valor adicional de mil euros no salário. Porém, ao descobrir que alguns colegas foram persuadidos a votar contra ela, Sandra se junta ao marido, Manu (Fabrizio Rongione), para ir atrás dos empregados e convencê-los a mudar de ideia, só tendo o período de dois dias e uma noite até a nova votação. 

     Por mais que o roteiro pareça apenas querer mostrar o lado ruim do sistema econômico capitalista, ele demonstra grande qualidade ao abordar o tema de forma humana através de sua protagonista muito bem desenvolvida, que ganha força através da excelente Marion Cotillard, indicada ao Oscar pelo papel. Demonstrando sensibilidade de forma extremamente natural, a atriz carrega o filme, ficando claro que esse não funcionaria sem sua grande atuação.

    A trama tem como grande mérito não dividir os personagens em "mocinhos e vilões", evitando a existência de um antagonista definido. Por mais que alguns tenham decidido tirar o emprego da protagonista apenas pelo desejo de ganhar mais dinheiro, a maioria tem bons motivos para isso. O alto custo de vida, às vezes, não permite que os colegas ajudem Sandra, por mais que desejem. As diferentes ideologias entram em conflito e trazem questões morais interessantes, não parecendo forçadas em nenhum momento.

     A produção utiliza muito a técnica de câmera na mão, destacando o realismo dos acontecimentos e a busca por um tom mais natural possível. Os temas paralelos a trama principal, como família, depressão e amor, ajudam a trazer uma sensação ainda maior de que estamos acompanhando uma história que poderia acontecer com qualquer um.

     Simples e sem exageros, Dois Dias, Uma Noite é um filme sensível e que consegue até emocionar em certos momentos. Os irmãos Dardenne apresentam de forma leve, mas efetiva, uma ótima crítica ao individualismo e a ganância das pessoas no cenário atual, que, unida a excelente atuação de Marion Cotillard, garante a qualidade de uma das obras mais interessantes do ano até agora.

Por: Vitor Pontes

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Para Sempre Alice - Crítica

Nota: 8

Título: Para Sempre Alice (Still Alice)
Gênero: Drama
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2014
Estreia no Brasil: 12 de março de 2015
Duração: 101 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Direção: Richard Glatzer, Wash Westmoreland
Roteiro: Richard Glatzer, Wash Westmoreland (Obra original de Lisa Genova)
Elenco: Julianne Moore, Alec Baldwin, Kristen Stewart, Kate Bosworth, Shane McRae, Hunter Parrish, Seth Gilliam, Victoria Cartagena, Daniel Gerroll


     O Mal de Alzheimer é, certamente, uma das doenças mais terríveis que alguém pode desenvolver, não apenas pelos problemas que ela traz ao portador, mas para todos ao seu redor. Acompanhar quem possui essa enfermidade é um processo doloroso, afinal, é como assistir a mente de um ser humano sendo destruída aos poucos, com memórias que vão e vem até desaparecerem por completo. Para Sempre Alice, baseado no livro homônimo, retrata um pouco do drama de uma pessoa comum que precisa lidar com as consequências desse problema.

     A Dra. Alice Howland (Julianne Moore) é uma renomada professora de linguística, mãe de três filhos e casada com o também doutor, John (Alec Baldwin). Ao perceber que esta esquecendo diversas palavras, incluindo nomes de pessoas e lugares, ela procura um neurologista, no qual descobre possuir Mal de Alzheimer de Início Precoce, que ocorre quando o paciente é diagnosticado com a doença antes dos 65 anos de idade. Alice passa a ter que lidar com as consequências da situação, incluindo grandes mudanças nas relações de sua família.

     A missão de adaptar a obra de Lisa Genova para o cinema era bem complicada. É o tipo de história que, geralmente, acaba ficando melodramática demais, porém, Richard Glatzer e Wash Westmoreland, diretores e roteiristas da produção, conseguiram fazer um filme que trata o tema de forma sensível e comovente, sem precisar apelar para o sentimentalismo.

     A introdução de Alice é simples e ágil, sendo a protagonista realmente construída a partir da "desconstrução" de sua personalidade pela doença que possui. Com isso, a história trata de uma jornada de recomeços, onde Alice precisa sempre buscar saber mais sobre quem realmente é. O foco no lado emocional dá força ainda maior para a personagem, que já conseguia criar empatia com o espectador por ser alguém comum enfrentando um problema que pode afetar qualquer pessoa.

     Os relacionamentos familiares também são um dos pontos mais importantes que o filme aborda, principalmente no que se refere ao marido, John, e a filha caçula, Lydia (Kristen Stewart). Enquanto o primeiro parece se afastar cada vez mais conforme a doença avança, a jovem começa a se aproximar da mãe. Através deles, a produção fala mais sobre amor e companheirismo, outros temas da obra.

     A fotografia utiliza a claridade para simbolizar o esquecimento, com ambientes cada vez mais brancos demonstrando o progresso do Alzheimer. Além disso, imagens sem foco também representam Alice perdendo a própria personalidade, com destaque para a cena em que mal consegue ver seu reflexo na televisão. Tudo isso é acompanhado de uma ótima trilha sonora, delicada como deve ser.

     Tratando-se de uma obra de personagem, uma forte atuação é essencial, sendo entregue com perfeição pela sempre incrível Julianne Moore. A atriz mostra o porquê de estar ganhando reconhecimento em diversas premiações e ser a grande favorita ao Oscar desse ano. Em um papel que exige tanto emocionalmente, a qualidade é inquestionável, com cada sentimento muito bem retratado.

     Junto a Moore, aparecem com mais importância dois coadjuvantes. Alec Baldwin mantém o seu bom nível de sempre, fazendo o marido que não sabe lidar com a situação. Kristen Stewart tem uma personagem interessante para o desenvolvimento de Alice, mas a atriz, cujas limitações sempre foram óbvias, não consegue dar profundidade a ela. Uma escolha melhor teria fornecido ainda mais impacto emocional para a produção.

     Simples e bem feito, Para Sempre Alice é um filme comovente, não deixando de ser uma bandeira importante para a doença que alguns até evitam falar sobre apenas pelo medo dela. Uma ótima produção que merece ser vista, tanto pela bela história quanto para acompanhar o fantástico desempenho de uma das melhores atrizes de Hollywood atualmente.

Por: Vitor Pontes