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terça-feira, 30 de junho de 2015

Divertida Mente - Crítica

Nota: 10

Título: Divertida Mente (Inside Out)
Gênero: Animação
Nacionalidade: EUA
Ano de produção: 2015
Estreia no Brasil: 18 de junho de 2015
Duração: 94 minutos
Classificação indicativa: Livre
Direção: Pete Docter
Roteiro: Pete Docter, Meg LeFauve, Josh Cooley
Elenco: Amy Poehler, Bill Hader, Mindy Kaling, Lewis Black, Phyllis Smith, Diane Lane, Kyle MacLachlan, Richard Kind


  Mesmo que a Pixar tenha lançado quatro filmes nos últimos cinco anos, pode-se dizer que desde 2010 não temos um "filme da Pixar". Toy Story 3 foi excepcional, mas demonstrava para onde a produtora, infelizmente, iria seguir: o tentador caminho das continuações. Considerando um estúdio que apresentou algumas das obras mais originais dos últimos vinte anos, já era péssimo aceitar sequências, ainda mais quando elas possuiam uma qualidade tão baixa quanto em Universidade Monstros e Carros 2 (este último para o qual faltam palavras que descrevam meu desgosto ao sair do cinema). Em meio a isso, surgiu Valente, uma história original, divertida, mas ainda sem o "Selo de Qualidade Pixar". Mas esse período ruim parece ter ido embora com o lançamento de Divertida Mente, longa cheio de ideias criativas que marca o retorno triunfal aos bons tempos da produtora.

     Pete Docter, diretor de Monstros S.A. e Up - Altas Aventuras, Meg LeFauve e Josh Cooley foram os responsáveis pelo roteiro mais ousado e complexo já feito pela Pixar. A história se passa dentro da mente de Riley, uma menina de 11 anos, e lá vivem as emoções que conduzem sua vida: Alegria, Tristeza, Nojinho, Raiva e Medo. Quando a família da garota se muda, seus sentimentos começam a ficar confusos, resultando em graves consequências na "sala de controle" em sua cabeça.

    Apesar dos temas abstratos e complexos para crianças, tudo é explicado de forma simples e incrível através do uso de cores e formas. As lembranças da personagem são armazenadas em bolas de gude coloridas, os traços mais marcantes de sua personalidade são parques-temáticos, como a Terra da Amizade e a Terra da Família, os sonhos são criados em um estúdio de cinema, o subconsciente é uma caverna onde vivem os medos... Cada local da mente apresenta características únicas que causam aqueles risos sutis no espectador ao se deparar com as criativas soluções para apresentar conceitos psicológicos de maneira simples, mas, ao mesmo tempo, com profundidade impressionante (destaque para o uso do formato animado para uma brincadeira muito interessante quando os personagens invadem o "pensamento abstrato").

     As cinco emoções apresentadas tem seus momentos de destaque, porém Alegria e Tristeza (dubladas na versão brasileira por Miá Mello e Katiuscia Kanoro, respectivamente) são as protagonistas da história e tem uma relação desenvolvida magistralmente. Inicialmente conflituosas, tendo em vista a constante busca de Alegria em tentar fazer Riley feliz enquanto Tristeza esta sempre deprimida, ambas precisam se unir para resolver os problemas da garota e fazer tudo voltar ao normal.

     Nessa complexa relação entre as emoções, o roteiro acerta em cheio ao não vilanizar a Tristeza, destacando sua importância e passando uma mensagem interessante sobre como devemos lidar com esse sentimento que, muitas vezes, parece incompreensível. Através disso, a obra também consegue falar claramente sobre depressão, embora este tema nunca seja citado de forma direta.

     A única dificuldade que Divertida Mente pode encontrar é ser um sucesso arrebatador entre o público infantil. Por mais que os pequenos possam ficar admirados com a fofura dos personagens e as piadas divertidas, a produção terá um impacto muito maior em adultos, pois estes possuem a bagagem emocional que permite grande identificação com as situações da história. Porém, é incontestável que a Pixar voltou. Divertida Mente é criativo, ousado, emocionante, engraçado e um dos melhores filmes da história da produtora.

Por: Vitor Pontes