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segunda-feira, 27 de julho de 2015

Donnie Darko - Crítica

Nota: 9

Título: Donnie Darko (Donnie Darko)
Gênero: Suspense, Drama, Ficção Científica
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2001
Estreia no Brasil: 24 de setembro de 2003
Duração: 113 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Direção: Richard Kelly
Roteiro: Richard Kelly
Elenco: Jake Gyllenhaal, Maggie Gyllenhaal, Jena Malone, Patrick Swayze, Drew Barrymore, Noah Wyle, Mary McDonell, Holmes Osborne, James Duval, Katharine Ross, Daveigh Chase, Seth Rogen


   Como definir um gênero para Donnie Darko? Geralmente, a produção é classificada como suspense, mas essa categorização é muito rasa para uma obra tão complexa. Donnie Darko é um filme de suspense, terror, ficção científica, comédia e romance que aborda os mais diversos temas como psicologia, religião, violência, laços familiares, relacionamentos, alucinações e até viagens no tempo. Estranho? Muito. Difícil de entender? Também, mas vamos com calma.

     Desenvolvido totalmento pelo novato Richard Kelly, o projeto circulou por diversos lugares até receber o voto de confiança da Flower Films, produtora criada por Drew Barrymore, que se interessou pelo roteiro e decidiu investir em sua realização. Apesar da popularidade atual, vale destacar que Donnie Darko fracassou nas bilheterias. Mesmo com o orçamento pífio de 4 milhões de dólares, a obra não conseguiu cobrir seus gastos, sendo salva pelas saudosas locadoras, onde foi criando fama a partir do boca-a-boca. É difícil entender como ela não foi um sucesso imediato, afinal, estamos falando de um dos melhores filmes dos últimos 15 anos, um clássico do cinema cult que merece ser visto e apreciado com toda a atenção possível.

     Não é possível falar muito sobre a história sem estragar parte do mistério que envolve a trama. Basicamente, os acontecimentos se passam na década de 80 e giram em torno de Donnie Darko (Jake Gyllenhaal), um adolescente que aparenta possuir algum grave problema psicológico e sofre de sonambulismo. Em determinada noite, Donnie é acordado por um assustador coelho gigante. Ao sair de casa para falar com a criatura, uma turbina de avião cai em cima do quarto do garoto, que teria morrido se ainda estivesse ali. O estranho ser lhe diz que o mundo irá acabar em 28 dias, 6 horas, 42 minutos e 12 segundos e, nesse período, Darko deveria obedecer tudo que lhe fosse ordenado. A partir desse dia, estranhos acontecimentos passar a ser constantes na cidade.

     Sobre a já citada complexidade do filme, é importante destacar a necessidade de assisti-lo sem interrupções. Muitos detalhes importantes para a trama estão escondidos pelo cenário, além de simbolismos que podem ser encontrados com um olhar mais atento e que enriquecem a história. Os personagens coadjuvantes, de quantidade considerável, também devem ser muito bem observados, mesmo aqueles que parecem irrelevantes para o desenvolvimento do enredo, pois todos possuem sua importância para o total entendimento do complicado final da produção.

     Embora não seja um filme que prioriza a atuação de seu protagonista, é impossível não se impressionar com o talento do jovem Jake Gyllenhaal. Com apenas 21 anos, o ator já demonstrava todo o potencial que o transformaria em uma das grandes estrelas de Hollywood nos últimos tempos. Ele entrega uma atuação tensa e sombria que combina perfeitamente com o personagem, fazendo com que este roube a cena em todos os momentos que esta presente.

     Sobre os outros integrantes do elenco, destaque para as boas atuações de Jena Malone e Maggie Gyllenhaal, irmão do protagonista na vida real e na trama. Drew Barrymore tem uma curta participação, que tinha como maior objetivo ajudar na publicidade do filme. Pelo lado negativo, impossível não criticar Patrick Swayze, o galã de Dirty Dancing - Ritmo Quente e Ghost - do Outro Lado da Vida. Não esperava uma boa atuação, mas o ator nem ao menos se esforça em seu papel. Esta um completo canastrão.

     Tecnicamente, Richard Kelly surpreende, entregando uma direção competente, apesar de sua falta de experiência. A fotografia oitentista é ótima e fundamental para manter o clima sombrio da história. Os poucos efeitos especiais utilizados não impressionam, mas também não comprometem a experiência. A produção ainda conta com uma trilha sonora incrível, passando por Echo and the Bunnyman, Joy Division, Duran Duran, além do espetacular cover de Mad World, do Tears for Fears, feito por Gary Jules.

