Nota: 9
Ano de produção: 2001
Estreia no Brasil: 24 de setembro de 2003
Duração: 113 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Direção: Richard Kelly
Roteiro: Richard Kelly
Elenco: Jake Gyllenhaal, Maggie Gyllenhaal, Jena Malone, Patrick Swayze, Drew Barrymore, Noah Wyle, Mary McDonell, Holmes Osborne, James Duval, Katharine Ross, Daveigh Chase, Seth Rogen
Como definir um gênero para Donnie Darko? Geralmente, a produção é classificada como suspense, mas essa categorização é muito rasa para uma obra tão complexa. Donnie Darko é um filme de suspense, terror, ficção científica, comédia e romance que aborda os mais diversos temas como psicologia, religião, violência, laços familiares, relacionamentos, alucinações e até viagens no tempo. Estranho? Muito. Difícil de entender? Também, mas vamos com calma.
Injustamente ignorado pelas premiações, Donnie Darko é um filme para se assistir várias vezes, pois sempre traz novas surpresas. É uma daquelas obras que é possível debater sobre por horas e não cansar. O público agradece muito a Drew Barrymore, a única que acreditou no projeto e permitiu a realização de um dos novos clássicos da história do cinema.
Por: Vitor Pontes

Desenvolvido totalmento pelo novato Richard Kelly, o projeto circulou por diversos lugares até receber o voto de confiança da Flower Films, produtora criada por Drew Barrymore, que se interessou pelo roteiro e decidiu investir em sua realização. Apesar da popularidade atual, vale destacar que Donnie Darko fracassou nas bilheterias. Mesmo com o orçamento pífio de 4 milhões de dólares, a obra não conseguiu cobrir seus gastos, sendo salva pelas saudosas locadoras, onde foi criando fama a partir do boca-a-boca. É difícil entender como ela não foi um sucesso imediato, afinal, estamos falando de um dos melhores filmes dos últimos 15 anos, um clássico do cinema cult que merece ser visto e apreciado com toda a atenção possível.
Não é possível falar muito sobre a história sem estragar parte do mistério que envolve a trama. Basicamente, os acontecimentos se passam na década de 80 e giram em torno de Donnie Darko (Jake Gyllenhaal), um adolescente que aparenta possuir algum grave problema psicológico e sofre de sonambulismo. Em determinada noite, Donnie é acordado por um assustador coelho gigante. Ao sair de casa para falar com a criatura, uma turbina de avião cai em cima do quarto do garoto, que teria morrido se ainda estivesse ali. O estranho ser lhe diz que o mundo irá acabar em 28 dias, 6 horas, 42 minutos e 12 segundos e, nesse período, Darko deveria obedecer tudo que lhe fosse ordenado. A partir desse dia, estranhos acontecimentos passar a ser constantes na cidade.
Sobre a já citada complexidade do filme, é importante destacar a necessidade de assisti-lo sem interrupções. Muitos detalhes importantes para a trama estão escondidos pelo cenário, além de simbolismos que podem ser encontrados com um olhar mais atento e que enriquecem a história. Os personagens coadjuvantes, de quantidade considerável, também devem ser muito bem observados, mesmo aqueles que parecem irrelevantes para o desenvolvimento do enredo, pois todos possuem sua importância para o total entendimento do complicado final da produção.
Embora não seja um filme que prioriza a atuação de seu protagonista, é impossível não se impressionar com o talento do jovem Jake Gyllenhaal. Com apenas 21 anos, o ator já demonstrava todo o potencial que o transformaria em uma das grandes estrelas de Hollywood nos últimos tempos. Ele entrega uma atuação tensa e sombria que combina perfeitamente com o personagem, fazendo com que este roube a cena em todos os momentos que esta presente.
Sobre os outros integrantes do elenco, destaque para as boas atuações de Jena Malone e Maggie Gyllenhaal, irmão do protagonista na vida real e na trama. Drew Barrymore tem uma curta participação, que tinha como maior objetivo ajudar na publicidade do filme. Pelo lado negativo, impossível não criticar Patrick Swayze, o galã de Dirty Dancing - Ritmo Quente e Ghost - do Outro Lado da Vida. Não esperava uma boa atuação, mas o ator nem ao menos se esforça em seu papel. Esta um completo canastrão.
Tecnicamente, Richard Kelly surpreende, entregando uma direção competente, apesar de sua falta de experiência. A fotografia oitentista é ótima e fundamental para manter o clima sombrio da história. Os poucos efeitos especiais utilizados não impressionam, mas também não comprometem a experiência. A produção ainda conta com uma trilha sonora incrível, passando por Echo and the Bunnyman, Joy Division, Duran Duran, além do espetacular cover de Mad World, do Tears for Fears, feito por Gary Jules.

Por: Vitor Pontes