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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Juno - Crítica

Nota: 10

Título: Juno
Gênero: Comédia, Drama
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2007
Estreia no Brasil: 5 de dezembro de 2007
Duração: 96 minutos
Classificação indicativa: 10 anos
Direção: Jason Reitman
Roteiro: Diablo Cody
Elenco: Ellen Page, Michael Cera, Jennifer Garner, Jason Bateman, J. K. Simmons, Olivia Thirlby, Allisson Janey


     A gravidez na adolescência é uma situação que, infelizmente, chega a parecer cada vez mais natural. Quase todos conhecem alguém que já passou ou passa por essa situação, que pode acarretar em diversos problemas como o abandono dos estudos, dificuldades financeiras e saúde debilitada, fora os julgamentos sofridos por grande parte da sociedade. Esse é um tema que normalmente seria usado para uma história triste e de superação, porém Juno faz o oposto, tratando a situação de forma sarcástica e cômica, trazendo uma das história mais originais e bem feitas dos últimos anos.

     A trama se passa em torno da personagem que é título do filme, Juno (Ellen Page), uma jovem de 16 anos que acaba por engravidar de seu melhor amigo Bleeker (Michael Cera), com o qual teve apenas uma relação sexual. Juno não quer fazer um aborto e a solução encontrada por ela é buscar um "casal perfeito" que deseje adotar seu filho antes mesmo do nascimento. Para isso, ela conta com o apoio do pai (J.K. Simmons) e a madrasta (Allison Janey), além da melhor amiga, Leah (Olivia Thirlby). Na busca, ela encontra Mark (Jason Bateman) e Vanessa (Jennifer Garner), o possível casal que adotará a criança.

     Diablo Cody, roteirista do filme, surpreendeu a todos com uma história tão bem feita, tanto que a produção ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original. É tudo muito cativante. O desenvolvimento dos personagens é feito de forma convincente e marcante, mostrando bem seus sentimentos e relacionamentos. Os diálogos são o ponto alto do filme, com destaque para a personagem principal, que consegue fazer rir várias vezes e emocionar quando necessário.

     A produção tem uma trilha sonora íncrivel e toda a ambientação é clara e simples, já que o filme investe mesmo na história, Aliás, essa só dá certo graças ao incrível elenco da produção. Ellen Page carrega o filme de forma inquestionável e faz uma personagem muito carismática, apesar de seu jeito desleixado. Michael Cera faz o tipo de papel em que é o melhor: o adolescente tímido e franzino. O resto do elenco também é excelente, com destaque para Olivia Thirlby, cuja personagem é responsável alguns dos momentos mais engraçados do filme.

     Simples, bem feito e com diálógos incríveis, Juno foi uma das grandes surpresas dos últimos anos, principalmente por ser um filme independente e ter uma roteirista sem experiência alguma. Uma obra simpática que possui a dose perfeita de comédia e drama. Um dos melhores filmes de 2007.

Por: Vitor Pontes

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Até que a Sorte nos Separe - Crítica

Nota: 3

Título: Até que a Sorte nos Separe
Gênero: Comédia
Nacionalidade: Brasil
Ano de produção: 2012
Estreia no Brasil: 5 de outubro de 2012
Duração: 90 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Direção: Roberto Santucci
Roteiro: Paulo Cursino, Angelica Lopes
Elenco: Leandro Hassum, Daniele Winits, Kiko Mascarenhas, Rita Elmôr, Ailton Graça


     Um comédia da TV para o cinema. Ao "melhor" estilo Zorra Total, Até que a Sorte nos Separe é a típica obra do gênero feita pela Globo Filmes, uma produção que busca apenas arrecadar dinheiro e não tem nada bem feito tecnicamente, com as únicas esperanças de sucesso totalmente depositadas no comediante e ator Leandro Hassum. A aposta deu certo e o filme fez bonito nas bilheterias, mas isso não muda o fato deste não possuir quase nenhuma qualidade.