     Injustamente ignorado pelas premiações, Donnie Darko é um filme para se assistir várias vezes, pois sempre traz novas surpresas. É uma daquelas obras que é possível debater sobre por horas e não cansar. O público agradece muito a Drew Barrymore, a única que acreditou no projeto e permitiu a realização de um dos novos clássicos da história do cinema.

Por: Vitor Pontes


segunda-feira, 6 de julho de 2015

Férias Frustradas de Verão - Crítica

Nota: 9

Título: Férias Frustradas de Verão (Adventureland)
Gênero: Comédia Romântica
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2009
Estreia no Brasil: Lançado diretamente em DVD
Duração: 107 minutos
Classificação indicativa: 16 anos
Direção: Greg Mottola
Roteiro: Greg Mottola
Elenco: Jesse Eisenberg, Kristen Stewart, Ryan Reynolds, Martin Starr, Bill Hader, Kristen Wiig, Margarita Levieva, Kevin Breznahan, Matt Bush


      A era das locadoras acabou há alguns anos, vivemos a era dos serviços de streaming. Apesar dessa mudança facilitar o acesso aos mais diversos filmes e proporcionar uma boa economia para os consumidores, é difícil negar que a maioria dos cinéfilos (inclusive os mais jovens como eu) sente falta dos infinitos corredores cheios de títulos e daquela ansiedade em chegar ao local e ver se sua produção favorita estava disponível para locação.

     Dentre os ínumeros filmes que enchiam esses lugares, uma quantidade considerável não havia passado pelos cinemas brasileiros, tendo sido lançados diretamente em DVD. Por essa razão, alguns longas sofreram com a grande concorrência de seus "vizinhos de prateleira" e não receberam o prestígio que realmente mereciam. Mas a chegada de serviços como a Netflix permitiu maior divulgação de algumas preciosidades que não tiveram seu devido destaque, ao exemplo de Férias Frustradas de Verão, uma das melhores comédias românticas dos últimos anos.

      1987. James Brennan (Jesse Eisenberg) acaba de se formar no colégio com notas altíssimas e vaga garantida em uma grande universidade de jornalismo em Nova York. Além disso, as férias chegam com a promessa de uma viagem para a Europa que adicionará conhecimento cultural necessário para seu desenvolvimento profissional. Porém, a notícia de que seus pais não possuem mais condições financeiras para pagar os gastos de James mudam todos os planos. Praticamente sem experiência profissional, o jovem só consegue um emprego no parque de diversões Adventureland, onde terá que trabalhar durante o verão para conseguir financiar seus futuros estudos.

     O trabalho do diretor e roteirista Greg Mottola surpreende muito. Afinal, quem esperava que o realizador de Superbad - É Hoje, história regada a sexo e álcool, iria realizar logo em seguida uma produção que trata de amor, amizade e sonhos? A diferença de tons, certamente, acontece em razão desta ser uma "obra biográfica" sobre o verão em que o diretor precisou trabalhar no parque que dá o título original do filme.

     Situado na década de 80, o longa é inteligente ao abraçar o clima da época, utilizando elementos de clássicos juvenis do período como Curtindo a Vida Adoidado e Clube dos Cinco. Uma trama simples com personagens aparentemente estereotipados, mas que vão se desenvolvendo de forma brilhante com o avanço do roteiro. É o tipo de produção que começa como quem não quer nada e prende atenção quando menos se espera.

      Brennan é protagonista, mas divide espaço com figuras tão incríveis que fica díficil deixar de destacar cada uma, principalmente Em (Kristen Stewart, cuja inexpressividade é perfeita para a personagem). O interesse amoroso de James é a típica jovem com pais brilhantes que sofre com grandes expectativas criadas sobre ela. A relação entre os dois é extremamente bem desenvolvida e resulta em uma história de amor sensível. potencializada pela dedicação de seus intérpretes.

     Completando a história, surgem Joel (Martin Starr), o nerd com problemas de relacionamento, Connel (Ryan Reynolds), o mecânico que se arrisca como músico, Lisa P. (Margarita Levieva), a garota de calças apertadas desejada por todos, além dos donos do parque, Bobby (Bill Hader, sempre incrível) e Paullete (Kristen Wiig).

      A trilha sonora merecia uma análise separada. Não tem como não se embalar ao som de clássicos dos anos 80 como Your Love, do The Outfield, Pale Blue Eyes, do Velvet Underground, Just Like Heaven, do The Cure, e Satellite Of Love, de Lou Reed. Um prato cheio para os fãs das baladas da época.

     No fim, Férias Frustradas de Verão é um filme sensível, marcante e cheio de bons diálogos, falando sobre amadurecimento e problemas juvenis atemporais. A conclusão pode até exagerar um pouco na dose romântica, mas não prejudica o resultado de uma obra que, infelizmente, muitos deixaram de apreciar por não passar nas telonas brasileiras.

Por: Vitor Pontes