     No roteiro, Tino (Leandro Hassum) é um pai de família que ganha na loteria e passar a viver uma vida de puro luxo, porém ele acaba por gastar todo o dinheiro em 15 anos e apenas percebe o fato ao chegar a beira da falência. Sua esposa Jane (Daniele Winits) esta grávida do terceiro filho do casal e também não repara nos gastos. Então, para não assustar a mulher e os filhos, Tino fará de tudo para esconder os problemas e se recuperar financeiramente, contando com a ajuda de seu amigo e contador Amauri (Kiko Mascarenhas).

     A história é fraca e não empolga (obviamente há o clássico arrependimento do personagem principal pelos seus erros e a mensagem de que a família é o mais importante). A comédia é feita na base do exagero e situações constrangeradoras, além de personagens completamente esteriotipados, sendo quase impossível se apegar a eles. Aliás, Tino é mais uma daquelas criações medíocres feitas para Leandro Hassum: o homem gordo e desajeitado. Mesmo com todo o talento do humorista, é difícil demais convencer tendo que viver um personagem tão ruim. O resto do elenco também é muito fraco.

     Até que a Sorte nos Separe é mais um daqueles filmes feitos de qualquer jeito e apenas para obter lucro. Existem alguns raríssimos momentos que realmente fazem rir de formas inteligentes, porém a obra quase que completamente consiste de mecanismos exagerados e que não agradam ninguém que busque um humor no mínimo um pouco mais refinado.

Por: Vitor Pontes
     

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Querido John - Crítica

Nota: 7

Título: Querido John (Dear John)
Gênero: Romance
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2010
Estreia no Brasil: 7 de maio de 2010
Duração: 107 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Direção: Lasse Hallstrom
Roteiro: Jamie Linden (Nicholas Sparks, autor da obra original)
Elenco: Channing Tatum, Amanda Seyfried, Henry Thomas, Richard Jenkins, Scott Porter


     Pôr do sol, beijos apaixonados, câmera lenta... Todo tipo de clichê de filmes românticos esta presente em Querido John. Porém, o filme pode agradar bastante, principalmente fãs do gênero. Baseado no bestseller de um dos mestres da literatura romântica, Nicholas Sparks, o roteiro tem alguns elementos que adicionam um pouco mais de profundidade a obra, sendo algo bom pra quem não busca apenas mais um romance piegas.

     A história se passa ao redor do relacionamento de John (Channing Tatum), um militar, e Savannah (Amanda Seyfried), uma estudante prestes a entrar em uma universidade. Eles se conhecem durante o período de licença dele no exército e passam juntos duas semanas, um período que chega a ser longo se comparado ao fato de casais ficarem perdidamente apaixonados em apenas um dia em outros filmes do gênero. Tudo esta muito feliz, porém ele é chamado pelas forças armadas para voltar ao Iraque, enquanto ela tem que ir em busca da graduação de seus sonhos. Então, eles decidem manter contato através de cartas, buscando manter seu relacionamento mesmo com tamanha distância e vidas tão diferentes, porém, obviamente, diversos fatores acabam por prejudicar o rumo do romance.

     Como já falado, a história tem de tudo para agradar fãs do gênero, principalmente os que já leram a obra original, mas o ponto que mais se destaca no roteiro é o que envolve John com seu pai (Richard Jenkins). O relacionamento dos dois é complicado devido a distância que o pai mantém distância de praticamente todos, levando a brigas constantes de John com ele, porém tudo tem um motivo. Essa parte é provavelmente a mais emocionante do filme, sendo turbinada pela ótima atuação de Jenkins. Aliás, os atores principais vão bem. Mesmo não sendo um espetáculo, a química entre eles convence, sendo fator crucial para o filme agradar.

     Mesmo com todos os clichês, a obra é muito bem feita, sendo uma excelente indicação para quem gosta dos clássicos casais perdidamente apaixonados da sétima arte, podendo facilmente emocionar os mais sensíveis.

Por: Vitor Pontes

sábado, 25 de outubro de 2014

Garota Exemplar - Crítica

Nota: 10

Título: Garota Exemplar (Gone Girl)
Gênero: Suspense
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2014
Estreia no Brasil: 2 de outubro de 2014
Duração: 149 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Direção: David Fincher
Roteiro: Giliian Flynn (Também autora da obra original)
Elenco: Ben Affleck, Rosamund Pike, Neil Patrick Harris, Tyler Perry, Carrie Coon, Kim Dickens, Patrick Fugit, Missy Pyle

    
      David Fincher é um dos mestres do cinema atualmente e mostra mais uma vez toda a sua qualidade ao adaptar Garota Exemplar, livro de Gillian Flynn, que também foi roteirista do filme. Cercado de expectativas, o diretor traz uma obra incrível, que pode deixar quem assiste na ponta da cadeira nos seus melhores momentos.

     A história fala sobre Nick (Ben Affleck) e Amy Dunne (Rosamund Pike), um casal cujo relacionamento se inicia como se fosse um sonho e vai ficando amargo, com o marido se tornando cada vez mais frio e a mulher sendo muito controladora. No começo, os dois viviam em Nova York, porém tiveram que se mudar para o Missouri após a mãe de Nick descobrir que tinha câncer. No dia do aniversário de cinco anos de casamento, ele sai e, ao voltar para casa, descobre que Amy desapareceu e o lugar esta completamente bagunçado. A polícia começa a investigar o caso e a imprensa passa a destacar muito o acontecimento. Porém, com o tempo, a falta de provas e as atitudes de Nick começam a indicar que ele é o possível responsável pelo crime, se tornando o maior suspeito.

     Basicamente, o enredo seria esse, mas há uma quantidade imensa de reviravoltas na trama, o que é melhor não destacar para não estragar o que há de melhor no filme. A história é contada através do ponto de vista dos dois personagens principais: Nick, retratando o presente e a busca pela esposa, e Amy, cujos trechos são mostrados em flashbacks através de seu diário, que conta o relacionamento inteiro do casal. Além disso, há também partes vistas pelo lado da imprensa, que influencia muito nas investigações do caso, servindo como uma crítica do filme a quando isso acontece em crimes na vida real (e acontece muito!).

     Fincher oferece um show na parte visual do filme. Os trechos que se passam na atualidade tem tons frios, escuros e ambiente silencioso, passando bem o clima de comoção da cidade em que tudo ocorreu e deixando ainda mais claro a frieza de Nick. Os flashbacks de Amy são coloridos e parecem até obra da imaginação, o que reafirma a felicidade do casal no início do relacionamento.

     O elenco é outro ponto forte da obra. Ben Affleck esta claramente em uma fase nova da carreira e interpreta com maestria o frio Nick, demonstrando poucas emoções e se movimentando pouco. Rosamund Pike também tem atuação espetacular como Amy, sabendo ser uma mulher bela, amorosa, mas ao mesmo tempo independente. Todos os outros atores vai muito bem, com destaque para Neil Patrick Harris, que depois de anos de How I Met Your Mother, investe em um personagem completamente diferente, que é misterioso e essencial para a trama.

     Visualmente fantástico e com um enredo que não deixa de prender a atenção em nenhum momento do filme, o que também impressiona pela longa duração deste, Garota Exemplar é mais uma obra prima de David Fincher, um dos melhores filmes do ano, e não surpreenderá se for indicado para várias premiações.

Por: Vitor Pontes

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Pequena Miss Sunshine - Crítica

Nota: 9

Título: Pequena Miss Sunshine (Little Miss Sunshine)
Gênero: Comédia, Drama
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2006
Estreia no Brasil: 20 de outubro de 2006
Duração: 101 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Direção: Jonathan Dayton, Valerie Faris
Roteiro: Michael Arndt
Elenco: Abigail Breslin, Greg Kinnear, Steve Carell, Alan Arkin, Paul Dano, Toni Collete


     
      Pequena Miss Sunshine foi uma das maiores surpresas do cinema em 2006. É um filme independente, dirigido pelo casal Jonathan Dayton e Valerie Faris e escrito por Michal Arndt, todos inexperientes na sétima arte. A produção levou muito tempo para ser feita devido a falta de orçamento para sua realização, mas eles insistiram e conseguirar levar a ideia para a frente, o que, curiosamente, combina com os temas principais do filme: superação, vencedores e perdedores.


     Exibido pela primeira vez no Festival de Sundance e depois distribuído pela 20th Century Fox, a obra conta a história da família Hoover, formada por Richard (Greg Kinnear), o pai que tenta publicar seu programa de auto-ajuda e é obcecado pelo sucesso, a mãe Sheryl (Toni Collete), que tenta manter o equilíbrio dentro da família, os filhos Olive (Abigail Breslin), uma garotinha apaixonada por moda e dança que sonha virar miss, e Dwayne (Paul Dano), um adolescente revoltado e profundo admirador de Nietzsche. Há também Frank (Steve Carell), o tio homossexual e suicida que se diz o maior estudioso de Proust, além do avô Edwin (Alan Arkin), pai de Richard e usuário de cocaína.

      Tudo começa quando a caçula Olive recebe uma ligação convidando-a para participar do concurso Pequena Miss Sunshine, porém, a família mora no Novo México e o concurso é na Califórnia. Como estão quebrados financeiramente, não podem pagar por uma viagem de avião, então, em meio a vontade de alguns e brigas de outros, eles decidem ir de carro, mas o único jeito de todos conseguirem ir seria na Kombi amarela e velha de Richard. Assim, a família então vai para a estrada.

     Como já falado, o grande tema da obra é superação, o que fica claro ao se ver a sinopse e a descrição dos personagens. Todo tipo de adversidade acontece durante a viagem, fora os problemas pessoais que cada um já possui. É impressionante ver um filme tratar com tanta clareza temas pesados como homofobia, vício em drogas e depressão, e ainda conseguir fazer isso com humor, sem tirar a mensagem principal da história. Nesse ponto, maior destaque para Frank, o tio, que possui, talvez, as maiores dificuldades entre os membros da família.

     O grande motor do filme são mesmo os seus personagens, muito bem construído e carismáticos, combinados com um elenco genial. É uma tarefa árdua conseguir separar um destaque, todos estão em nível excelente. Alan Arkin ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante no ano seguinte, principalmente devido a imensa importância de seu papel na história, além de que Abigail Breslin foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Pessoalmente, gostei muito do Steve Carell, inclusive acho que ele merecia uma indicação ao Oscar. Além do que já foi citado, o filme também ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original e foi indicado para o prêmio de Melhor Filme.

     Com um humor que chega até a beirar o nonsense, mas sem nunca ser apelativo, e diálogos muito bem feitos e envolventes, Pequena Miss Sunshine traz a perfeita combinação da comédia com o drama, passando uma mensagem inspiradora e emocionante para todo tipo de público.

Por: Vitor Pontes

Ela - Crítica

Nota: 10

Título: Ela (Her)
Gênero: Drama, Romance
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2013
Estreia no Brasil: 14 de fevereiro de 2014
Duração: 126 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Direção: Spike Jonze
Roteiro: Spike Jonze
Elenco: Joaquin Phoenix, Scarlett Johansson, Amy Adams, Rooney Mara, Olivia Wild, Chris Pratt


     Criativo, Ela é o filme com um dos roteiros mais originais dos últimos tempos. Mesmo assim, a ideia da produção pode até chegar a soar ridícula analisando apenas pela sinopse. A história se passa em um futuro sem data definida, talvez não muito distante na vida real, e tem como base Theodore (Joaquin Phoenix), um solitário escritor de cartas, que compra um sistema operacional chamado Samantha (Scarlett Johansson) para o seu computador e acaba por se apaixonar por sua voz e, assim, ambos iniciam um relacionamento.

     Apesar da história se passar no futuro e possuir toques de ficção científica, não há nada parecido com carros voadores ou as típicas invenções tecnológicas que vemos nesses filmes. A ambientação é quase idêntica aos dias atuais, porém mostra diversas pessoas praticamente dependentes da tecnologia, principalmente de seus celulares, criando um clima que traz a sensação de tristeza e solidão, perfeito para retratar visualmente os sentimentos do personagem principal. Os figurinos lembram as décadas de 1950 e 1960, o que é bem interessante.

     A parte técnica é muito bem feita, porém o melhor do filme está em seu espetacular roteiro, vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original. O estranho relacionamento entre Theodore e o sistema Samantha é muito bem desenvolvido, fazendo com que, muitas vezes, quem assiste até esqueça que ela não é uma pessoa real. Mas, apesar disso ser a premissa básica do filme, as mensagens de reflexão que vem através do romance são o ponto mais forte. Será que é possível amar uma máquina? E será que é possível que uma máquina ame? Além disso, nos faz pensar como seria o relacionamento com alguém perfeito, afinal, um sistema artificial não possui defeitos. O afastamento físico entre as pessoas por causa do avanço tecnológico também traz questionamentos, ponto levantado por meio da saudade que Theodore sente de sua ex-esposa (Rooney Mara).

     O elenco vai muito bem, sendo o grande destaque Scarlett Johansson, que apenas com sua voz traz muita personalidade a máquina Samantha e faz com que ela se desenvolva, parecendo cada vez mais real. Mesmo sem sua presença física, o filme é considerado por muitos como o melhor da atriz, chegando a serem feitas campanhas para uma indicação ao Oscar. Joaquin Phoenix mostra sua qualidade de sempre, demonstrando perfeitamente o personagem triste e solitário, mas que cativa quem assiste ao mesmo tempo. Amy Adams é a grande amiga do personagem Theodore, sempre tentando ajudá-lo, mesmo não concordando com certos pensamentos dele.

     Ela é um filme para refletir sobre a tecnologia em nossas vidas e como esta influencia nos relacionamentos. O que é real e o que vale a pena viver fisicamente? Essa é uma questão para a qual cada um terá uma resposta diferente depois de terminar de assistir a produção e pensar sobre. Um belo romance, mas também muito mais que isso.

Por: Vitor Pontes

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

A Menina que Roubava Livros - Crítica

Nota: 6

Título: A Menina que Roubava Livros (The Book Thief)
Gênero: Drama
Nacionalidade: EUA, Alemanha
Ano de produção: 2013
Estreia no Brasil: 31 de janeiro de 2014
Duração: 131 minutos
Classificação indicativa: 10 anos
Direção: Brian Percival
Roteiro: Michael Petroni (Markus Zusak, autor da obra original)
Elenco: Geoffrey Rush, Emily Watson, Sophie Nélisse, Ben Schnetzer, Nico Liersch, Roger Allam


     Adaptação da obra homônima de Markus Zusak, A Menina que Roubava Livros conta a história de Liesel Meminger (Sophie Nélisse), uma garota alemã que vive o drama da Segunda Guerra Mundial. Filha de comunistas, ela é deixada com uma família adotiva, formada por Hans Hubbermann (Geoffrey Rush), e sua esposa (Emily Watson), onde começa a se apaixonar por livros e dividir sua paixão por eles com seu melhor amigo Rudy (Nico Liersch), e Max (Ben Schenetzer), um judeu que vive clandestinamente com sua nova família.

     O grande problema do filme é a forma como ele desenvolve seus personagens, sem complexidade, o que é um desperdício diante do potencial do elenco, principalmente dos experiente Rush e Watson, que poderiam ter adicionado muita carga dramática a história dos pais adotivos de Liesel. Os personagens acabam por ter apenas uma característica (o pai companheiro, a mãe que é a disciplina da casa...), não trazendo a real sensação de serem indispensáveis para a protagonista. A relação entre Liesel e o judeu Max também é mal desenvolvida, com ele aparecendo em pouco tempo de filme, além de que a atuação de Ben Schneitzer não colabora. As crianças vão muito bem em termos de atuação, demonstrando bem a inocência destas em contraste com o período em que vivia a Alemanha. A narração do filme é feita pela Morte, o que é interessante, porém mal aproveitado, já que esta é usada raramente.

     Todo esse problema de desenvolvimento acaba criando um drama muito artificial, que pode até emocionar, mas não com a força necessária para ser marcante. A ambientação também não colabora, não conseguindo criar um clima de tensão que seria essencial para situar o espectador no período de guerra, embora os figurinos consigam convencer.

     A Menina que Roubava Livros acaba sendo um filme com o mesmo problema de alguns baseados em livros, como o Caçador de Pipas: não conseguir manter a emoção da obra original. Um filme simples, sem profundidade, que pode até agradar, mas não emocionar de forma marcante.

Por: Vitor Pontes

O Discurso do Rei - Crítica

Nota: 8

Título: O Discurso do Rei (The King's Speech)
Gênero: Drama
Nacionalidade: Reino Unido
Ano de produção: 2010
Estreia no Brasil: 11 de fevereiro de 2011
Duração: 118 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Direção: Tom Hooper
Roteiro: David Seidler
Elenco: Colin Firth, Geoffrey Rush, Helena Boham Carter, Derek Jacobi, Guy Pearce, Michael Gambon, Timothy Spall, Jennifer Ehle


     Oscar. Apesar de ter o costume de ir bem, a premiação mais importante e badalada da indústria cinematográfica sempre acaba cometendo um exagero e/ou uma injustiça. Indicado a 12 Oscars em 2011, sendo o filme com o maior número de indicações naquele ano, O Discurso do Rei levou 4 estatuetas, incluindo o prêmio mais importante, Melhor Filme, além de Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original e Melhor Ator, para Colin Firth. Porém, o filme realmente merece tudo isso? Merece ser considerado uma obra-prima da sétima arte?

     A história, baseada em fatos, trata da vida do rei inglês George VI, que teve que assumir o trono devido ao falecimento de seu pai, o rei George V, e a abdicação ao cargo de seu irmão mais velho, rei Eduardo VIII. Com a Inglaterra passando por um momento tão conturbado diante da iminente guerra contra a Alemanha nazista, George VI necessita mostrar confiança e personalidade em sua posição, o que é impossível para ele devido a insegurança causada pelo problema de gagueira que possui, tendo esse raízes psicológicas e sociais explicadas no filme. Então, com isto, aparece Lionel, interpretado por Geoffrey Rush, um terapeuta que irá buscar ajudar o rei através de exercícios vocais, chegando a ser um psicólogo para ele.

     O grande destaque do filme é, sem dúvidas, o elenco. Colin Firth mostra que mereceu seu Oscar pelo filme, construíndo um ótimo rei George ao mostrar de forma impressionante as situações de desespero do personagem e fazendo um ótimo trabalho vocal, transmitindo convincentemente sua gagueira. Geoffrey Rush faz um ótimo trabalho como Lionel, sempre mantendo o personagem interessante. Helena Boham Carter vai muito bem, mas não tem tanto tempo em tela.

     Em questões de ambientação, o filme consegue convencer muito bem em relação ao período em que sua história ocorre, ainda mais se considerado o baixo orçamento da produção e o alto custo necessário para um filme de época. O uso da câmera perto do protagonista auxiliou ao tornar os cenários melhores, além de ser perfeito para retratar visualmente a insegurança de George.

     Apenas elogios até aqui, então por que o filme não seria merecedor do Oscar? Bem, porque é um filme bom e apenas isso, a história é bem contada, a parte técnica é bem feita, mas não é uma produção que chega a emocionar ou surpreender. Para um filme com tamanha aclamação entre os membros da academia, é esperado mais, principalmente considerando os fortes concorrentes ao prêmio naquele ano. Muito bem feito e bom de ser visto, mas não uma obra-prima do cinema

Por: Vitor Pontes